Passageiros demonstram insatisfação com o preço da passagem, a demora dos coletivos, a precariedade e a superlotação em horários de pico.

Em Marília, mais de 30 mil passageiros utilizam o transporte público ao dia, conforme dados anteriormente apresentados. Para atender a demanda, uma frota de veiculos foi colocada para atender as linhas de ônibus na Capital Nacional do Alimento.

No entanto, a qualidade dos serviços ofertados e a quantidade de usuários são o motivo de inúmeras reclamações ao Jornal do Ônibus de Marília, principalmente no dia da versão impressa do mesmo. É rotineiro a abordagem dos usuários junto às divulgadoras e a coordenação de distribuição para relatar as denuncias.


Para constatar as reclamações dos usuários, nossa equipe de reportagem dedicou uma semana de surpresa somente para checar “in loco” as denuncias.

No terminal urbano, após denuncia do Jornal, foi realizada troca da iluminação, no entanto diversos passageiros relataram insatisfação, sendo o preço da passagem, a demora dos coletivos, a precariedade, a superlotação em horários de pico e a falta de acessibilidade a pessoa cadeirante em paradas de ônibus os motivos mais citados.


Das inúmeras pessoas insatisfeitas, a pedagoga Ivonete J. Monteiro, de 31 anos, é uma delas. Ela contou que às 6h30 pega o primeiro coletivo em direção ao trabalho, mas de forma desagradável, devido à superlotação. “É revoltante ter que esperar tanto tempo na parada, pagar uma passagem abusiva e ir ‘engavetada”, reclamou.


Ainda sobre a superlotação, a pedagoga questionou o porquê de não haver fiscalização, já que cada coletivo tem uma capacidade máxima. “Deveriam fiscalizar isso, sempre é essa situação, é um passageiro em cima do outro, sempre com mais gente do que o permitido, fora os “famosos inconvenientes” que aproveitam a situação para assediar”, disse.


Sobre a demora, Ivonete contou que já chegou a esperar mais de uma hora em paradas de ônibus, principalmente nos finais de semana, quando a frota é reduzida drasticamente. “Já passei mais de uma hora esperando na parada. No final de semana é pior ainda”, afirmou.

Enquanto conversava com nossa equipe de reportagem, a passageira esperava o coletivo de seu bairro ( Altos Palmital ). Ao todo, foram 40 minutos de espera.


O passageiro sente no bolso ter que pagar R$ 3,80 por viagem. “É abusivo o preço cobrado, não tem qualidade, os horários são inconvenientes, não há contrapartida de conforto e a noite também diminuem os horários”, relatou.
A falta de informações nas paradas de ônibus também foi denunciada pela pedagoga.

Para ela, deveria existir informativos com as linhas de ônibus nas paradas. “Ainda sinto dificuldades quando preciso pegar um coletivo, não tem informativo exposto nem no terminal, quando preciso pegar em uma parada tenho que pedir informação das pessoas ou, pesquisar no google”, comentou.


Ainda sobre as paradas, a pedagoga frisou a falta de acessibilidade a cadeirantes. “Já presenciei pessoas tendo muita dificuldade pra subir nas paradas porque não tinha rampa. Fazem rampas nas esquinas no centro da cidade, mas, os bairros ficam esquecidos e principalmente próximo aos pontos de ônibus”, declarou ela.


A dona de casa Luzinete Borges, 42 anos, é cadeirante e afirmou ter dificuldades quando se desloca até as paradas. Segundo ela, só não se torna mais difícil porque sempre tem um familiar para auxiliar. “Tenho que pegar de dois a quatro ônibus por dia e tem abrigo que não existe rampa por perto, assim fica muito complicado”, lamentou.


Durante o trajeto que a equipe de reportagem do Jornal do Ônibus de Marília fez em coletivos, o estudante Thiago F. S. Bressanini, 20 anos, manifestou sua insatisfação. Ele disse perder quase quatro horas ao dia tanto na espera quanto nos trajetos do transporte público. “Pego quatro ônibus ao dia. Já cheguei a ficar mais de uma hora esperando”, disse. “A maioria dos ônibus parece carroça quando passa nos buracos, bancos pequenos e apertados e sem qualidade. Existem poucos que têm ar-condicionado e somente a empresa Sorriso de Marília tem WI-Fi em algumas linhas”, acrescentou.


O estudante também reclamou da atual tarifa paga. Mesmo pagando a metade, ele disse que o valor é muito alto para quem usa o coletivo diversas vezes ao dia. “Eu pago como estudante, no entanto, ainda é um valor alto pra quem só estuda”, argumentou. “Eu tenho aula todos os dias, o dia inteiro, eu opto em não ir em casa no horário de almoço para não ter que gastar mais com transporte e, seu eu fizesse um curso por fora, teria que pagar inteira”, finalizou o estudante.


Pelo que apuramos, no período de férias escolares existe uma redução natural da quantidade de passageiros, já que a maioria das pessoas que utiliza o transporte coletivo é estudante e, nesse período, a frota de ônibus é reduzida.


Em março último, o Prefeito Municipal concedeu um aumento de 26.6% elevando a passagem de R$ 3,00 para R$ 3,80 e, em nota ainda informou que as empresas concessionárias de transporte coletivo iriam acrescentar 30 novos ônibus em suas frotas, oferecendo mais horários e criando novas linhas. Passados mais de 120 dias, nada ocorreu e por incrível que pareça, a situação piora a cada dia.


Ainda dentro da proposta deste Jornal de ser um elemento de transformação na cidade e não somente para divulgar noticias ou registrar criticas, nos atentamos pelo capitulo da mobilidade urbana do Plano Diretor da cidade. É necessário haver uma discussão mais ampla os novos abrigos de ônibus, rampas de acessibilidade, corredores de ônibus, itinerário de Linhas inteligentes e principalmente a construção de inter modais para agilizar o tempo de acesso para os usuários e também beneficiar as empresas.


Recentemente, o Promotor Drº José Alfredo de Araujo Santana realizou um “tour” em uma das linhas ( Pde Nóbrega ) para averiguar as reclamações, mas, até a edição desta matéria nenhuma medida havia sido tomada. Segundo suas declarações, se faz necessário que, o usuário registro os fatos e encaminhe para provocar o ministério público, para que, somente assim, algo possa ser feito em favor da população.


Enquanto veiculo de comunicação que mais se identifica com as Empresas do Transporte Coletivo e com os Usuários, o Jornal do Ônibus lamenta a falta de uma fiscalização mais eficaz e da inoperância do SAF ( Sistema Auxiliar de Fiscalização ) para o levantamento de todas as linhas e a verificação das denuncias que não são de hoje.

Não existe uma Central Atendimento do tipo 156 ou 0800 para acolher denuncias e sugestões de forma independente o que acaba isolando o usuário e inibindo providencias para que as medidas necessárias sejam tomadas.


Essa é apenas a primeira parte de um série de matérias que realizaremos em defesa da construção de um tranporte publico de qualidade, pois, como veiculo de imprensa imparcial e sem vinculos comerciais ou politicos, pretendemos ouvir as partes envolvidas mesmo sabendo dos entraves que impedem o nosso acesso e posteriormente realizar visitas periódicas em determinadas linhas para o ouvir a classe trabalhadora que faz uso deste meio de transporte.

Desde já, nos colocamos à disposição das empresas e da administração municipal para quaisquer esclarecimento nas próximas edições.

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