Um balanço sobre violência doméstica em seis municípios do centro-oeste paulista mostra que, nos últimos dois anos, houve um aumento no número de mulheres agredidas. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, com exclusividade pela TV TEM, e trazem o recorte de registros entre os anos de 2020 e 2021.

Embora o município de Bauru tenha liderado o ranking no último ano, com o maior número de ocorrências de violência doméstica, foi a única entre as seis cidades do levantamento que apresentou uma queda nos registros dessas ocorrências. Foram 1.429 ocorrências em 2020, e 1.405 em 2021.

Apesar da queda, os números ainda são alarmantes. Eles representam que ao menos três mulheres foram vítimas de violência doméstica por dia no ano passado em Bauru. Os dados ainda trazem uma outra triste constatação: o agressor geralmente está mais próximo do que se imagina. Em Bauru, ao menos uma mulher foi agredida por dia pelo companheiro ou por algum familiar em 2021.

Os números de ocorrências de violência doméstica em Marília, Botucatu, Ourinhos, Jaú e Lençóis e Paulista também apresentaram um cenário preocupante para a região.

MARILIA

2020: 961
2021:1118

BOTUCATU

2020: 561
2021: 704

OURINHOS

2020: 395
2021: 430

JAÚ

2020: 382
2021: 430

LENCÓIS PAULISTA

2020: 193
2021: 241

A tabela ainda mostra que, quando se leva em consideração a proporção entre ocorrências e número de habitantes, Botucatu se consolida como a cidade com o maior índice de crimes contra a mulher em 2021.

Proporção de ocorrências de violência doméstica registradas em 2021 por cidade a cada 100 mil habitantes

1º: Botucatu (aproximadamente 552 ocorrências de violência doméstica/100 mil habitantes)
2º:  Marília (461 ocorrências de violência doméstica/ 100 mil habitantes)
3º: Ourinhos (373 ocorrências de violência doméstica/100 mil habitantes)
4º Bauru (368 ocorrências de violência doméstica/ 100 mil habitantes)
5º Lençóis Paulista (346 ocorrências de violência doméstica/ 100 mil habitantes)
6º: Jaú (280 ocorrências de violência doméstica/100 mil habitantes)

Obs: o cálculo é feito com base na estimativa do IBGE referente ao contingente populacional de cada uma das cidades estimadas em 2021.

Márcia Regina dos Santos, delegada titular da Mulher em Bauru, atenta para o ciclo da violência e como ele pode se perpetuar durante o processo, afastando a vítima de uma possível denúncia.

“Essa violência contra a mulher vai se intensificando com o tempo. Geralmente começa com agressões verbais, os xingamentos, depois chega à violência psicológica, que é menosprezar a vítima e atacar a sua autoestima, até chegar à violência física”, explica a delegada em entrevista à TV TEM.

Em 2022, apenas no acumulado de janeiro, foram 385 ocorrências desse tipo nas seis cidades do levantamento. A denúncia, que muitas vezes exige coragem por parte da vítima, só não é mais complicada do que os traumas que ficam após realizá-la. A psicóloga Ana Karina Barbosa ainda aponta que é crucial evitar qualquer tipo de culpabilização da vítima.

“É preciso se perdoar, entender que você não ficou naquela relação por ser fraca ou porque você mereceu de alguma forma. A violência não é algo que a gente mereça de forma alguma. É preciso se cuidar e buscar ajuda especializada”, pontua a psicóloga.

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento.

A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. São atendidas todas as pessoas que ligam relatando eventos de violência contra a mulher. O Ligue 180 atende a todo o território nacional e também pode ser acessado em outros países.

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