Tudo segue igual no país desigual. Todo ano a Organização das Nações Unidas (ONU) apresenta os dados de desigualdade social no mundo, e o Brasil está entre os líderes desse ranking. Países africanos são seus companheiros, e os árabes são os grandes ausentes na lista (as nações petrolíferas não gostam de divulgar esse dado constrangedor).

Mesmo com as políticas de distribuição de renda deste século, a extrema concentração continuou intocada no Brasil: os miseráveis passaram a pobres, mas o 1% mais rico detém mais de 20% da renda nacional, com picos de 30% nos últimos cem anos.

Após cinco anos de crise econômica, a pandemia de 2020 reforçou ainda mais o tema como prioridade, afinal, boa parte da população não conta com habitação, saúde e trabalho decentes para encarar a catástrofe biológica.

E o colapso acontece em um planeta que está ficando cada mais desigual. Nos últimos 40 anos, a concentração de renda só cresceu com a globalização, o fim dos regimes comunistas e a guinada conservadora em países como EUA e Reino Unido.

Tanto é assim que atualmente nenhum país tem maior desigualdade que o mundo como um todo: a África do Sul, campeã mundial nesse quesito, tem índice menor que o global, mostrando a disparidade entre os continentes. O país, por ironia, viu crescer a desigualdade após o fim do Apartheid – com o fim dos boicotes internacionais, o mercado se abriu e uma elite exportadora se beneficiou. No Coeficiente Gini, indicador que calcula a distribuição de renda dentro de uma população, a nação africana crava 0,63, contra 0,67 do planeta – esse índice vai de 1 para desigualdade total até 0 para a plena igualdade.

Teórico célebre por analisar a desigualdade atual, o sociólogo francês Thomas Piketty aponta que a razão disso é que, nas economias de mercado, os rendimentos de quem já detém riqueza (juros ou lucros) tendem sempre a serem maiores que o crescimento da economia como um todo. Isso se transforma em uma máquina de gerar desigualdade. Entre outras ações, ele propõe impostos progressivos (quem ganha mais paga mais) para diminuir esse abismo.

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Aprecie mais o texto de Rodrigo Bertolloto, do ECOA, em São Paulo

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