A primeira oitiva da CPI da Covid convocada pela comissão de enfrentamento da pandemia da Câmara Municipal de Marília ocorreu na manhã de hoje (21), e como se poderia esperar, o que era para ser apenas uma sessão para esclarecimentos, acabou se tornando um verdadeiro palco de discursos inflamados e ataques ásperos a alguns profissionais da imprensa, rotulados pelo prefeito Daniel Alonso como “Amigos do Barrabás”, “canalhas” e “Fake News”.

Em meio as perguntas e respostas uma cena acabou chamando a atenção de todos, ou seja; um dos assessores do prefeito municipal, a quase todo momento questionava o presidente da CPI, vereador Élio Ajeka e, até chegou a se indispor com um dos vereadores presentes que também cobrava algumas informações. Era notório o nervosismo do prefeito municipal que em alguns momentos se exaltou e criticou veemente alguns veículos de comunicação que, segundo ele, fazem oposição ao seu governo.

A até compreensível falta de experiência dos membros da CPI na condução do processo, acabou provocando a impaciência do prefeito que em certos questionamentos alegou “perda de tempo” visto que, os dados públicos já estavam disponibilizados no Portal da Transparência de Marília e apresentados em audiência pública da Secretaria da Saúde.

Mesmo assim, o presidente Élio Ajeka procurou da melhor maneira conduzir o depoimento com perguntas pertinentes e por diversas vezes interrompendo a fala do assessor especial do prefeito. Mesmo diante das respostas, o mesmo procurava extrair outras perguntas sobre o item levantado para alicerçar o raciocínio sobre a questão.

O presidente questionou também sobre os reais valores recebidos pelo município e por qual razão houve uma troca do secretário da saúde logo no inicio da pandemia. Alonso disse que a Prefeitura recebeu cerca de R$ 40 milhões para investimentos diretos no combate à pandemia e outros cerca de R$ 30 milhões para recompor perdas de receitas, sem vínculos com a pandemia. Já sobre a troca de secretários, o mesmo falou que Ricardo Mustafá pediu demissão porque tinha o objetivo de sair candidato.

A vereadora Vânia Ramos, embora um pouco mais discreta, também procurou elaborar perguntas técnicas na condução da administração municipal e da secretaria municipal de saúde, deixando bem claro, que a intenção da CPI não era promover um caça as bruxas, mas sim, encontrar respostas para serem apresentadas a população e principalmente para os familiares das vítimas. Um dos questionamento foi sobre quantos equipamentos foram comprados com os recursos oriundos do governo federal.

Já o vereador e relator Ivan Negão, se prendeu a ler um texto previamente editado para sua apresentação e definição do seu entendimento sobre a CPI realizando apenas dois questionamentos; um deles para saber de quantas reuniões o prefeito havia participado do comitê de enfrentamento a saúde na cidade.

O grande destaque, ficou para o vereador Agente Federal Junior Féfin que realizou importantes questionamentos para saber se o prefeito tinha conhecimento de algumas irregularidades que estariam ocorrendo no PA sul, como por exemplo; a falta de equipamentos básicos como máscaras para os funcionários e luvas em tamanho adequado para os médicos.

Outro questionamento importante foi quando o mesmo vereador perguntou ao prefeito se o mesmo tinha conhecimento se um assessor especial de seu estafe tinha comparecido na câmara municipal e intimidado os componentes da CPI e se havia sido tomado alguma providência administrativa. O prefeito alegou desconhecer o fato.

Outro fato que chamou a atenção foi afirmação do prefeito por reiteradas vezes no seu depoimento de que, confiava na estrutura dos hospitais existentes na cidade que segundo ele, teriam capacidade de ampliação de infraestrutura para atender a todos os pacientes que necessitassem. O estranho é que hoje faltam leitos, tanto, é que foi necessário a instalação de um polo emergencial, que foi improvisado em UBS da zona sul.

Em momento polêmico do depoimento o prefeito fez uma declaração se comparando a Jesus Cristo; Disse que a oposição quer colocar essa grande e pesada cruz nas costas do prefeito e depois, lá na frente, pregar o prefeito nessa cruz e se eu pedir água, e darão vinagre”. Entonando a voz, perguntou: “alguém tem dúvida disso?”.

OPINIÃO : Diante da nossa pequenez a tão ilustres legisladores, ficou claro a falta de um melhor preparo para a condução da primeira oitiva da CPI. A falta de dados concretos para se formular perguntas que, só poderiam ser obtidos com o exame minucioso de documentos e procedimentos acabou por esvaziar alguns questionamentos. A questão não é politizar e nem realizar um caça a bruxas, mas, para se colher um depoimento de tamanha envergadura, se faz necessário se embasar de farta documentação comprobatória para já se ter uma noção dos assuntos a serem levantados e das duvidas a serem sanadas. Enfim, perderam um chance de elucidar muitas dúvidas, apenas favorecendo o discurso político. É nessa hora que uma assessoria especializada faz uma diferença enorme. Aguardemos então os próximos capítulos.

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