Neste final de semana, a cidade de Marília está sendo marcada por duas realidades completamente diferentes. De um lado a pseuda premiada gestão expertise que comemora chegada de duas réplicas de dinossauros a serem instaladas próximas à antiga biblioteca municipal e do outro uma população que cobra o mesmo empenho do prefeito municipal para tapar os milhares de buracos em ruas e avenidas do município, além claro, de contratar médicos para os postos de saúde e comprar medicamentos básicos para a farmácia municipal.

Ainda no campo das discussões, temos uma comemoração estendida pela publicação da revisa Isto É, em parceria com a consultoria Austin Rating da semana que passou, que classificou Curitiba como a melhor cidade do Brasil em qualidade de vida e situação fiscal, de acordo com o ranking “As melhores cidades do Brasil 2022”. Nesta mesma pesquisa ( acreditem se quiser), Marília aparece em primeiro lugar em RESPONSABILIDADE SOCIAL. A grande duvida que fica é que se a pesquisa foi baseada em relatórios enviados pela administração municipal ou se REALMENTE compareceu algum representante no município para percorrer as ruas e vielas da cidade.

Na duvida, nossa reportagem mais uma vez foi as ruas para se certificar do choque de verdades por trás deste debate. Vale acrescentar que, o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, desde a sua fundação, preza pela elaboração e produção de um jornalismo sério e imparcial que foca somente na verdade dos fatos. AQUI NÃO TEM OPOSIÇÃO E TAMPOUCO SITUAÇÃO. Nós temos POSIÇÃO DIANTE DO FATOS.

Diante das dezenas de denúncias que recebemos via ligações e mensagens em nossa redação após a publicação da primeira matéria a respeito do assunto, nos deslocamos diretamente a rua Bento de Abreu Filho, mais precisamente no local onde se localizava a antiga favela do linhão.

Ao chegar ao local, encontramos outra situação deprimente, onde a realidade dos fatos não condiz com o que foi divulgado a preço de ouro nos sites, jornais e outdoors da cidade. Aqui, definitivamente não existe nenhuma ação do poder público governante, ou seja; a tão comemorada RESPONSABILIDADE SOCIAL, não passou por aqui também. Confira nesta reportagem com este casal

Inicialmente conversamos com a esposa, que aliás, foi a primeira a residir no local e com as próprias mãos, conseguiu erguer a sua pequena moradia. Como de praxe, procuramos não citar os nomes, resumindo apenas nas iniciais e em alguns casos de forma fictícia. Aqui, em função das imagens, as mesmas são reais e o áudio desta matéria está a disposição das entidades e autoridades interessadas para se evitar que “baba-ovos” a rotulem como fake news. O nome dela é C.R.M, 54 anos, recicladora e do marido, N.C.P, 48 anos, também reciclador.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Você está morando aqui há quanto tempo e porquê ?

RESPOSTA C.R.M = Aqui faz 2 anos, antes eu morava lá em cima. Na realidade fazem 4 anos que eu moro na rua. Tudo aconteceu depois que meu marido morreu e eu não tinha para onde ir…

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Nesta situação ao relento, alguém da prefeitura lhe procurou para lhe oferecer ajuda, um auxilio moradia, cesta básica ou algo similar ?

RESPOSTA C.R.M = Nada, nada. Tudo o que a gente tem aqui, é comprado com o dinheiro que a gente ganha na reciclagem que fica aqui em frente. O senhor pode ver, essa marmita aqui nós pagamos R$ 20,00 reais e repartimos em dois. Tem dia que dá para comprar, tem dia que não.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Ninguém te ajuda com cesta básica pelo menos uma vez por mês ?

RESPOSTA C.R.M = Não, não, não. Eu sobrevivo com a reciclagem.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Aqui no seu barraquinho eu estou vendo que você só tem uma cama para você dormir. Mais nada ???

RESPOSTA C.R.M = É nossa cama e nossas roupas. Não cabe mais nada.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : E quando chove ou acontece um forte ventania, como vocês fazem ??? Não tem perigo de voar tudo pelos ares ?

