Um declaração surpreendente e preocupante aconteceu na tarde de hoje durante a audiência pública ocorrida na Câmara Municipal, na tarde desta quarta-feira (29). A presidente do Ipremm (Instituto de Previdência do Município de Marília), Mônica da Silva, afirmou literalmente que o órgão está “indo ladeira abaixo”.

O principal problema apontado por ela é o déficit entre pagamentos e contribuições de aposentadorias, em relação aos servidores mais antigos. “Esses mais antigos avançam nas contribuições dos mais novos e isso não é justo”, complementou de forma indignada. Ela chegou a declarar que o Ipremm indicará “algumas medidas para tentar sanar o grave problema” , mas, não chegou a citar quais.

A presidente do Ipremm se referiu também ao cálculo atuarial informando que o Instituto necessitaria de R$ 2,4 bilhões para finalizar os pagamentos de aposentadorias e pensões de todos os 7.282 servidores municipais até o ano de 2039. Ela fez um apelo aos vereadores clamando pela responsabilidade no momento de se aprovar concessões e benefícios salariais para os servidores, alertando para a necessidade sempre de estudos prévios e, ainda sugeriu reformas no sistema do Iprem chegando a mencionar a modalidade de capitalização.

O sinal de alerta foi soado quando a mesma relatou a todos os presentes as quedas de patrimônios e repasses do órgão e que nos primeiros quatro meses deste ano o Instituto teve um aumento de cerca de 13% ou quase R$ 1 milhão na folha de pagamento, incluindo o reajuste salarial de 5% aos servidores. Monica declarou; “Precisamos de R$ 20 milhões no caixa hoje. Nem tenho coragem de passar isso ao prefeito”. O caixa do Ipremm hoje tem cerca de R$ 16 milhões. “Se não houver reformas, não haverá dinheiro para pagar os servidores ativos e nem os inativos” complementou.

A presidente do instituto, afirmou que o Ipremm tem hoje em números atuais R$ 280 milhões (dívidas da Prefeitura) “de uma massa falida” e, que a Prefeitura deveria repassar atualmente R$ 9,3 milhões mensais para o Ipremm. Hoje, o repasse é de apenas R$ 2 milhões.

Para complementar a informação, a dívida atual da Prefeitura com o Ipremm é de cerca de R$ 90 milhões (entre aportes repasses patronais). Os pagamentos de parcelamentos de dívidas de cerca de R$ 200 milhões deixadas por gestões passadas estão em dia.

Também presente a audiência, Fabiano Monteiro, diretor financeiro do órgão mostrou que os valores de pagamentos de aposentadorias e pensões aumentaram cerca de R$ 900 mil apenas entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018. “Assustador! Uma angústia constante que se agrava a cada dia”, finalizou o mesmo. 

“Marília vai quebrar em três anos”.

Compareceu também a audiência, o secretário de Governo da Prefeitura, Alysson Alex de Souza e Silva, e também fez declarações desanimadoras e preocupantes para os servidores. “O colapso está à porta e a Prefeitura vai quebrar em três anos. Isso é uma realidade, vai quebrar e é assustador” afirmou. Como se uma parábola, ele comparou o Ipremm à uma pirâmide  que está tombando a cada ano e, que irá cair se algo não for feito.

Como Secretário de Governo, Alysson sugeriu a criação de uma comissão para estudar o colapso do Ipremm “e pensar uma reforma geral no órgão” o mais rápido possível, comparando as finanças do Iprem a um cobertor de pobre, cobre uma ponta, descobre a outra.

Em dezembro de 2016 a folha de pagamento mensal do Ipremm era de cerca de R$ 6 milhões e hoje está em torno de R$ 9 milhões. “Estamos vivendo nesta gestão o pior momento da economia, com frustração de receitas e aumento de despesas”, disse o secretário. “Com esses números apresentados pela presidente do Ipremm confesso que entrei em choque”, finalizou o secretário. Ao final da audiência era notório o sentimento de apatia e preocupação na fisionomia dos presentes. Sem dúvida, uma informação que preocupa e muito.

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