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O governo brasileiro vai pagar o dobro dos europeus pelas 2 milhões de doses da vacina de Oxford/ AstraZeneca contra a Covid-19, feitas pelo Instituto Serum, da Índia. As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) disse que vai pagar pelas vacinas o valor de US$ 5,25 por cada dose, já a UE vai pagar o valor de US$ 2,16 cada, segundo a ministra belga do Orçamento, Eva De Bleeker.

A África do Sul também vai pagar o valor que o governo brasileiro pagou pelas doses. Segundo o governo do país africano, a justificativa foi que os europeus “investiram na pesquisa e desenvolvimento” das vacinas, por isso vão pagar menos pelo imunizante.

As outras 100 milhões de doses da AstraZeneca vão ter um valor inferior ao pago na primeira leva (US$ 3,16 por dose), mas ainda superior ao valor pago pelos europeus. O preço é menor que a primeira leva porque as vacinas serão preparadas no Brasil.

As novas 10 milhões de doses da vacina de Oxford e da AstraZeneca contra a Covid-19, que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) negocia com o Instituto Serum, da Índia, devem chegar ao país em fevereiro.

A informação foi confirmada por Suresh Jadhav, um dos diretores-executivo do Instituto, Mathias Brotero.

Ele explicou que a prioridade do país asiático segue sendo os países vizinhos e outros que ainda não tiveram acesso à vacina, mas uma vez que essa necessidade estiver suprida, deve levar uma semana para as doses chegarem ao Brasil. “Mais tardar até o mês que vem”, disse Jadhav. 

O CEO do Instituto Serum da Índia, Adar Poonawalla, disse que discussões estão acontecendo entre a equipe e a farmacêutica AstraZeneca. Ele ressaltou que o instituto pode providenciar mais doses, mas neste momento o foco é fornecer 2 milhões de doses para todos os países, “queremos acesso equitativo”.

Muitos presidentes e primeiros-ministros entraram em contato com o Instituto Serum para o fornecimento de vacinas, de acordo com Poonawalla.

O CEO explicou que há países que ainda devem receber os imunizantes, como o Canadá, além do continente africano. “Estamos cobrindo uma população de quase 2,5 bilhões a 3 bilhões de pessoas nesses países. Então, acho que temos as nossas mão cheias. Quando terminarmos de fornecer vacinas a esses países, podemos assumir mais países”.

Para o diretor-executivo, as negociações estão em um estágio avançado e envolvem distribuição e transporte. “Estou confiante que em um curto período de tempo nós vamos providenciar a quantidade que o Brasil precisar”, disse Jadhav. 

O pedido das novas doses foi feito na semana passada, segundo o diretor, mas a Fiocruz, parceira brasileira da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca, já havia comunicado o Instituto Serum sobre o interesse há cerca de 15 dias. “A Fiocruz está em contato direto com o nosso departamento de exportação, e eles têm falado diariamente.”

O atraso para a chegada das vacinas, como o ocorrido com as primeiras 2 milhões de doses exportadas ao Brasil, não deve se repetir, uma vez que a orientação do governo indiano para que os países vizinhos recebessem a vacina antes não era aguardada, de acordo com Jadhav.

Além disso, o diretor admitiu que a demora esteve relacionada ao início da campanha nacional de imunização contra a Covid-19. “Não vejo mais obstáculos do lado do governo e obteremos todas as permissões necessárias para garantir o produto ao Brasil, uma vez que que as negociações com o governo brasileiro estiverem finalizadas”. 

Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA)

A produção brasileira das vacinas de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, está atualmente paralisada por falta do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para ativar o imunizante. 

O Instituto Serum da Índia produz o próprio IFA — os 2 milhões de doses que foram entregues ao Brasil chegaram prontos para a aplicação.

Jadhav explicou, no entanto, que o governo brasileiro não fez um pedido de IFA e que não sabe exatamente quais componentes que o Brasil está precisando, mas que a Índia poderia ajudar. “Mesmo se não estivermos produzindo os ingredientes, podemos ao menos compartilhar onde estamos os adquirindo”.

Por causa da demora na chegada do componente, a Fiocruz adiou a entrega das primeiras doses do imunizante, de fevereiro para março.

A presidente da Fundação, Nísia Trindade, disse que o ingrediente deve chegar ao Brasil por volta do dia 8 de fevereiro. Apesar do atraso, o IFA está pronto para envio desde o dia 10 de dezembro, aguardando licença para exportação por parte do governo chinês.

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