O coronavírus virou de cabeça para baixo o quadro que se esperava para o mercado de trabalho. Mas há economistas mais e menos pessimistas
O mercado financeiro vem tentando, nas últimas semanas, calcular os impactos econômicos do novo coronavírus. As perspectivas para o crescimento global estão sendo revistas para baixo e o Brasil, que mal saiu da última recessão, está ameaçado de mergulhar novamente no campo do PIB (Produto Interno Bruto) negativo.
O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA te mostra aqui as estimativas de crescimento de até 2,5% para este ano derreteram e agora já tem economistas prevendo queda de até 7,7% da economia brasileira.
Junto com o PIB, muitos empregos devem ser arrastados ladeira abaixo.
“O desemprego vai explodir. Nessa estrategia de isolamento geral as empresas não vão ter dinheiro para pagar salário, consequentemente vão ter que demitir seus trabalhadores”, afirma José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.
A taxa de desemprego vinha caindo lentamente nos últimos meses e chegou a 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ( Pnad Contína ), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os economistas esperavam que ela continuaria em queda com a economia voltando a crescer em um ritmo mais forte.
Mas o coronavírus trouxe muita incerteza e virou de cabeça para baixo o quadro que se esperava para o mercado de trabalho. A dúvida é sobre qual será o tamanho do desemprego e quando será o pior período.
Os primeiros e mais afetados pela falta de emprego devem ser os trabalhadores informais — aqueles sem carteira assinada ou empreendedores sem registro.
Esses profissionais representam 40,7% da força de trabalho ocupada no país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, quase metade dos trabalhadores do país se veem hoje na berlinda com a quarentena que vem sendo implementada em diversas cidades do país. E o pior: sem data para acabar.
Março, abril e maio devem ser os meses com mais demissões de trabalhadores com carteira assinada, com o fechamento do comércio e dos serviços, segundo Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria.
“Os próximos três meses serão os mais complicados para o mercado de trabalho. As demissões já começaram e vão subir até maio“, diz Jensen.
Ele projeta que a taxa de desemprego atingirá seu ápice em junho, quando subirá para 13,5%, e terminará o ano em 12,9%. Ou seja, segundo suas expectativas, o Brasil terá 14,5 milhões de desempregados em junho e 13,8 milhões em dezembro.
“A interrupção da atividade econômica mais forte será nos próximos 75 dias. O desemprego vai aumentar nesse período e vai recuar em seguida, quando a economia começar a voltar à normalidade. Mas se tivermos um período de restrição de circulação maior, o desemprego se estenderá mais”, diz.
Para Alexandre Almeida , analista de economia da CM Capital, o nível de desemprego deve acelerar para o patamar de 16%, também com picos medidos em junho.
Para Jensen, no pior cenário, a taxa de desemprego chegaria a 19% e o país teria 20 milhões de desempregados em algum momento deste ano, provavelmente entre julho e setembro.
Camargo, da Genial, projeta um número semelhante em seu cenário mais pessimista para o ano, com taxa de desemprego de 18%.
DIRETO DA REDAÇÃO COM FONTE DO VALOR INVESTE.