Ator e cineasta, que é considerado o ‘pai’ do terror nacional, sofria de insuficiência renal. A informação foi confirmada pela filha, Liz Marins, nesta quarta (19).

Morreu nesta quarta-feira (19), aos 83 anos, o ator e cineasta José Mojica Marins, conhecido como Zé do Caixão. A notícia foi confirmada ao R7 pela filha do artista, a também cineasta Liz Marins.

Zé do Caixão morreu após apresentar uma broncopeneumonia. Ele estava internado desde o dia 28 de janeiro no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. 

“Ele teve momentos de melhora, mas veio a falecer nesta quarta, às 15h46. Meu pai sofria de insuficiência renal, mas acabou tendo uma broncopeneumonia”, contou. 

Em outro momento, Liz disse que agora seu principal objetivo é honrar e preservar a memória do pai. “Nós éramos mais do que pai e filha. Eu era a melhor amiga dele e ele o meu melhor amigo. Não tenho como explicar tudo o que eu vivi com ele”, lamentou.

Às voltas com os preparativos do velório, Liz garantiu que amigos e fãs vão poder se despedir do pai. O local da cerimônia, disse ela, será divulgado em breve.

Trajetória 


Filho de artistas circenses, Marins, nascido em São Paulo, cresceu frequentando a sala de cinema gerenciada por seu pai. Fez filmes caseiros na infância e tinha especial interesse pelo terror.

Marins começou a fazer cinema aos 12 anos, quando ganho uma câmera do pai. Com verve autodidata, o artista criou, aos 17 anos, a Companhia Cinematográfica Atlas, espaço para desenvolver seus projetos. Seus métodos nada habituais incluíam, por exemplo, testar elencos com insetos e outros bichos.

O primeiro sucesso de Marins foi A Sina do Aventureiro (1958), classificado pelo pesquisador Rodrigo Pereira como um “western feijoada”. O Zé do Caixão, personagem que o acompanharia pelo resto da carreira, surgiu em À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964).

Criado “do zero” por Marins, Zé do Caixão, ou Coffin Joe, como é popularmente conhecido na cinefilia internacional, surgiu para o artista durante um pesadelo. Nele, dizia o ator e diretor, ele era arrastado por um vulto para seu próprio túmulo.

Com suas características unhas alongadas e discursos mórbidos, Zé do Caixão era frequentemente dublado por Laércio Laurelli. A maneira que Marins encontrara de reforçar ainda mais o ar macabro do personagem.

Criou o personagem Zé do Caixão em 1963, após um pesadelo em que um vulto o arrastava para seu túmulo, e a primeira aparição foi no filme À Meia Noite Levarei sua Alma. Como diretor e ator, foi mais reconhecido nos Estados Unidos e Europa do que no Brasil.   

Ao longo dos anos, Marins continuou a mostrar o personagem em novas histórias, como Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967), O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968), Trilogia de Terror (1968), O Despertar da Besta (1969) e Exorcismo Negro (1974).

Em 2008, concluiu a trilogia iniciada por À Meia-Noite e Esta Noite com Encarnação do Demônio, filme exibido no Festival de Veneza e concluído com a ajuda de amigos do cinema, entre eles o montador e hoje diretor Paulo Sacramento (O Prisioneiro da Grade de Ferro).

A trajetória de Marins transcendia Zé do Caixão e o cinema de terror. A bordo do gênero, rodou outras produções de horror sem o personagem, como o cult Finis Hominis (1971) e Inferno Carnal (1976).

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