Cardiologista intensivista Iran Gonçalves Jr. afirma que o princípio ativo imunogênico pode ter perdido a validade

Após a denúncia do jornal “Folha de São Paulo” de que foram aplicadas vacinas vencidas da AstraZeneca em diversas cidades do país, os governos locais e estaduais estão se pronunciando sobre os lotes; e o ministério da Saúde afirmou que todos os prejudicados devem ser revacinados no prazo de 28 dias após a aplicação.

Tomar o imunizante contra a Covid-19 fora do prazo de validade seria o mesmo que tomar “água” ou placebo, segundo o cardiologista Intensivista Iran Gonçalves Jr.

“O problema de você tomar vacina vencida é que você está tomando água. Não tem o componente ativo capaz de produzir uma resposta imunológica no seu organismo”, explicou neste sábado (3).

O cardiologista descarta a probabilidade de o imunizante vencido causar dano ao organismo.

Iran Gonçalves Jr., cardiologista Intensivista (03-07-2021)

“A resposta é desconhecida e provavelmente não [causa]. Não deve acontecer nada. O que deve acontecer é a perda de validade do princípio ativo, que é o imunogênico que está dentro do frasco. Se isso vai fazer o meu braço ficar inflamado? Infeccionado? Não. Tanto é que não fez, não aconteceu.”

Ele reforça que a principal preocupação desta denúncia é que as pessoas que receberam os lotes vencidos não estão protegidas contra a doença. “As pessoas estão médio vacinadas”, diz.

Em nota, o ministério da Saúde informou que segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI) é necessário que a pessoa volte ao posto de saúde a fim de tomar a vacina em um intervalo de 28 dias entre estas doses.

“Do ponto de vista estatístico, apesar do número parecer grande — estão se falando em 26 mil —, ele é muito pouco. A gente já aplicou alguns milhões de doses”, defende o médico. No entanto, ele confirma que “se for possível localizar estas pessoas, muito provavelmente estará indicado uma nova dose da vacina.”

Conass e Conasems investigarão caso de vacinas vencidas

Conselhos de secretários de saúde vão investigar possível uso de vacina  vencida - Jornal Correio

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) afirmaram em nota nesta sexta-feira (2) que irão investigar todos os relatos de vacinas contra a covid-19 aplicadas fora do prazo de validade. Segundo as entidades, os casos identificados com possíveis irregularidades correspondem a 0,0026% do total, ou cerca de 1 a cada 40 mil.

Em nota, o Conass e Conasems afirmam que não está descartada a possibilidade de erro no sistema que registra as datas de aplicação dos imunizantes e destacam que a plataforma do Ministério da Saúde apresenta instabilidades desde o início da campanha de vacinação.

“Por fim, ressaltamos que todos os profissionais destacados pelos municípios para aplicação das vacinas adotam as boas práticas de vacinação, dentre as quais, a checagem do prazo de validade”, conclui o texto.

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