Um “caminho sem volta”, assim consideram os especialistas no aceno de Geraldo Alckmim no palanque ocorrido no badalado restaurante A Figueira Rubaiyat na noite de ontem.

A percepção de políticos ouvidos e especialistas é de que o simples fato de admitir a possibilidade de aliança com Lula já “carimbou” a imagem de Alckmin, principalmente em São Paulo, onde o ex-tucano também cogita disputar o governo do Estado no próximo ano.

Aliados e adversários de Alckmin avaliam que, caso ele recue ou o próprio PT desista da ideia de tê-lo como vice de Lula em 2022, “o estrago já está feito” para a imagem do ex-tucano no estado, conhecido por ter maioria antipetista, principalmente o interior.

Fato é que, neste domingo (19) à noite, desfilavam pelos seus salões desde políticos como Arthur Virgílio, que foi candidato nas prévias do PSDB para ser o representante do partido nas eleições presidenciais, a representantes do MST, como João Paulo Rodrigues, e da Coalizão Negra por Direitos, como Douglas Belchior. Era a tal frente ampla, quase amplíssima, pregada por Flávio Dino, agora no PSB, e por outras lideranças políticas que se materializava.

O restaurante foi dividido em dois espaços, um que tinha o palco ao centro e onde estavam reunidos aproximadamente 400 dos 500 convidados. E um salão menor, meio que uma área vip, onde se encontravam os outros cem em torno de Lula e Geraldo Alckmim, o casal principal da noite.

Este era o grande fato político, o primeiro evento público da dupla. Mas o foco das atenções era totalmente Lula. Era ele que todos os presentes buscavam. Desde aqueles que queriam tirar uma selfie de recordação aos que buscavam uma aproximação para alavancar seus projetos políticos regionais.

Aliás, o papo era 100% de política nacional. Mesmo a vitória de Boric no Chile não rendeu muita conversa. Só houve algum comentário naqueles minutos mais próximos do anúncio dos resultados. Depois, só articulações regionais e previsões sobre o cenário nacional.

Na cabeceira da mesa principal estava o ex-governador de São Paulo Márcio França, que certamente será o candidato da frente na disputa ao governo do estado de São Paulo. Lula e Alckmin sentaram com Janja e Lu Alckmin um de frente para o outro. Haddad e Ana Estela estavam próximos, como também o presidente do PSB, Carlos Siqueira, que estava acompanhado do prefeito do Recife, João Campos.

Ainda na disputada mesma mesa estava a deputada federal Marília Arraes que disputou uma eleição duríssima com Campos, onde sobraram acusações de deslealdade. Marília enfrenta agora um novo desafio, ela quer ser candidata ao Senado pelo PT, mas está numa batalha interna para consolidar sua pretensão.

França, aliás, brincava com isso. Ao ser indagado se o namoro entre Lula e Alckmin tinha dado match, respondeu que a primeira parte do projeto já estava praticamente consolidada, mas que ainda faltava a segunda. Ou seja, que o PT decidisse apoiá-lo em São Paulo.

Também estava presente na mesa principal do evento Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e atual secretária de Relações Internacionais do governo Ricardo Nunes (MDB). Foi de Marta uma das frases mais interessantes sobre o sucesso da chapa Lula e Alckmin. Ao ser indagada sobre se achava que ia dar certo, a ex-prefeita respondeu: “Já deu certo, porque mesmo que não venha se concretizar o movimento que se fez é que possibilitou que um encontro como esse acontecesse”.

O Rio de Janeiro estava representado por várias lideranças: Marcelo Freixo (PSB), o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), o deputado federal Alessandro Molon (PSB) e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB). Freixo está entusiasmado com sua campanha e diz que no momento está tentando ampliar seus apoios no segmento evangélico e também entre os profissionais de segurança.

Numa mesa ao lado da de Lula, estava o presidente do PSD, Gilberto Kassab, ao seu lado o sindicalista Ricardo Patah e à sua frente, o presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz. Ao ser indagado se achava que Alckmin poderia se filiar ao PSD ao invés de ir para o PSB, Aziz disse que só se ele fosse candidato ao governo. “Para fechar chapa com o Lula não, porque já temos um candidato a presidente, o senador Rodrigo Pacheco”, afirmou.

Da região Norte, quem também desfilava pelos corredores da sala vip do evento era o senador Randolfe Rodrigues, da Rede. Rodrigues chegou a ser lançado pré-candidato à presidência por Paula Lavigne, mas ontem parecia animado em disputar o governo do seu estado. O ex-prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, que é filiado ao PSDB, deve sair do partido. Mesmo sendo muito amigo de Alckmin seu destino não deve ser o PSB de Márcio França. E sim o PSD de Kassab.

Ao final da festa, enquanto Lula discursava o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin ouvia com atenção ladeado por dona Lu, Márcio França e Gabriel Chalita. Aliás, Chalita garantiu que não será candidato a nada em 2022. E Alckmin quando foi perguntado sobre o quão quente estaria a formação de uma chapa dele com Lula, respondeu que tudo tem o seu tempo. E que agora era hora de conversar.

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