Segundo governador João Doria, medida irá até o dia 14 de março e ocorre após recorde de pacientes com Covid-19 internados em UTI.

O governo de São Paulo determinou a restrição de circulação das 23h às 5h todo o estado. A regra entra em vigor a partir desta sexta-feira (26) e valerá até o dia 14 de março.

Anunciada nesta quarta (24), a medida é complementar ao plano de flexibilização econômica e ocorre após o estado registrar maior número de pacientes com Covid-19 internados em UTI desde o início da pandemia.

“Dado ao fato de que chegamos ao recorde de internados com Covid-19 no sistema hospitalar de São Paulo, o governo de São Paulo, atendendo expressa recomendação do centro de contingência, decreta restrição de circulação de pessoas das 23h às 5h em todo o estado, de 26 de fevereiro a 14 de março”, disse o governador João Doria em coletiva de imprensa nesta quarta (24).

Doria destacou que não se trata de um ‘lockdown’, quando as pessoas são efetivamente proibidas de circular.

“O transporte público não será interrompido. Ele será restringido, limitado, mas não será interrompido. Não vamos punir as pessoas que estejam retornando para casa. É um toque de restrição, não é lockdown”, disse o governador.

Embora sustente que a nova medida seja eficaz para coibir aglomerações em bares, restaurantes e festas clandestinas, que costumam ocorrer no período noturno, ela tem pouco efeito prático para as cidades que estão em fases mais permissivas do plano de flexibilização econômica da quarentena, como a amarela.

O governo afirma, porém, que desta vez fará uma força-tarefa para ampliar a fiscalização dos estabelecimentos, mas não esclareceu o que será feito com o cidadão que desrespeitar a medida.

“Há uma força tarefa de fiscalização, para que essas medidas sejam seguidas por todos. Isso vai ser feito em conjunto pelas vigilâncias sanitárias municipais e do estado, pela Polícia Militar e pelos Procons. E aqui temos o 0800 para denúncias da população [0800-771-3541]”, afirmou o coordenador do centro de contingência da Covid-19, o médico Paulo Menezes.

Segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, o direito de ir e vir não será restringido, mas passa a haver multa para descumprimento de protocolos, para além da multa já estabelecida para quem não usa máscara. A secretária, no entanto, não esclareceu que multas novas serão aplicadas.

“Não vamos penalizar de forma alguma quem está trabalhando e cumprindo protocolos. Essa é uma mensagem pedagógica e simbólica para a população porque, até hoje, as multas eram restritas a uso de máscaras e não a descumprimento do Plano SP. Isso muda, e isso é muito importante. Nós vamos ter uma fiscalização que vai estar muito mais concentrada em verificar aglomerações, não apenas estabelecimentos comerciais”, afirmou.

As reclassificações das regiões do Plano São Paulo são sempre anunciadas em sextas-feiras, e passam a valer na segunda-feira seguinte. Entretanto, no caso de piora nos indicadores, o governo pode determinar recrudescimento das medidas antes do previsto.

Não é a primeira vez que o governo tenta limitar a circulação de pessoas durante a noite como estratégia para conter a contaminação pelo coronavírus.

Embora sustente que a medida seja eficaz para coibir aglomerações em bares, restaurantes e festas clandestinas, têm pouco efeito prático para as cidades que estão em fases mais permissivas do plano, como a amarela.

No final de janeiro, a gestão de João Doria chegou colocar todo o estado na fase vermelha, a mais restritiva, durante o final de semana dos dias 30 e 31 janeiro. Inicialmente, a medida iria até o dia 7 de fevereiro, mas após pressão dos setores de comércio, bares e restaurantes, foi suspensa.

Contradições

O anúncio de medidas mais duras ocorre menos de uma semana após o governo divulgar uma revisão na regra de venda de bebidas alcoólicas na fase amarela do plano.

Antes, mesmo com autorização para funcionar até 22h, os restaurantes tinham que interromper a venda e consumo interno de bebidas até 20h. Lojas de conveniência também só estavam autorizadas a vender bebidas alcoólicas até as 20h.

Com a mudança, o horário para os dois setores foi estendido até 22h. Bares continuam só podendo funcionar até 20h na fase amarela.

As regras para as fases laranja e vermelha continuaram as mesma, com obrigatoriedade de fechamento de todos os setores não essenciais até 20h, incluindo a venda de bebidas.

Alterações no Plano SP

No início do ano, o governo fez alterações nas regras de funcionamento da fase laranja, e a tornou mais permissiva.

Dentre as flexibilizações, foi liberado para que bares operem nos horários dos restaurantes, caso sirvam comida para clientes que fiquem sentados.

O Plano São Paulo prevê o rebaixamento para fases com regras mais restritivas da quarentena em regiões que apresentam grande aumento semanal de novas internações, mortes, casos ou taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

No último dia 15, o governo de São Paulo determinou o cancelamento das cirurgias eletivas em todos os hospitais públicos e conveniados do estado.

Na ocasião, também foi anunciada a reativação do Hospital de Campanha de Heliópolis, na capital, previsto para ter leitos liberados nesta quinta (25).

O governo também alterou o parâmetro de taxa de ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) na fase vermelha, que passou de 80 para 75%.

Classificação – atualizada em 24 de fevereiro

Vermelha – só operam serviços essenciais

  • Araraquara
  • Bauru
  • Barretos
  • Presidente Prudente
  • Ribeirão Preto

Laranja – bares não abrem, e demais serviços funcionam com restrições de horários e capacidade

  • Franca
  • Piracicaba
  • São José do Rio Preto
  • Marília
  • São João da Boa Vista
  • Taubaté

Amarela – comércio e restaurantes podem funcionar até 22h; bares até 20h

  • Farmácias
  • Mercados
  • Padarias
  • Açougues
  • Postos de combustíveis
  • Lavanderias
  • Meios de transporte coletivo, como ônibus, trens e metrô
  • Transportadoras, oficinas de veículos
  • Atividades religiosas
  • Hotéis, pousadas e outros serviços de hotelaria.
  • Bancos
  • Pet shops
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