O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que coordena a pré-campanha do pai à reeleição, revelou em entrevista recente que considera falhas na comunicação “o maior erro do governo” . Uma das reações dos assessores de Jair Bolsonaro (PL) a esse diagnóstico é o aprofundamento do investimento em uma interlocução direta com os cidadãos.

Além de investir nas redes sociais, o governo está coordenando uma teia de grupos no WhatsApp, onde são difundidas informações positivas e discursos do presidente da República.

Os grupos são coordenados pela Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto e existem ao menos desde março deste ano, mas tiveram a divulgação intensificada ao longo de maio, quando foi lançado um vídeo institucional e influenciadores governistas, como o próprio Flávio e o empresário Luciano Hang, passaram a convocar seus seguidores a integrar os grupos da rede “Saiba Tudo”.

Até a última sexta-feira (27/5), tinham sido criados 25 grupos. Os novos são abertos à medida que os antigos ficam cheios. Como o limite de membros em grupos no WhatsApp no Brasil é de 256 pessoas (limite contra o qual Bolsonaro se rebelou em abril último ), os grupos oficiais já são suficientes para abrigar 6.400 pessoas.

A estratégia do governo, de criação de uma rede de grupos para a distribuição de conteúdo oficial, é parecida com a usada pela pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no site Lulaverso. No caso petista, o WhatsApp chegou a suspender alguns dos grupos por suspeita de comportamento inautêntico. A plataforma tem regras que proíbem, por exemplo, o disparo em massa de mensagens.

O que acontece nos grupos governistas

Os grupos administrados pela Secom são abertos a qualquer usuário do WhatsApp, mas apenas os criadores dos espaços podem postar. Aos membros, restam as opções de reagir às postagens (com coraçõezinhos, por exemplo) e de se engajar com o conteúdo. As postagens são versões para celular de conteúdo postado pela Secom nas redes ou no site do governo. E todas as mensagens vêm com links para postagem em outros espaços digitais, como os sites Instagram e Facebook.

No período em que a reportagem acompanhou os grupos, recebeu postagens com notícias boas para o governo, como a prorrogação do Pronampe, um programa que disponibiliza empréstimos para micro e pequenas empresas. A postagem trazia como imagem a foto de mãos contando notas de R$ 100 e a mensagem: “Governo prorroga programa que salvou milhões de empregos”.

Os envios para os grupos também servem de reações ao noticiário do dia, apesar de não haver contextualização. Quando estava sob debate público a ação policial que deixou mais de duas dezenas de mortos no Rio de Janeiro nesta semana, por exemplo, os grupos dispararam uma mensagem defendendo as forças policiais e provocando os críticos: “Lamentam o sucesso das ações de segurança apenas bandidos e comparsas”. Foi anexado ainda um discurso em vídeo de Bolsonaro valorizando os policiais.

Veja mais exemplos do que o governo federal envia aos inscritos em seus grupos de WhatsApp:

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