Justamente no dia em que as Lojas Havan iniciou a segunda etapa do processo seletivo que irá contratar 150 funcionários dentre os 3.500 currículos entregues, perfazendo uma média de 23 candidatos por vaga, a cidade é despertada com a noticia do “famoso facão” em uma das mais consagradas e conceituadas empresas do Brasil, com sede em Marília.

A empresa metalúrgica Sasazaki, localizada demitiu 170 de seus cerca de 600 funcionários. Nossa Reportagem manteve um contato telefônico com Inês Cardoso, assessora de imprensa da empresa, que após justificar em viva voz diversos projetos existentes deste o inicio do ano, lamentou a atual conjuntura econômica do País que acabaram inviabilizando-os no momento e justificando tal medido. A mesma preparando uma Nota sobre o fato na qual apresentamos a seguir.

” Os últimos anos têm sido desafiadores para todos os setores da economia e isso vem afetando o consumo em todos os mercados, especialmente o da construção civil, do qual a Sasazaki faz parte. Esses momentos exigem mais trabalho e estratégias bem definidas por parte das indústrias, para que haja a continuidade dos trabalhos e a sustentabilidade do negócio. Neste período, a Sasazaki adequou sua estrutura e estratégia à realidade de mercado, para que possa continuar a crescer, com produtos e serviços de qualidade e certificados, e procurou sempre preservar e investir na formação de seus Recursos Humanos. Ocorre que, neste momento, por motivos totalmente alheios aos objetivos da Sasazaki, serão realizados cerca de 200 desligamentos até julho de 2019, para que possamos nos adequar ao cenário econômico pelo qual passa o país e superar a redução do volume de vendas que afeta o setor de material de construção como um todo. Sabemos o quanto a saída dos nossos colaboradores impacta nas famílias de Marília e região, por isso, a Sasazaki lamenta cada demissão. Esta ação foi compartilhada com os respectivos sindicatos, de modo a não gerar especulações desnecessárias. Em 2019, a Sasazaki completa 76 anos de mercado e é, portanto, uma indústria que já vivenciou vários momentos de crise. Por ser uma indústria sólida, realiza ações constantes para manter o crescimento saudável da indústria. Em breve, serão anunciados investimentos em flexibilidade e produtividade alinhados com a nova estratégia aprovada. Vale lembrar que, conforme a última Pesquisa Anamaco, feita pela Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, a Sasazaki segue como líder do segmento de portas e janelas de aço e alumínio. Esse resultado é fruto de um trabalho feito com seriedade e objetividade com foco no melhor atendimento e transparência na relação com consumidores, lojistas, colaboradores, fornecedores, etc.”

  Leonardo Kozo Sasazaki
Presidente da Sasazaki e do Conselho Deliberativo da Indústria

Por um outro lado, contamos com a colaboração do Jornalista Francisco do Santos, assessor do Sindicato dos Metalúrgicos da região que ouviu o Presidente da entidade, Irton Siqueira Torres que fez um balanço a respeito do ocorrido e da atual situação que assola o país e em específico a região de Marília.

Para o Sindicalista, a situação enfrentada pela Sasazaki não é diferente das outras empresas de todo o Brasil. ” A situação aqui atingiu aposentados, algumas pessoas que já haviam manifestado o pedido para a saída, mas, é reflexo de uma crise econômica que impera desde 2014. Uma empresa que sempre investiu em seus funcionários e até o ultimo momento continuou acreditando em uma mudança, mas, infelizmente chega uma hora que ninguém segura mais”, declarou.

Para Irton, os números comprovam a decadência do setor que é empurrado também pela crise da construção civil. ” Para se ter uma ideia, em 2014 nossa categoria tinha na região aproximadamente 11 mil metalúrgicos, em 2015 perdemos 3680 trabalhadores com menos de 1 ano de serviço. No ano de 2016 perdemos novamente mais 1600 postos, ou seja; na região que abrange Marília, Pompéia, Garça e Oriente o número de de trabalhadores no setor metal-mecânica baixou para 5 mil metalúrgicos”, frisou ele.

Ele criticou a falta de uma politica de investimentos por parte do governo e chegou a citar o caso de uma empresa da nossa região que concedeu ferias coletivas para 600 funcionários recentemente por falta dos investimentos normais que eram realizados pelo BNDES. ” Não existe em nosso País uma politica séria de investimentos para todos os setores, cito como exemplo a agro industria que sem investimentos acaba paralisando suas atividades”, comentou.

Para finalizar, Irton destacou a confiança da empresa e o acompanhamento e assessoria total do sindicato junto aos demitidos. ” É triste ver uma empresa que já teve 1600 funcionários, hoje estar limitada a trabalhar com 700 funcionários e agora realizar mais este corte. Reconhecemos que a empresa fez o que era possível, inclusive desenvolvendo uma politica de banco de horas com um investimento na casa de 5 milhões de reais objetivando manter o quadro de funcionários, mas, ela tem que se adequar a quantidade de produtos comercializados. A empresa tem a consciência que está dispensando uma mão de obra altamente qualificada e imprescindível, mas, infelizmente volto a frisar, é um cenário do país com reflexos inevitáveis e que hoje levam a tristeza ao lar de 170 famílias. Enquanto sindicato estaremos acompanhando e conferindo todas as rescisões e conforme já anunciamos na assembléia realizada hoje ( 17 ), realizaremos a rescisão contratual no próximo dia 24, onde todos deverão receber o FGTS e dar entrada no seguro desemprego” finalizou o sindicalista.

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