Antes de mais uma vez colocar para a reflexão este tema que mexe com o futuro de nossa cidade, se faz necessário relembrar um pouco o contexto das colocações. O coronelismo está presente na história do Brasil desde os primórdios de sua colonização, porém de forma inconsciente, um exemplo disso foram às capitanias hereditárias, onde a Coroa Portuguesa dividiu o país em grandes lotes de terras e as entregou as pessoas de melhores condições econômicas: os donatários.

A eles eram dado total poder dentro da capitania. “Com a morte do donatário, a administração da capitania passava para seus descendentes”. Só no Império é que o coronelismo veio tornar-se realidade, porém foi na República Velha (1889 – 1930) que o coronelismo se consolidou, tornando-se um sistema político caracterizado pelo enorme poder concentrado nas mãos de um poderoso local (latifundiário, fazendeiro, senhor de engenho), pessoas com grande poder aquisitivo. É bom ressaltar que esse sistema tinha como figura central o coronel.

A grande questão é; qual a semelhança com os dias de hoje em Marília ? Sei que alguns leitores poderão afirmar categoricamente que este tempo já passou e que a realidade hoje é outra. Posso lhes garantir que isto é um ledo engano. Como sempre digo, tudo não passa de um teatro. Basta apenas prestar a atenção no detalhe e na movimentação das peças em cima do tabuleiro. Em muitas vezes, eles menosprezam tanto a inteligência do eleitor que acabam até  entregando o jogo em entrevistas, tamanha é a certeza da manutenção no poder político da cidade.

A última peça deslocada no tabuleiro ocorreu na vinda do vice governador Rodrigo Garcia, onde a troca de gentilezas entre oposição e situação chegou até a incomodar os “baba-ovos” mais próximos. Para quem não se lembra, em recente declaração a um podcast de um outro conceituado veículo de imprensa o prefeito Daniel Alonso fez uma menção resiliente ao peso político do ex-prefeito e atual deputado, com a frase “Marília merecer ter dois deputados”.

Em outras palavras ou nas entrelinhas como queiram, deixaram bem claro que a jogada política é tentar a eleição com as duas cartas do “sistema político” atual para a manutenção do domínio e poderio daquilo que chamamos de coronelismo velado. A verdade é uma só; tudo não passa de um teatro. O reino é imexível ( como diria Antônio Magri ), existe apenas a troca do bastão. Enfim, eles estão juntos e misturados.

A confirmação ocorreu no últimos dias com o anuncio do mais novo integrante do ninho tucano que consegue reunir ao mesmo tempo os dois grupos politicos da cidade que na realidade nos faz lembrar a briga velada Lula X FHC, que na realidade era apenas uma fachada para se manter o sistema político. Pelo visto, eles formaram grandes alunos.

Apenas como comparativo, vale a pena recordar que o coronelismo era um sistema politico marcado pelo autoritarismo por parte dos coronéis, e pela subordinação dos trabalhadores e de todo povo que ali vivia, recebiam salários ínfimos e eram submetidos a péssimas condições de trabalhos. Vale ressaltar que os trabalhadores viviam dentro das propriedades dos coronéis, e “dependiam de ‘favores’ como: algum dinheiro extra, auxílio para educação dos filhos, socorro na hora da doença, etc.”

Se bem analisarmos, a cidade de Marília perdeu aquele protagonismo de crescimento dos anos 50 e 60 e nas últimas décadas se estagnou diante de outras até de menor porte que estão a apresentar números representativos de crescimento de desenvolvimento, principalmente aquelas que deram um basta a grupos políticos para focar em gestão administrativa de cidade. Vide Maringá (PR), Presidente Prudente (SP), Araçatuba (SP) São Carlos (SP) e tantas outras.

Para uma melhor conscientização, verifique qual foi a última grande indústria a se instalar na cidade gerando centenas de empregos e impulsionando a renda per capita da classe trabalhadora. Hoje, a exemplo da época coronelista, a classe trabalhadora da cidade trabalha com os ditos salários ínfimos, muitas vezes em dupla função e enfrentando as dificuldades de um caótico transporte coletivo. Outro comparativo é a dependência da maioria da população que reside nos bairros quando necessita de uma unidade básica de saúde, um medicamento na farmácia municipal ou melhorias na sua rua ou bairro.

Este é o sistema. Um jogo onde somente uma meia dúzia comanda, em uma cidade que se classifica entre as 100 mais em arrecadação em meio a mais de 5600 municípios. Aqui, o que vale é somente o lançamento de grandes condomínios que aos poucos vão cercando a cidade, como fizeram com os pedágios inviabilizando-a cada vez mais. Por que, não se pode ter nem laser para o povo, como o bosque municipal que hoje não passa de uma mata cercada com alambrando, do parque aquático abandonado e por aí afora.

Voltando a visita do candidato do governado João Doria, o prefeito terminou sua fala com uma declaração bem evidente do plano dos dois grupos, que pelo visto, é um só. “Vamos ajudar o governador Rodrigo Garcia, vamos eleger os deputados de Marília e de nossa região, que lutam por nós”, apelou. Pura demagogia barata.

Passam-se os anos anos, porém, as práticas continuam as mesmas. A prestação dos “favores” permanece, onde essa forma de coronelismo é mais acentuada, pois os indivíduos não veem as políticas públicas como direito e sim como favores oferecidos pelos representantes a qual elegeram. Com isto eles se vangloriam e conquistam seus votos.

Infelizmente, mais uma vez, a cidade é refém de uma jogada politica onde os que estão dando as cartas são os que ditam as regras do jogo. Enquanto isto, as pessoas de bem se calam, para preservar suas respectivas famílias e também já por conhecer como funciona o esquema ou sistema para que tentar afrontar ou combater. Confiamos em dias melhores…. aguardemos e torcemos para que um dia novas e reais lideranças possam surgir para romper este sistema falido, responsável pelas amarras da cidade. Falei e tenho dito.

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