Poder de compra do consumidor diminui assustadoramente nos últimos meses devido a pandemia e alta avassaladora dos preços.

Alguns importados estão mais caros por causa da alta do dólar, mas outros produtos não possuem relação com a moeda americana e, mesmo assim, vêm apresentando altas significativas, de até 50%

A redação do JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA nos últimos dias vem recebendo inúmeras ligações questionando o aumento abusivo de preços nos supermercados de nossa cidade. Muita gente está reclamando dos preços mais altos justamente nesse período de pandemia de coronavírus, caracterizando um oportunismo. 

Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o preço de muitos alimentos considerados essenciais sofreram aumentos, nos supermercados em geral com reajustes em percentuais fora da realidade.

Por causa disso, muitas famílias fizeram uma corrida nos estabelecimentos, o que pode ter contribuído também para o aumento no valor de alguns itens. O feijão, que é o vilão da vez, está custando em torno de R$ 9,00, além do arroz e leite, que tiveram uma alta de 30% no valor. 

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Além dos produtos da cesta básica, as verduras sofreram um pequeno aumento. A cenoura tem sido a vilã da categoria, com uma média de aumento de 15 a 20%.

Alguns deles estão mais caros por causa da alta do dólar. No entanto, com relação aos produtos que não são importados, na grande maioria dos casos não existe uma justificativa para a alta.  É o caso, por exemplo, do açúcar. Em alguns estabelecimentos, o pacote de 5 kg do produto, que era achado, em média, por R$ 9, agora está custando R$ 15.

Já produtos importados ou que são fabricados a partir de insumos que vêm de fora do país até têm justificativa para a alta nos preços, devido à alta do dólar. É o caso, por exemplo, do trigo, usado para a fabricação de pães, bolos e biscoitos. Metade do trigo consumido no Brasil é importada.

Há pouco tempo, nossa redação denunciou os abusos em relação aos preços praticados na venda do álcool gel, não só nos supermercados, mas, também nas farmácias e outros estabelecimentos. Foi realizada então, uma varredura pela equipe do PROCON e algumas notificações.

No caso específico do supermercados, até o momento não houve nenhuma ação de qualquer órgão em defesa do consumidor que, como defesa, procura registrar seu protesto nas redes sociais. Até a manhã desta quinta feira ( 03) era grande as publicações registrando a alta abusiva dos preços.

Em alguns casos, produtos fabricados no Brasil, sem relação com o valor do dólar, já estão até 50% mais caros. Os proprietários alegam que os fornecedores da indústria alimentícia foram os que aumentaram os preços.

Pelo que apuramos, a justificativa deste aumento é, principalmente, pelo aumento das exportações destes produtos e de suas matérias-primas. Como o dólar está alto, a exportação acaba sendo mais lucrativa para as empresas e, infelizmente, a política fiscal brasileira incentiva esta prática.

Em março, inicio da pandemia e da quarentena a Associação Paulista de Supermercados (APAS) confirmou que, alguns produtos teriam apresentado elevação de preços. Segunda a entidade, seriam itens básicos, como batata, feijão, leite, cebola, alho e arroz. Os reajustes na ocasião chegaram a 70%. Relembre os reajustes já praticados a cerca de 6 meses atrás.

Principais elevações de preços registradas pela APAS no mês de Março:

ProdutosReajustes
Limão72,1%
Batata64,5%
Feijão50,3%
Leite36,4%
Cebola36%
Molho de tomate32,55%
Alho18%
Arroz9,8%

A APAS, em nota, afirmou que os supermercados não definem preços de produtos. “Como o elo entre os produtores e os consumidores finais, os supermercados repassam o custo dos produtos que adquirem da indústria”.

Os preços em supermercados fecharam o mês de agosto com alta de 0,32%, segundo o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista dos Supermercados (Apas) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

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Dentre os alimentos que apresentaram maior alta em agosto, a vagem aparece com variação de 29,71%, enquanto o preço do limão avançou 25,27%. No acumulado do ano, no entanto, o destaque fica com a cebola, cujo preço saltou 74,1% desde janeiro.

Em 12 meses, a alta é de 148,5%.A carne bovina aumentou 2,09% em agosto, com destaques para os cortes de alcatra (2,1%), contrafilé (3,3%) e acém (4,11%). A carne suína teve aumento de 0,8% e as aves subiram 3,5% no mesmo mês.

A explicação, segundo a Apas, é a variação cambial, com o dólar alcançando valores próximos a R$ 4,15, o que faz o produto brasileiro ser muito competitivo.”As exportações de carne nos sete primeiros meses cresceram 20%, sendo que China, Egito e Rússia contribuíram para o resultado”, diz a Apas. Não foi divulgado nenhuma nota em relação a disparada de preços neste inicio de setembro.

Denúncia de abusos

Para evitar práticas abusivas de aumentos injustificados de preços pelos fornecedores do setor, a associação do setor diz estar trabalhando em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça.

Foi o que a ABRAS fez em relação ao setor de queijos e laticínios. A associação comunicou a Senacon e Seguridade Pública, sobre práticas abusivas de aumento de preços por parcela da indústria.

Para a Abras, a justificativa válida para alta de preços seria em torno de 5% a 7% de reajuste no valor dos produtos devido à estiagem elevada, o que reduz a produção, além do aumento de custo, por conta da elevação do preço do milho; e abate de vacas, por conta do aumento na arroba.

Contudo, o setor está recebendo tabelas com reajustes acima de 30%. O levantamento foi feito com base nas informações gerais dos supermercadistas.

A Abras diz que não compactua com a elevação injustificada de preços, principalmente, em período de fragilidade da população. Qualquer reclamação relacionada ao tema, a entidade nacional disponibiliza o e-mail contato@abras.com.br .”

Dentre os alimentos que apresentaram maior alta em agosto, a vagem, com 29,71%, e o limão, que avançou 25,27%

Tenha calma e evite prejuízos

Para o professor de finanças da PUC-SP, Fábio Gallo, frente a esse cenário o recomendado é fazer uma lista de compras apenas do que é necessário para não ter prejuízos e gastar além do que o orçamento pessoal permite.

“A recomendação é evitar sair comprando sem destino certo e pesquisa, sem cuidados e pegando o que tiver pela frente”.

É necessário ainda evitar o pânico e estoque de alimentos, diz o professor. “Se todos fizerem estoque, vai faltar”. A APAS também recomenda que consumidores realizem compras conscientes, pensando sempre na coletividade.

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