O ditado é antigo, porém é considerado uma máxima irrefutável. “Contra fotos e fatos não há argumentos“. E assim começamos esta matéria que retrata uma realidade omitida pela administração municipal e não divulgada pela imprensa patrocinada. Aqui tem café no bule e a verdade contida entre as teclas e lentes de nosso material de trabalho.

O cidadão mariliense despertou na última sexta feira (24) com outdoors espalhados pela cidade e matérias em alguns sites da cidade destacando como manchete; “Marília, primeiro lugar no Brasil em responsabilidade social”. Os telefones de nossa redação dispararam para questionar o fato e a pergunta que ficou no ar foi ; “ESTAMOS FALANDO DA MESMA CIDADE ?”.

Mais curioso ainda foi realizar uma pesquisa na revista mencionada e outras similares para constatar a informação e nada encontrar. O fato nos faz lembrar os sucessivos títulos concedidos em uma empresa da cidade de forma no mínimo estranha. Vale lembrar que recentemente tornou-se público o escândalo da fábrica de diplomas e honrarias “comprados” por empresas em troca de jantares patrocinados. A indústria da fake News prolifera na cidade à décadas. Se não é fake, não condiz com a realidade e o cotidiano da periferia da cidade.

Mas, saindo um pouco do contexto e ao mesmo tempo adentrando o mesmo, confrontamos o outro lado, mas, mostrando a realidade que você vê nos semáforos e praças de Marília, nossa reportagem foi a campo para mostra uma triste cena e que evidencia a irresponsabilidade social de uma administração.

Estivemos na primeira quadra da rua Ipê, próxima ao cemitério da saudade. Ao chegar ao local, uma cena deprimente e triste, mas, ao mesmo tempo esperançosa de uma mulher que apenas queria ter um lugar para chamar de “seu”, um trabalho e para nossa surpresa, um pedido de ajuda para se libertar do vício maldito das drogas. ELA PEDIA SOCORRO …

Como de praxe não expomos a identidade real da pessoa e o nome, mas, como algumas pessoas já conhecem a mesma do faróis de nossa cidade, resolvemos publicar sua foto e iniciais devido a complexidade do fato. Ela é A.T.S , 40 anos, sendo que há quatro anos mora em Marília e dois meses neste local exposta aos intempéries do tempo. Acompanhe o bate papo franco e aberto que nossa reportagem realizou com a mesma;

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA: Você esta residindo aqui neste barraco faz quanto tempo ?

RESPOSTA A.T.S = Bom, como eu já falei, estou em Marília faz 4 anos, mas, vim parar aqui faz 3 meses. Infelizmente hoje, não estou em condições de alugar uma casa. O que eu ganho é pedindo no farol, pegando reciclagem e parte da população que me ajuda muito, aliás, eu não tem o que reclamar, pois muita gente me ajuda, mas, tem aqueles que passam pela gente e finge que a gente nem existe. Já tive família, já tive casa, mas, infelizmente hoje estou nesta situação. Quando eu posso, durmo em um hotel ou em uma pensão, mas, no momento este é o local onde posso ficar.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Alguém da prefeitura municipal esteve aqui para oferecer ajuda para você ?

RESPOSTA A.T.S = Para não dizer que não, estiveram aqui os abordadores que vieram aqui só para me tirar do local. Eles falaram que aqui eu não poderia ficar e eu me recusei a sair. Apenas falei para eles que se quisessem me ajudar, liberassem meu bolsa auxilio e minha renda cidadã que foi cancelada. Não era muito, mas, já me ajudava e não seria necessário eu estar morando aqui. Foi o que eu respondi para eles, de outra maneira, aonde estou eu irei continuar.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = O que você realmente queria como ajuda para sair dessa vida ?

RESPOSTA A.T.S = Eu queria uma oportunidade de trabalho. Eu não queria mostrar para a população nem para o governo e prá ninguém, mas, para mim mesma que eu tenho capacidade para ser alguém, porque eu já fui e sou alguém. Não é porque eu moro na rua, virei dependente química que sou um lixo humano. Eu acho que todos merecem oportunidades até que se esgotem as possibilidades. Eu só preciso de ajuda. EU QUERO MUDAR DE VIDA.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Você é dependente química ?

