Hoje, 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher em vários países. Apesar de, no Brasil, muitas pessoas acreditarem que a data está relacionada a um incêndio em uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos, a verdadeira história é outra, um pouco diferente, como veremos a seguir.

A primeira manifestação em relação às mulheres ocorreu em Nova York, no dia 26 de fevereiro de 1909. A passeata contou com cerca de 15 mil mulheres que protestaram por melhores condições de trabalho, que na época eram muito precárias e exploradoras. 

Em outubro do ano seguinte, em Copenhague, capital da Dinamarca, aconteceu a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na qual a líder socialista alemã Clara Zetkin sugeriu que houvesse uma agenda anual de ações em prol das mulheres.

Até o momento, não havia uma data estabelecida, mas já em fevereiro do ano seguinte, 1911, diferentes manifestações foram iniciadas.  

Primeiro 8 de março

A partir de 1911, as manifestações começaram a acontecer anualmente em diferentes datas entre fevereiro e março, de acordo com cada país.

No dia 8 de março de 1917, um grupo de operárias saiu às ruas para protestarem contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial. Elas foram fortemente repreendidas e o episódio acabou dando início à Revolução Russa.

Desde então, o movimento internacional socialista adotou a data como o Dia internacional da Mulher e as comemorações e passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países.

Oficialização da data pela ONU

A ONU — Organização das Nações Unidas- declarou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher” e, foi a partir desse ano que o 8 de março foi oficializado como Dia Internacional da Mulher.

Anualmente, homens e mulheres de todas as idades vão às ruas nessa data para manifestarem apoio às conquistas e para lutarem por mais direitos e respeito.

A importância dessa data

Se você pensa que o Dia Internacional da Mulher é aquele dia do ano reservado para dar flores e chocolates para agradar as mulheres da sua vida, está muito enganado. Existem sim algumas ações legais para fazer nessa data.

Mas o dia 8 de março é, principalmente, um dia de muita luta e também um dia de lembrar e celebrar todas as vitórias conquistadas. Veja abaixo alguns pontos muito importantes sobre a data.

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Luta por direitos iguais

Apesar de já estarmos no século XXI, muitas mulheres enfrentam dificuldades em ter direitos básicos garantidos ao redor do mundo. Desde casos mais extremos, como países árabes que imputam uma série de proibições às mulheres, inclusive do direito de ir e vir, até países mais liberais, como o Brasil, onde o machismo estrutural ainda dita muitas das regras vividas no dia a dia.

Por isso a data é tão importante, pois ela faz com que o mundo pare por um dia para ouvir o que as mulheres têm a dizer e, a cada pequena intervenção, as mudanças necessárias vão sendo implementadas na sociedade.

Ressignificação do papel da mulher na sociedade

Antes do feminismo, as mulheres eram submissas aos seus maridos e não tinham vários dos direitos que vemos hoje. Um exemplo disso é que até a Constituição Federal de 1988, as mulheres não tinham a igualdade de direitos assegurada por lei.

Nas primeiras décadas daquele século, elas precisavam de autorização do marido, registrada em cartório, para trabalhar.

Hoje, a mulher é empoderada, tem seu papel muito mais forte e presente na sociedade. São as principais fontes de sustentação de seus lares, são mais valorizadas por seus talentos e habilidades e sofrem menos preconceitos a cada dia. 

Celebração das conquistas

O dia 8 de março também é um dia para celebrar as conquistas, que sempre foram tão suadas. É um momento para lembrar que, por causa dessas manifestações, hoje elas podem votar e serem votadas, podem representar sua comunidade, podem ser independentes e terem suas carreiras próprias.

A data ajuda a valorizar tudo o que foi realizado por todas aquelas que foram às ruas nas décadas passadas, que acreditaram em um mundo melhor e mais justo e proporcionaram às mulheres de hoje, todos os direitos e acesso que podem usufruir.

Lembrete de que a luta ainda é necessária

Apesar de tantos avanços e mudanças, há muito ainda a ser feito. A nossa legislação prevê direitos e benefícios, mas na prática, ainda tem muita coisa sendo feita com base no machismo e na misoginia.

A cada Dia Internacional da Mulher, é preciso voltar às ruas e lembrar que a luta não terminou e que cada uma têm um papel fundamental nisso.

As lutas das mulheres atuais

No início do século XX, a luta das mulheres eram por direitos que hoje são básico, como uma jornada de trabalho justa, direito a escolher seus representantes na política e de se elegerem para representar outras mulheres. Hoje, essas batalhas já foram vencidas, mas outras ainda precisam ser guerreadas, como as abaixo.

