A violência contra a mulher continua fazendo vítimas, mesmo com medidas protetivas mais uma vida foi ceifada de forma covarde nesta manhã de terça feira ( 28 ). A vítima de 36 anos, identificada como Elisabeth Aparecida Porta Raimundo, teria sofrido ao menos dois disparos durante o crime.

Segundo relatos, o assassino cruel teria entrado em um ônibus do transporte coletivo que faz a linha de Pde Nóbrega/ Maracá, onde Elisabeth estava, por volta das 5 horas e 40 da manhã, disparando tiros contra ela que ainda tentou correr, saindo do ônibus, mas foi alcançada pelo criminoso que executou a vítima do lado de fora do veículo. Outros passageiros que estavam no interior do ônibus relataram momentos de terror e pânico.

Após cometer o homicídio o homem cujo primeiro nome é Cristiano, fugiu tomando rumo ignorado, porém, momentos depois se suicidou, na região da Avenida República, também na zona Norte da cidade. A Policia ainda se encontrava no local no momento da publicação desta matéria.

Relato de familiares da vítima Elisabete informaram que o assassino tinha passagens pela policia, cumprindo pena por outro homicídio e com uma pena de 15 anos, porém, estava na rua. O mesmo era uma pessoa fria e constantemente ameaçava a mulher que não podia nem atender o celular.

O relacionamento dos dois durou apenas 03 meses e a vítima que morava no zona sul da cidade, não suportando as ameaças e violência fugiu de casa se mudando para o distrito de Padre Nóbrega. Apesar das medidas protetivas, que na realidade não funcionam, Cristiano a localizou na manhã de hoje e sem piedade a matou. Este é o primeiro caso de feminicídio do ano na cidade de Marília.

Casos de feminicídio bateram recorde em São Paulo em 2019

Os casos de feminicídio bateram recorde no estado de São Paulo em 2019, com 154 ocorrências entre janeiro e novembro, de acordo com levantamento e com base em boletins de ocorrência disponibilizados pela Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP).

O número de casos é o maior desde o início da série histórica, em 2015, com a publicação da lei em março, que prevê penalidades mais graves para homicídios que se encaixam na definição de feminicídio, ou seja, que envolvam “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. Os casos mais comuns desses assassinatos ocorrem por motivos como a separação. De lá para cá, o feminicídio é tipificado como crime hediondo.

Os 154 casos representam aumento de 29% na comparação com os 119 assassinatos do tipo contabilizados no mesmo período do ano anterior e já superam todos os 134 casos dessa natureza registrados no estado ao longo de todo o ano de 2018.

A maioria dos crimes tem autor identificado e ocorreu dentro de casa:

  • 79% dos casos (121 dos 154) têm autoria conhecida, a maioria companheiros ou ex-companheiros das vítimas
  • 68% das ocorrências (105 dos 154) ocorreram dentro da casa da vítima
  • 42% dos casos (65 dos 154) tiveram prisão em flagrante
  • A média de idade de todas as vítimas mortas em 2019 é de 36 anos

O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA acompanha a tendência de aumento de feminicídios desde abril de 2019, quando se constatou que os casos de homicídio desse tipo dobraram em meio à queda generalizada de crimes violentos no 1º bimestre do ano passado.

O aumento dos casos de feminicídio vai na contramão da redução de outros crimes violentos no estado em 2019, como o de como homicídios dolosos (quando há a intenção de matar), que contabilizaram queda de 7%, e os casos de latrocínio (roubo seguido de morte), que caíram 33%, de janeiro a novembro.

Já o estupro, crime que, em muitos casos, tem como alvo a mulher, registrou alta de 4% entre janeiro e novembro de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018 (veja tabela abaixo).

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “tem investido para reforçar o combate à violência doméstica em todas as suas vertentes” e que o número de prisões em flagrante cresceu 8,6% de janeiro a novembro de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018″ (leia nota abaixo).

Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, ao que tudo indica, houve um aumento real da violência contra a mulher.

“Ainda que se verifique melhoria da notificação dos feminicídios, o incremento de outras modalidades criminais contra as mulheres indica o aumento da violência de gênero. Reduzir estes números implica em combinar estratégias de enfrentamento à violência no ambiente doméstico e também no espaço público”, diz.

Jacira Melo, diretora-executiva da Agência Patrícia Galvão, afirmou, em outra ocasião, que o aumento das ocorrências dos feminicídios está relacionado “ao crescente empoderamento e aumento da autonomia das mulheres — não só financeira, mas também de acreditar que tem direito a uma vida sem violência —, que fazem com que elas não tolerem mais as contínuas violências e ameaças no relacionamento”.

Para Samira, é preciso fortalecer a rede de acolhimento a mulher e incentivá-las a denunciar.

“Precisamos encorajar essa mulher vítima de violência a denunciar. Os instrumentos não podem ser acionados sem as vítimas. A rede de acolhimento também precisa estar fortalecida. A entrada delas só vai acontecer por meio da assistência social, Saúde, que precisariam funcionar minimamente para fazer com que essa mulher procure a delegacia para denunciar. Se a rede não estiver funcionando, ela dificilmente vai chegar na delegacia ou acionar 190”, disse.

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