RESPOSTA A.T.S = Sim. Eu sou e não escondo isso, e não tem o porquê eu mentir. Sou uma pessoa muito transparente. Eu estou me esforçando, dando o máximo de mim, dando o que eu não posso de mim, para me libertar, tanto é que até dei uma engordada. Eu estou melhorando e sei que vou conseguir, mas, estou lutando sozinha e sem apoio, sem qualquer tipo de ajuda. Eu quero mudar de vida, eu quero ter meu lugarzinho, eu quero ter minha raiz, eu quero ter a minha vida e quero ser uma pessoa limpa e honrada como Deus me colocou no mundo.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Você sabe fazer de tudo ?

RESPOSTA A.T.S = Sei fazer de tudo e o que eu não souber e sou muito esforçada para aprender. Faço faxina em uma casa e se precisar trabalho até de servente de pedreiro. Eu ajudei minha mãe a levantar uma casa. Já trabalhei em borracharia. Faço de tudo um pouco.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Em resumo, você só queria uma casinha para morar e um lugar para trabalhar ?

RESPOSTA A.T.S = Eu só queria uma casa para chamar de meu lugar, pagando com o suor do meu trabalho. Isto é dignidade. Eu queria um local para receber meu filho. Já fiz muita coisa errada, mas hoje em dia não faço mais, no entanto eu não encontro apoio e nem oportunidade para me reerguer. Eu estou fazendo diferente, mostrando que pode ser diferente. Sem ajuda está difícil, mas, eu tenho que tentar.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Eu estou vendo que você tem onde dormir nessa cama improvisada na calçada, mas, por exemplo; onde você faz comida ?

RESPOSTA A.T.S = Eu não cozinho. Tenho umas panelas que eu ganhei, mas, não tenho o fogão, nem botijão. Para comer eu peço na rua, no restaurante, ganho marmita e assim vai. Um dia tem, o outro não, e vamos levando.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = E para as sua necessidades fisiológicas e para tomar um banho, como você faz ?

RESPOSTA A.T.S = Ai eu tenho que dar meu jeito. Aqui não tem como. Tenho que me virar, improvisar, enfim…

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA = Você teria mais alguma coisa para acrescentar ?

RESPOSTA A.T.S = Eu espero que as pessoas entendam e compreendam o que eu estou passando. Se coloquem no meu lugar por um instante. As vezes as pessoas passam pela gente como se fossemos um nada. Dinheiro não é toda a ajuda, muitas vezes auxilia na nossa sobrevivência, mas, as vezes, a gente só queria um ´pouco de atenção, uma palavra, um bom dia, um abraço, um aperto de mão. Um pequeno de gesto de um ser humano para o outro, TAMBÉM É UMA AJUDA…obrigado……( Com lágrimas nos olhos )

Esse material em áudio, está disponível para qualquer entidade ou pessoa que queira comprovar a veracidade da entrevista, para se evitar toda e qualquer tentativa de “baba ovos patrocinados” que tentem desqualifica-la como fake news.

Por um outro lado, conforme já citamos, pelos quatros cantos da cidade outdoors pagos com dinheiro do contribuinte anunciam uma cidade campeã no ranking de responsabilidade social de cidades até 300 mil habitantes. As perguntas que ficam no ar são ;

  • Aonde foi realizada esta pesquisa ?
  • Quais foram os critérios analisados ?
  • Porque ninguém está encontrando ?
  • Onde podemos encontrá-la para checar os dados analisados ?
  • Distribuição de cestas básicas pode ser considerada como um amplo projeto social ?
  • Quais são as POLITICAS DE INCLUSÃO SOCIAL EXCLUSIVAS DO MUNICÍPIO sem dependência da esfera federal e estadual ?
  • O que pode ser feito por esta mulher que pede socorro e outras pessoas que moram na rua ?

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.