Quando nossa reportagem foi acionada pelas ativistas sociais do projeto, nossa primeira missão foi realizar a conscientização do que realmente se faz necessário ocorrer na cidade de Marília como um todo. A primeira coisa a considerar para ter êxito nesta espécie de intervenção é não associar as favelas unicamente à pobreza e à marginalidade, “um grande equivoco que ocorre”.

A segunda e por sinal muito importante, é desmistificar o atributo de favela para comunidade, pois, nestes locais, residem pessoas comuns, trabalhadores e lutadoras. As comunidades populares formam um espaço variado, no qual se entrecruzam diferentes redes sociais. Pessoas que ali se instalaram por razões diversas, mas, que possuem um histórico de vida e de luta a ser respeitado.

Para nós do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA e da ONG MARÍLIA CENTENÁRIA, a ideia de comunidade carente é equivocada e não contribui em nada para a compreensão desta realidade. Ao contrário, desqualifica seus moradores, que passam a ser vistos como pessoas que precisam ser ajudadas ou como potenciais criminosos, que precisam ser vigiados.Não se vê o morador dos espaços populares como uma pessoa ativa, um parceiro na proposição de alternativas para seu próprio destino”.

Ao longo dos anos, sempre batemos em uma tecla. Investir em projetos de origem comunitária proporciona um envolvimento grande dos moradores e garante uma mobilização legítima, com chances de impactos mais duradouros. “É importante investir em bons projetos, que ofereçam bons processos de formação, mobilização ou desenvolvimento. Dentro ou fora das comunidades”.

Antes de adentrarmos o assunto principal, nos lembramos do livro “Da favela para o mundo que contava a história dos 10 anos do Grupo Cultural Afro Reggae, um dos mais bem-sucedidos projetos em favelas do país. Apoiado por instituições públicas e privadas, como a Fundação Ford. Para quem não sabe, o grupo nasceu da iniciativa de pessoas que estavam sem expectativa de vida e uniram esforços para promover o desenvolvimento social e cultural nas favelas cariocas.

José Júnior, coordenador do Afro Reggae e autor do livro, conta que as pessoas que atuavam no projeto foram formadas dentro do próprio grupo, que tem até hoje, como uma de suas principais metas buscar a auto sustentação, criando produtos de qualidade. “O que nos dá força para buscar isso é nossa ideologia e nossas parcerias. Parcerias essas que não querem dizer, necessariamente, dinheiro. Muitas vezes, elas significam troca de experiências.”

Assim como nós, ele sempre acreditou que o caminho para mudar a realidade das favelas é a atuação conjunta da sociedade civil, de empresas, da mídia e do governo municipal. “Muitos empresários querem contribuir, mas não conhecem os projetos, porque estão em uma espécie de redoma. Não temos acesso a eles, e eles não têm acesso a nós”. Para piorar a situação, a classe política, como um todo, só lembra das comunidades com fins políticos partidários e eleitorais. isto é Lamentável..

Nasce um projeto para fomentar a esperança e a alegria dos jovens do futuro.

É dentro deste contexto que começamos nosso bate papo com as fundadoras do PROJETO MULHERES DO BRONK’S 360º, com atuação nos dez bairros de atuação da região do JARDIM BANDEIRANTES. A conversa acompanhada de um delicioso café caseiro e um bolo de fubá cremoso teve a duração de quase duas horas enriquecedoras, mas, vamos tentar sintetizar os principais trechos para que você possa conhecer um projeto que precisa de sua ajuda. Confira;

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA: Porque MULHERES DO BRONK’S 360º ??

JANAINA DE PÁDUA DA SILVA, 33 ANOS (Presidente ) = Porque o grupo é formado somente por mães e mulheres da nossa comunidade do Bronk’s no Jardim Eldorado e 360º porque a nossa visão não é pensar só na nossa comunidade, mas, em todas as crianças e famílias que vivem em condições precárias ou de extrema pobreza, principalmente as residentes em áreas de riscos, na qual a gente já presta um atendimento.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Como nasceu o PROJETO MULHERES DO BRONK’S 360º e porquê ??

MAYARA SANTOS SILVA, 29 ANOS ( SECRETÁRIA )= Aconteceu diante de uma situação triste que presenciamos, onde na distribuição de cestas do ano passado no período da pandemia, algumas crianças criavam uma expectativa na abertura da cesta básica para ganhar doces e biscoitos e infelizmente se frustravam porque não havia. Foi então que se sensibilizamos e começamos a fazer uma campanha de arrecadação para confeccionar sacolinhas de doces e biscoitos variados e distribuímos para as crianças. Isto foi em agosto do ano passado. À partir deste momento sentimos a necessidade de fundar um projeto para ações sociais na comunidade.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : No dia 12 de outubro foi comemorado o dia das crianças. Vocês chegaram a realizar alguma atividade ou ação com as crianças ??

BRUNA FERNANDA LEAL SANTANA, 28 ANOS ( VICE PRESIDENTE ) : Sim. Realizamos o ano passado e este ano, com brincadeiras, atrações, brinquedos infláveis, etc…

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Qual o porquê do projeto ???

JANAINA DE PÁDUA SILVA : É simples. Nossa comunidade sempre é esquecida, nunca foi lembrada e quando é lembrada fica sempre com o que sobra. Aqui, as crianças não tem oportunidade para nada, espaço para nada, então resolvemos montar o projeto a exemplo dos grandes centros para tentar mudar esta realidade. Além das crianças, muitas famílias passam necessidades e então a fundação do projeto era algo necessário para que pudéssemos começar um processo de transformação e valorização de nossa comunidade.

