Em 2015, um bloco de rocha de tamanho significativo foi escavado e trazido ao Museu de Paleontologia de Marília, e ficou à espera de investigação, que só ocorreria em 2017, quando Nava começou então a remover cuidadosamente porções de rochas que cobriam alguns ossinhos, semelhantes a tantos outros que já tinha descoberto.

Somente em agosto de 2018, avançando ainda mais na preparação desse bloco de arenito contendo o esqueleto pequeno é que William Nava percebeu indícios do que seria o crânio da ave. “Foi uma emoção e tanto, constatar que havia me deparado com um crânio de ave pré-histórica articulado ao esqueleto, uma descoberta difícil de acontecer devido à natureza um pouco caótica da formação dessas rochas há milhões de anos, geralmente originadas de transporte dos sedimentos, desarticulando os organismos. Mas neste caso, a ave teve seu corpo sepultado rapidamente por areia e argila, ocasionando sua fossilização” disse Nava.

A descoberta foi compartilhada com o Dr. Luis Chiappe, do Natural History Museum de Los Angeles, um dos grandes estudiosos de aves primitivas em todo o mundo, e parceiro, desde 2017 das pesquisas com o Dr. Agustin Martinelli, do MACN – Museo Argentino de Ciências Naturales, de Buenos Aires.

Ambos têm vindo à Marília para ajudar no estudo desses fósseis. Estiveram em Marília e em Prudente em campanhas de campo a partir de 2017, em maio do ano passado quando novos fósseis foram coletados do sítio paleontológico de Prudente. E outra descoberta importante e rara em nível nacional se deu recentemente. Durante a preparação de outro bloco de rocha trazido de Prudente, Nava descobriu uma sequência de minúsculas vértebras, totalizando cerca de 60 delas. Trata-se de um esqueleto, muito pequeno, de uma serpente que viveu também na época dos dinossauros. Deveria medir em vida entre 40 e 60 cm de comprimento.

“Não sabemos ainda que espécie de serpente primitiva é esta, pois o material é bastante frágil e requer cuidados na preparação” afirmou Nava. Foram encontrados na verdade, dois esqueletos de serpentes, um inclusive com sinais do crânio, com as estruturas levemente desarticuladas”, disse Nava.

Por essas razões, o sítio paleontológico das aves de Presidente Prudente tem merecido atenção especial por parte dos paleontólogos, pois é local único no Brasil onde se encontram esses pequenos vertebrados associados e em excelente estado de preservação.

Em fevereiro, a prefeitura de Prudente fez o tombamento do local, como Patrimônio Paleontológico e Geológico, através de requerimento, assegurando a integridade do sítio e garantia de que as escavações podem continuar indefinidamente. Esta semana iniciou o isolamento do sítio por meio de cercas.

Aproximadamente 2000 fósseis já foram retirados desse sítio paleontológico em quase 16 anos de escavações. Um salvamento paleontológico, pode -se dizer, enriquecendo a paleontologia brasileira e revelando novos táxons que habitaram o oeste paulista há milhões de anos.

Atualmente, as regiões de Marília e de Presidente Prudente estão entre as mais ricas em fósseis da Era dos Dinossauros de todo o Brasil, atraindo a atenção e curiosidade do público em geral e da ciência.

Uma pena que o museu está fechado
Todas essas descobertas não podem ser exibidas ao público porque o Museu de Paleontologia de Marília está fechado por tempo indeterminado e sem atenção alguma por parte do Poder Público Municipal.

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