Circular anunciou que José Carlos Dias Toffoli “estará em tempo para descanso, fortalecimento espiritual, apostólico e também de estudo”

Já se era esperado. Após a grande polêmica que repercutiu a nível nacional logo depois da publicação do site “O Antagonista” e posteriormente por quase todos os veículos de comunicação, considerados da grande imprensa sobre o episódio de um dos mais conceituados resort’s a nível mundial, algo poderia acontecer.

Na manhã desta quarta feira (3), além do próprio site “Antagonista” e outros como “O Crusóe”, “Pleno News” e toda a imprensa de Marília a noticia é uma só; O cônego José Carlos Dias Toffoli, irmão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, será afastado do comando da Paróquia Sagrada Família de Marília (SP), a partir de 1º de dezembro. Uma circular divulgada no dia de ontem, terça-feira (2) informou que José Carlos “estará em tempo para descanso, fortalecimento espiritual, apostólico e também de estudo”. Acrescenta-se aqui, que, pelo que apuramos o afastamento teria ocorrido a pedido do mesmo.

Como frisamos no inicio, o anúncio sobre o afastamento ocorre depois de o site O Antagonista revelar, em setembro, que José Carlos virou sócio, com o irmão José Eugênio, do resort Tayayá Aqua Resort, em Ribeirão Claro (PR).

Tayayá Aqua Resort, Ribeirão Claro – Preços 2021 atualizados

A notícia da sociedade chamou atenção dos fiéis, visto que o religioso é padre desde 1983 e mora em uma casa modesta no bairro Castelo Branco. O salário de um cônego varia entre R$ 2 mil e R$ 7,5 mil.

De acordo com a certidão com a alteração societária do Tayayá, revelada pelo site O Antagonista, os irmãos do ministro do STF fizeram um aporte de R$ 370 mil, passando a deter 33,33% do negócio, por meio da Maridt Participações S.A, aberta quatro meses antes. O curioso é que o resort existe a muito mais tempo.

A pandemia derrubou o turismo no Brasil, mas não impediu a família do ministro Dias Toffoli de investir no setor. Seus irmãos José Carlos e José Eugênio se tornaram sócios do Tayayá Aqua Resort, em Ribeirão Claro (PR), como mostra registro obtido por O Antagonista na Junta Comercial do Paraná.

Até então, o empreendimento estava registrado em nome de Mario Umberto Degani, primo do ministro, e do advogado Euclides Gava Junior. Em 10 de dezembro, eles decidiram admitir na sociedade a Maridt Participações S.A., aberta quatro meses antes pelos irmãos de Toffoli.

A Maridt Participações está registrada no endereço residencial de José Eugênio, uma casa simples no bairro Jardim Universitário, na mesma cidade. Engenheiro de formação, ele trabalhou de 2008 a 2015 na Queiroz Galvão, investigada na Lava Jato. Em 2005, Dias Toffoli, então advogado, representou a empreiteira junto ao TCU num caso envolvendo o consórcio também integrado por Constran e Serveng.

O Tayayá, que foi construído na região conhecida como “Angra doce”, recebe regularmente visitas de Dias Toffoli. O ministro do Supremo chegou a receber uma homenagem da Câmara Municipal de Ribeirão Claro por ter “colaborado para o desenvolvimento e incremento turístico do Município de Ribeirão Claro, notadamente por meio do apoio decisivo na implantação da empresa ‘Tayayá Aquaparque Hotel e Resort’”.

O complexo turístico, às margens da represa de Chavantes, foi lançado em 2008, com investimento inicial de R$ 2,2 milhões e hoje conta com nove pousadas, 66 chalés e 100 apartamentos, distribuídos numa área de 108 mil metros quadrados, com seis restaurantes e um parque aquático. O terreno foi adquirido por Degani e Gava Jr em 2000, por apenas R$ 40 mil. Segundo registro de cartório, a construção das unidades hoteleiras, que são negociadas no mercado na forma de cotas, teria custado R$ 15 milhões.


Dias Toffoli, em visita ao resort: “colaboração para o incremento turístico”

Na época da Lava Jato, o empreendimento entrou no radar dos procuradores de Curitiba. Eles suspeitaram que o ministro do STF poderia ser sócio oculto do empreendimento do primo, mas isso nunca foi comprovado. 

Ouvido pela reportagem do Jornal Tribuna do Vale, Dias Toffoli disse que “não comenta sobre a atuação de familiares ou terceiros” e “informa ainda que todos os seus investimentos são devidamente declarados à Receita Federal”.

A abertura da sociedade no resort aos irmãos de Toffoli, que, diferentemente do primo não possuem experiência no setor, coincide com a chegada de um big player do turismo, o grupo SM Hotelaria, dos também irmãos Rodrigo e Patrick Ferro. Eles teriam entrado no negócio apenas dois meses depois de José Carlos e José Eugênio.

A nova alteração societária, porém, ainda não foi depositada na Junta Comercial do Paraná, o que impede saber quanto aportaram na empresa e respectiva participação – a assessoria do grupo também disse desconhecer o valor.

Enquanto os irmãos Toffoli têm atuação discreta, os irmãos Ferro assumiram a imagem pública do grupo Tayayá, que planeja uma nova unidade, mais moderna e luxuosa, no município paranaense de Porto Rico.

O Antagonista apurou junto ao Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan) que existe um pedido de avaliação de impacto do empreendimento, que ocupará área de 30,4 hectares. O órgão autorizou o estudo no último 2 de agosto.

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