MAYARA SANTOS SILVA : Para você ter ideia, o ano passado, quando a mulher do prefeito veio aqui distribuir cesta, ela mesmo falou que nunca tinha ouvido falar deste lugar e que não conhecia a nossa comunidade que existe há mais de 3 décadas. Nós ficamos indignadas…….como assim ???

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : O projeto irá focar somente em crianças ou irá desenvolver outras atividades e ações paralelas, principalmente com as mulheres ?

JANAINA DE PÁDUA SILVA : A nossa intenção é esta. Estamos em um processo de regularização para buscar nosso CNPJ e logo depois, nossa intenção é lutar por uma sede, um local próprio para desenvolvermos algo direcionado para as crianças, mas, também para as mulheres que perderam seus empregos ou que não conseguem oportunidades no mercado de trabalho por razões diversas. Na realidade nossa ideia é ter uma COOPERATIVA DE MÃES, para ensinar um artesanato, um corte e costura, panificação e outros. Porém, precisamos de um espaço, aliás, até tem um, mas, falta o dinheiro para comprar ou alugar. Pra você ter ideia já estamos providenciando os tambores para começar um trabalho com reciclagem, mas, falta justamente um local para centralizarmos as ações e desenvolvermos os projetos. Nós queremos o melhor para a comunidade, mas, precisamos de apoio do poder público, da classe política e de empresários.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Vocês mencionaram o processo de regularização. Em que etapa vocês estão e o que está faltando ??

BRUNA FERNANDA LEAL SANTANA : Nós realizamos algumas reuniões, estudamos a formatação, mas, ainda falta o básico como ; um computador, impressora, livro de ata, livro conta corrente, digitar as atas e registrar no cartório. Nós queremos estar regularizados, para sermos declarados de utilidade pública e buscarmos parcerias que venham a acrescentar dentro daquilo que almejamos para o bem comum.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Qual será a próxima ação de vocês e o que vocês precisam ??

BRUNA FERNANDA LEAL SANTANA : Bom, na realidade nós procuramos primeiro cadastrar todas as crianças carentes residentes na área de atuação do PROJETO e estamos organizando o NATAL DO BEM. Chegamos ao número de 180 crianças e agora estamos a procura de padrinhos e madrinhas para presenteá-los no natal, semelhante a campanha realizada pelos correios. A diferença é que não existe a cartinha. Nós resolvemos deixar a critério dos padrinhos. A intenção é coibir a manipulação de cartinhas com pedidos absurdos e deixar a critério da pessoa que for doar, escolher o presente que achar conveniente e dentro de suas possibilidades.

Adote uma criança e proporcione um natal feliz para ela.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Como irá funcionar e como a pessoa (Padrinho ou Madrinha ) pode ajudar, ou adotar uma criança ???

JANAINA DE PÁDUA SILVA : Nós temos a lista de nomes e que está sendo disponibilizada a todas as pessoas que solicitam via WhatsApp do PROJETO MULHERES DO BRONK’S 360º. A lista é separada por faixas de idade de 0 a 15 anos e para ajudar, a gente colocou o tamanho da roupa e a numeração do calçado. Então basta a pessoa entrar em contato com o nosso WhatsApp, solicitar a lista e escolher o nome da criança que irá adotar. O prazo para as adoções finaliza no dia 10 DE DEZEMBRO.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Como vocês irão distribuir os presentes para estas crianças ? Irá acontecer algum evento especial ??

JANAINA DE PÁDUA SILVA : Sim, por esta razão a gente solicita para que a pessoa que for adotar uma criança para doar algum presente, possa etiquetar o nome da mesma no presente. A gente pretende recolher todas as doações até 5 dias antes de um evento especial que estamos preparando para envolver toda a comunidade, que será uma CEIA COMUNITÁRIA, onde cada um trará alguma coisa e juntos faremos uma ceia, não de comida, mas, de um bolo, uma torta, um cachorro quente e assim por diante. Nesta mini ceia a gente então realizará a distribuição dos presentes.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Vocês teriam mais alguma coisa para acrescentar ou solicitar para as pessoas ??

MAYRA SANTOS SILVA : O maior desejo nosso com esta ação, é que todas as crianças seja alcançadas, então o nosso maior pedido é este; que as pessoas se sensibilizem e nos ajudem. Aqui ninguém objetiva o benefício próprio, APENAS A ALEGRIA E O SORRISO DE UMA CRIANÇA. Que fique bem claro que NÃO ESTIPULAMOS VALOR, então, toda doação é bem vinda. Se cada pessoa que ler essa matéria quiser nos ajudar, já seremos eternamente gratos, mas, principalmente as crianças terão um natal diferenciado, UM NATAL DO BEM.

BRUNA FERNANDA LEAL SANTANA : Qualquer presente serve, não há exigência para roupas, a pessoa pode doar o que quiser. Quem quiser doar roupas será ótimo, mas, brinquedos também serão aceitos de acordo com a faixa de idade. A criança que vive em extrema situação de pobreza como as que cadastramos, não tem outra expectativa de presente a não ser esta que estamos realizando. Temos muitos exemplos do que já aconteceu aqui, as crianças ganham aquilo que arrecadamos, porque os pais não tem condições de dar presentes. ISTO É UMA REALIDADE, por isto contamos com a ajuda de todos.

NADA PAGA UM SORRISO DE UMA CRIANÇA. O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA é parceiro desta iniciativa e convoca você que se sentiu tocado ou tocada, a fazer a sua parte. Basta ligar para (14 ) 99703-3527 acessar a lista e adotar uma criança. NESTE NATAL, FAÇA UMA CRIANÇA FELIZ.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.