A situação não é exclusiva de Marília ou somente de nosso estado. Com a pandemia e o consequente estado de quarentena decretado em quase todos os países, lamentavelmente essa foi uma das ocorrências que mais aumentou nos registros policiais.

Um outro destaque se dá para o grande número de divórcios que passou a ser registrado pouco mais de 30 dias do inicio da pandemia, mas, esta é uma matéria que faremos mais a frente. O fato é que, O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA tem como conduta não divulgar esse tipo de ocorrência que, na maioria das vezes acaba sendo erroneamente retirada.

No entanto, a coincidência dos fatos, nos chamou a atenção e aproveitamos então para buscar as estatísticas que comprovam nossa introdução. Segundo o Plantão Policial, os homens da boina, prenderam dois homens, que não tiveram as identidades divulgadas, por violência doméstica, lesão corporal e injúria nesta madrugada de quinta-feira (4) em regiões diferentes da Marília e por motivos fúteis.

Seguindo a ordem de registros, o primeiro caso aconteceu por volta de 1h30, no bairro Nova Marília, zona Sul. O autor havia ingerido bebida alcoólica e começou a ofender a sua companheira. Em seguida, em um ato covarde, o homem agrediu a vítima com um soco no rosto lhe causando um hematoma.

Já a segunda ocorrência foi por volta de 1h35 no Jardim Santa Antonieta, zona Norte. Um homem coincidentemente havia “enchido o pote” e acabou agredindo verbalmente sua esposa e a ofendendo, quase chegando a vias de fato.

Os indivíduos foram encaminhados até a Central de Polícia Judiciária (CPJ), onde o delegado arbitrou fiança de R$ 1,5 mil para cada um. Como nenhum deles apresentou o valor, os homens foram “convidados a tomar café de canequinha” ficando a disposição da justiça.

Ligue 180 registra aumento de 36% em casos de violência contra mulher

Protesto contra o feminicídio e violência contra mulheres.

Isolamento social e quarentena podem ser responsáveis por aumento

Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos parecem confirmar o que diversas autoridades, incluindo a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, já vinham apontando: a necessidade das pessoas permanecerem mais tempo em casa devido à pandemia da covid-19 pode estar contribuindo para o aumento da violência doméstica contra mulheres.

Segundo a ouvidoria, na comparação com janeiro de 2019, o número de denúncias registradas por meio do Ligue 180 diminuíram 4,5% em janeiro deste ano. Já em fevereiro, houve um aumento de 15,6% das notificações quando comparado ao mesmo mês do ano passado. A tendência se manteve em março, quando o novo coronavírus chegou ao país e algumas unidades da federação começaram a adotar medidas para isolar a população e, assim, tentar conter a disseminação da doença.

Violência contra a Mulher - Lei Maria da Penha

Comparativamente, o número de denúncias registradas pelo Ligue 180 em março deste ano foi 15% superior ao de março de 2019. Segundo o ouvidor nacional de Direitos Humanos, Fernando César Pereira Ferreira, considerando o que acontecera em países atingidos pela doença antes do Brasil, os resultados de janeiro a março já eram, de certa forma, esperados. Mesmo assim, o desempenho registrado em abril surpreendeu negativamente: as denúncias de violações aos direitos e à integridade das mulheres aumentaram 36% se comparado a abril de 2019.

“Em janeiro, o número de denúncias estava praticamente estabilizado, com uma queda de 4,5%. Em fevereiro houve um crescimento [que se repetiu em março], e que já era esperado. Inclusive, porque também houve uma melhoria significativa no atendimento e, com isto, as pessoas passam a ligar mais”, disse Ferreira, hoje (29), ao divulgar o balanço geral dos atendimentos do Ligue 180 em 2019.

Brasil é 5º no ranking da violência contra a mulher

“Mas a partir de março, com o fenômeno da covid-19 e [adoção de] medidas que passaram a impactar seriamente no número de denúncias, o número de casos disparou. Provavelmente, por causa do confinamento”, acrescentou Ferreira, referindo-se ao fato de mulheres vítimas de agressão doméstica se verem forçadas a passar mais tempo junto a seus agressores. Os dados da Ouvidoria apontam que, em geral, as denúncias recebidas pelo Ligue 180 tratam, na maioria das vezes, de casos de violência doméstica e familiar (em 2019, elas somaram 79% do total de notificações).

Gráfico aponta escalada de violência contra mulheres durante isolamento social.

A ministra Damares Alves frisou que, a partir da experiência internacional, o ministério e o governo federal se anteciparam, reorganizando serviços para manter o atendimento durante à crise sanitária; orientando a rede de acolhimento e proteção à mulher e realizando campanhas para estimular as mulheres em situação de violência a procurarem ajuda e denunciarem seus agressores. Um dos receios é que, mesmo considerando a maior procura aos serviços de orientação e proteção, a situação torne ainda mais difícil para as vítimas de violência se desvencilharem e buscarem apoio. 

“Estamos atuando de forma efetiva. Nossa ação de contingenciamento e de combate à pandemia, especificamente na ações de prevenção à violência doméstica [conta com] inúmeras ações que já estão sendo feitas”, disse a ministra, lamentando que, conforme indicam os dados de 2019, para além da pandemia, “o dia a dia vem demonstrando para todo mundo que a violência contra as mulheres é crescente no Brasil.”

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