Em 2002, 58,6 milhões de mulheres tinham título de eleitor, o que equivalia a 51% do universo apto ao voto; os homens eram 56,4 milhões (49% do total).

A cada quatro anos, as brasileiras se consolidam cada vez mais como a maioria do eleitorado brasileiro. E a diferença entre as quantidades de títulos delas e dos homens nunca foi tão grande quanto neste ano. Em março, período com dados mais atualizados disponíveis, as mulheres possuíam 78,4 milhões de títulos – 8,5 milhões mais do que os homens (69,8 milhões). É o que aponta um levantamento feito com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De acordo com os números consolidados até o fim de março, as mulheres representavam 53% do eleitorado apto a votar; os homens são 47%. Essa diferença de seis pontos percentuais tem crescido a cada eleição presidencial. Em termos percentuais a realidade se assemelha aos números de Marília. Isto significa dizer que as mulheres se quiserem poderão com pouco mais de 106 mil votos elegerem, dependendo da legenda uma deputada estadual e uma federal.

Com 201.221 eleitores, hoje Marília teria o tão aguardado 2º turno para eleição municipal, o que sem duvida ocorrerá em 2024. Isso porque mesmo tendo 159.035 eleitores aptos a votar, na semana passada decisão da Justiça Eleitoral liberou os 42.186 eleitores com títulos cancelados para votar no pleito de outubro, a exemplo do que já havia acontecido em 2020.

Eleitores fazem fila em frente ao Forum do TRE para regularizar título de eleitoral — Foto: Douglas Lopes/TV Gazeta

Foto: Douglas Lopes/TV Gazeta

Entre os grupos para quem voto é, por lei, facultativo, isto é, pessoas das faixas etárias de 16 a 17 anos e acima dos 70 anos, essa discrepância é ainda mais acentuada: as mulheres são 56% e os homens, 44% do eleitorado.

Na avaliação da cientista política Marjorie Corrêa Marona, professora de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma série de fatores pode estar por trás da maior participação das mulheres jovens no processo eleitoral.

“De um modo geral, as mulheres são mais afetadas pelas crises econômicas, pelas desigualdades sociais, pela violência. Pegando a série histórica, o que a gente vai observar é que, de fato, a gente tenha indicadores de que isso possa ser uma reação a um cenário mais desfavorável às mulheres.”

De acordo com a especialista, tal processo se acentuou durante a pandemia do novo coronavírus. “Particularmente, vale lembrar que a pandemia reforçou esses processos de exclusão, de desestruturação. São as mulheres que veem o preço da comida no supermercado, então, elas são mais afetadas pela inflação. As políticas de isolamento social acabaram elevando os dados relativos à violência doméstica. As mazelas, do modo como foi conduzido o enfrentamento da pandemia pelo governo [federal], não são distribuídas igualmente pela sociedade, elas afetam mais as mulheres. Nesse sentido, a gente pode imaginar que esse engajamento mais recente seja uma forma de reagir a um determinado conjunto de estratégias do governo.”

Diferença em alta

Dados relativos a eleições presidenciais passadas evidenciam o aumento do peso do voto feminino no Brasil. Em 2002, por exemplo, as mulheres respondiam por um contingente de 58,6 milhões de eleitoras, o que equivalia a 51% do universo apto ao voto; os homens eram 56,4 milhões (49% do total).

Quatro anos depois, esses percentuais subiram para 51,5% (mulheres) e 48,5% (homens). Com o passar dos pleitos presidenciais, houve uma evolução até, em 2018, as mulheres atingirem o patamar de 52,5% do eleitorado apto ao voto (77,3 milhões de títulos) ante 47,5% dos homens (69,8 milhões).

Em São Paulo, 2,2 milhões de títulos a mais

No estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, as mulheres contabilizavam, em março, 17,2 milhões de títulos, e representavam 53% do eleitorado paulista, de acordo com a estatística do eleitorado do TSE. Os homens possuíam, no mesmo período, 15 milhões de títulos eleitorais (ou 47% do total).

Mesmo com quase 12 mil votos de diferença, ainda cativa a tradição machista no processo eleitoral, onde trabalham apenas o preenchimento de cotas, quando se conseguem eleger apenas vereadoras. NUNCA na história da cidade houve uma prefeita, vice prefeita, deputada estadual ou deputada federal. Já pensou se elas soubessem a força que tem !!!!

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