Não há justificativa para a solicitação de qualquer edil ou vereador como queiram. Segundo o regimento interno da câmara municipal, o legislador pode simplesmente pedir vistas do projeto a ser analisado de 1 a 5 dias para melhor análise e pronto. E foi o que aconteceu novamente.

Depois de três adiamentos de votações por pedidos de vista dos vereadores Luis Eduardo Nardi e Danilo da Saúde por duas vezes, a deliberação sobre a aprovação ou não das contas da Prefeitura de Marília, nos anos 2003 e 2004, na gestão do então prefeito Abelardo Camarinha (Podemos) que deveria ser apreciada na sessão de ontem (16), foi novamente adiada.

Para surpresa de todos, a vereadora Vânia Ramos foi a nova autora do pedido de vistas, que queiram ou não, é regimental. O grande questionamento fica por conta do mistério que corre por trás dos seguidos pedidos. O vereador Marcos Custódio chegou a sugerir que o pedido de vistas seja até estendido para 20 dias, justamente para se evitar a repetição do processo em todas as sessões.

O processo já se arrasta há cerca de um mês e as contas que deveriam ter apreciadas e votadas acabam recebendo sucessivos pedidos de vistas (adiamentos) orquestrados por uma varinha mágica onde os vereadores que foram eleitos pedindo votos para Abelardo Camarinha nas eleições de 2020 protelam a analise em plenário e literalmente empurram com a barriga. Sempre lembrando, que já se aproxima um novo período de recesso parlamentar, que só retornará as atividades em Fevereiro/ 2022.

Apenas para recapitular, a primeira edilidade a solicitar vistas foi o vereador Luiz Eduardo Nardi (Podemos), durante a sessão do dia 25 de outubro. Na sequência, o vereador Danilo da Saúde (PSB) repetiu a estratégia nas duas sessões seguintes. O rito foi mantido pela nobre vereadora e pelo visto, a estratégia é ganhar tempo mesmo.

Na realidade, a votação pela rejeição das contas ocorreu no ano de 2008, quando o presidente da Câmara na ocasião era o vereador Eduardo Nascimento. Pareceres da Comissão de Finanças, Orçamento e Servidor Público, emitidos em abril deste ano, decidiram pela manutenção das decisões do TCE, ou seja, manutenção da reprovação das referidas contas. A Comissão é formada pelos vereadores Júnior Moraes (PL), Dr. Elio Ajeka (PP) e Marcos Custódio (Podemos).

Ocorre que, nas entrelinhas, Élio Ajeka e Marcos Custódio foram aliados de Camarinha, como candidatos a vereador, nas eleições do ano passado e se somam aos vereadores Ivan Negão, Luis Eduardo Nardi, Danilo da Saúde e a vereadora Vânia Ramos que foram eleitos apoiando a candidatura de Abelardo Camarinha.

Os sucessivos pedidos demonstram claramente a expectativa de se reverter o quadro e segundo fontes seguras, estaria faltando apenas um votinho para que isto venha a ocorrer. Uma reunião já teria ocorrido fechando questão a respeito do voto contra os pareceres do TCE. Para clarear os pensamentos basta fazer as contas, são necessários nove votos para aprovar o parecer, com isso, ganha-se tempo, até conseguir o quarto e valioso voto para reverter o processo. E assim caminha a humanidade, e claro, a politica de Marília, onde tudo é possível.

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