Alvo da bancada evangélica na Câmara, o projeto que libera os jogos de azar no Brasil passou a sofrer resistência também de integrantes da bancada da bala, que tentam adiar a votação para o ano que vem. O grupo ligado ao setor de segurança pública defende ajustes no texto, que prevê regulamentar atividades hoje proibidas no país, como cassinos e o jogo do bicho. O problema para esses parlamentares, no entanto, são os bingos.

“O pessoal tem muita resistência (aos bingos) porque a experiência que tivemos foi desastrosa. Acabou não tendo uma transparência na arrecadação, acabou viciando muita gente da classe baixa”, disse o coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública, deputado Capitão Augusto (PL-SP). A pedido dele, que é policial militar reformado de São Paulo, uma audiência pública para discutir o tema vai acontecer no próximo dia 15. A data é a mesma que o relator do projeto, Felipe Carreras (PSB-PE), previa como limite para que o texto pudesse ser votado em plenário.

Augusto disse não ser contra a ideia de liberar os jogos de azar, apenas pede alguns ajustes. Ele afirmou, por exemplo, que não vê problema em legalizar cassinos e jogo do bicho. “Os cassinos normalmente são para as classes A e B, é um outro ambiente, um custo muito mais alto. Essa classe A está indo jogar no Paraguai, Uruguai, Argentina, Las Vegas, em alto-mar, onde é liberado o jogo.”.

Hoje é proibida a exploração comercial dos bingos, sendo permitida apenas a prática recreativa. Quanto ao jogo do bicho, Augusto considera apenas mais uma modalidade similar às apostas reguladas hoje pela loteria. “A questão do jogo do bicho seria um jogo a mais para ser incluído na nossa Caixa Econômica Federal, nas loterias do Brasil. Tiraria uma parcela boa das facções criminosas que andam explorando isso aí sem que governo arrecade qualquer imposto.”.

O relator do projeto admitiu a possibilidade de retirar a liberação de bingos do texto, mas afirmou que ainda não há decisão tomada sobre o assunto. “O texto já está praticamente pronto, a gente está vendo alguns detalhes pontuais”, disse Carreras. Ele argumentou que, caso o seu texto seja aprovado, haverá um aumento na arrecadação porque os jogos passarão a pagar impostos. “A gente pensa em ter uma Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre os jogos e um pedaço (da arrecadação) vai ser distribuído para cultura, esporte, estados, saúde, Fundo Nacional de Segurança Pública e uma parte para financiar a Embratur, que não tem dinheiro para nada para fazer promoção turística no País”, afirmou.

O Lobby e os contrários.

Dentro do Congresso, os principais articuladores da iniciativa são parlamentares do Centrão ligados ao setor de turismo ou de Estados litorâneos, que possuem infraestrutura compatível para abrigar cassinos integrados a resorts. Por outro lado, críticos afirmam que o vício nos jogos prejudica as famílias e vai de encontro a valores religiosos. Além dos evangélicos, a liberação dos jogos também enfrenta resistência dos auditores fiscais.

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