O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, de uma forma toda especial publicará ao longo desta semana, matérias alusivas aos interesses e bandeiras de lutas das mulheres, que hoje, já não pode ser vista como o sexo frágil, salvando-se apenas pelo olhar exclusivo de um poeta. Na matéria de hoje, destacamos a importância das conexões no dia a dia dessas heroínas.

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A união faz o poder. Os coletivos de mulheres e as redes de apoio foram e são fundamentais para suas lutas e conquistas. A coletividade e o senso de pertencimento devolvem o empoderamento que, por muito tempo, lhes foi retirado. “Coletivamente, conseguimos recuperar os nossos contornos individuais”, diz a psicanalista Manoela Xavier.

Decidimos focar nesse tema porque ele lhes pertence há milênios. Grupos e redes femininas resgatam a lógica de transmissão de saber matricêntrica, anterior ao patriarcado, essa instituição que desprezou e retirou a autoridade de mulheres sobre conhecimentos ligados a ciência, medicina, o parto, educação e a criação dos filhos, por exemplo.

Além do empoderamento, as conexões entre as mulheres trazem reconhecimento e acolhimento. “Faz com que a gente não se sinta sozinha e que consigamos dar suporte e apoio umas às outras, assim nos sentimos capazes e entendemos que não somos inimigas entre nós, o que permite um mapeamento poderoso do sistema”, explica Manoela.

Com cerca de 80 mil mulheres conectadas, o grupo Mulheres do Brasil, que tem na diversidade uma de suas principais bandeiras, é um exemplo claro da potência de impacto das organizações femininas na sociedade.

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Além de alavancar a carreira, empoderar mulheres a assumir cargos de alto comando e conectá-las a executivas que já estão em posições de poder, o grupo tem um trabalho amplo e expressivo de fomento ao empreendedorismo feminino em núcleos espalhados por mais de 140 localidades do Brasil.

“A gente precisa desse trabalho localizado, tem questões suscetíveis que são diferentes, uma região não é igual a outra”, diz Marisa Cesar, CEO do Mulheres do Brasil. Apesar de a formação inicial ter partido de um grupo de executivas, lideradas por Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, o Mulheres do Brasil há muito tempo
extrapolou os limites do mundo corporativo e hoje abraça mulheres em todos os níveis e estágios profissionais.

“As mulheres aqui se conectam não porque têm crachá. Aqui o que importa é a pessoa física, esse é o nosso diferencial”, diz Marisa, que cita a importância do trabalho que também tem sido feito para qualificar e empoderar mulheres microempreendedoras de 42 comunidades brasileiras.

As microempreendedoras se tornaram um dos grupos mais afetados pela crise sanitária e econômica que se instalou no Brasil com a pandemia – e a importância da rede de apoio ficou ainda mais explícita. “Tivemos que mudar nossa tática e passamos por um momento de assistencialismo, buscando empresas e fazendo doações de cestas básicas”, explicou Marisa.

Na opinião, de Manoela Xavier, a pandemia, mais do que agravar as desigualdades sociais e de gênero, deflagrou o isolamento em que muitas mulheres sempre viveram. “Mães solo, donas de casa sempre viveram isoladas. Quem pôde, só agora, se descobrir vivendo esse isolamento, tem algum privilégio”, diz a psicanalista.

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A explosão nos casos de violência doméstica também escancarou que o perigo está dentro de casa. E, nesse contexto, se faz ainda mais crítica a ajuda e proteção vinda por meios de grupos e conexões. A boa notícia é o crescimento exponencial da coletividade feminina. “Houve sim mais poder nesse tipo de conexão, tudo foi ficando virtual. Quantos coletivos e quantas redes, grupos de Whatsapp começaram a aparecer”, diz Manoela.

O próprio Mulheres do Brasil dobrou de tamanho. “Éramos 38 mil mulheres e agora somos 80 mil”, diz a CEO. Ao longo desse período, temáticas como saúde mental e apoio emocional foram alguns dos trabalhos mais relevantes desenvolvidos pelas mulheres do grupo. E não para por aí.

Nas últimas semanas, o Mulheres do Brasil também se prontificou a usar sua rede de influência e trazer a iniciativa privada para a linha de frente do combate ao coronavírus, auxiliando e acelerando a imunização da população brasileira, por meio do Movimento Unidos Pela Vacina. Definitivamente, a união faz a força.

Voltamos a repetir, durante essa semana, O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, vai abordar temas, bandeiras de luta, e a importância dos grupos de apoio em diferentes searas da vida feminina.

DIRETO DA REDAÇÃO COM TEXTOS COMPLEMENTARES DA REVISTA CLÁUDIA/ ED. ABRIL.

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