RESPOSTA C.R.M = Agora não molha não. Meu marido arrumou tudo. Quando venta forte, a gente fica com medo, claro. Está apoiado em um árvore, então balança tudo, mas, não cai.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Eu estou vendo aqui, que vocês tem um fogão à gás, mas, não tem botijão, então vocês não tem onde fazer comida ?

RESPOSTA N.C.P = Esse fogão eu ganhei de um amigo que mora lá em cima. As vezes vem gente querendo comprar, mas eu não vendo não. Minha esperança é um dia a gente conseguir uma casinha para nós.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Vou fazer um questionamento um pouco íntimo, mas não tem jeito. Quando vocês querem tomar um banho ou fazer suas necessidades fisiológicas, como vocês fazem ?

RESPOSTA N.C.P = A gente vai ali na casa daquele senhor. Ele nos ajuda e cede o banho para nós. E quando a gente quer usar o banheiro ele também cede, as vezes dá uma comida, dá um café. Ele ajuda muito a gente.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Eu vou repetir de novo pergunta. Quer dizer então que durante todo esse tempo que vocês estão aqui, não passou e nem passa ninguém para extender uma ajuda para vocês ?

RESPOSTA C.R.M= Pra oferecer uma cesta básica ou para dar uma ajuda para nós, não passa ninguém. Pra não dizer, tem um pessoal de uma igreja que vem aqui, mas, somente para pregar uma palavra e vai embora. E tem um rapaz que passa de moto quase toda noite e deixa um lanche pra nós, um pedaço de pizza, as vezes uma marmita. A gente chama ele de motoqueiro de Deus. As vezes ele passa aqui de madrugada, deve ser a hora que ele saí do serviço.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Vocês são hostilizados aqui ? O pessoal reclama da presença de vocês por aqui ?

RESPOSTA N.C.P = Não, não. Muito pelo contrário. O único incômodo aqui é o barulho. A gente quase não dorme à noite devido ao barulho dos carros e motos, mas, fazer o quê ? O perigo é os próprios concorrentes. Já roubaram nosso carrinho três vezes e a gente teve que ir buscar lá em cima.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Quer dizer então, que o carrinho de reciclagem é a sobrevivência de vocês ?

RESPOSTA C.R.M : É o nosso ganha pão. E as vezes tem uns moradores amigos que ainda nos ajudam trazendo o material até aqui.

Neste momento, chega o morador C.A.J, 40 anos e que reside há três quadras do local, na rua Helena Sampaio Vidal. Indignado com a situação, ele se desloca quase que diariamente para oferecer ajuda ao casal.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Como o senhor analisa essa situação ?

RESPOSTA C.A.J = Difícil, muito difícil. Ninguém ajuda. Então eu venho aqui trago o que eu encontro na rua para eles. As vezes trago um café, outra hora uma comida. Dia de domingo, minha esposa faz uma comida e vem trazer para eles e assim a gente vai tentando amenizar, mas, é triste ver essa situação e o pior, o poder público não fazer nada.

SOLUÇÃO SIMPLES : O que é o Auxílio Aluguel? 

O que é o Auxílio Aluguel? Saiba como pedir o benefício

Embora saibamos que esta prática não é adotada no município, procuramos pesquisar algumas medidas para contemplar a exemplo de outras cidades, a situação deste casal e de outras pessoas que estão na rua não porque querem, mas, por falta de oportunidades. Em alguns casos não são viciados em drogas como a maioria costuma rotular, apenas, são os excluídos da sociedade e infelizmente de “alguns pseudo governantes”.

Encontramos o Auxílio Aluguel, que é uma medida de assistência social destinada, de forma emergencial, para as famílias que estão sem moradia por diversos motivos, como enchentes, deslizamentos de terra, incêndios, reintegração de posse em invasões irregulares, dentre outros. 

Basicamente, há dois tipos de Auxílio Aluguel disponíveis no Brasil, na qual se insere a cidade de Marília: Aluguel Social e o Auxílio Moradia.

  1. Aluguel Social: é um benefício disponibilizado pelo governo federal com pagamentos mensais para as famílias que perderam a moradia. Ele é regulado pela Lei Nº 8.742/93. De acordo com a legislação, o Aluguel Social é pago tempo determinado até a família beneficiária conseguir um novo local para morar ou ser incluída em programas habitacionais, como o Programa Casa Verde e Amarela
  2. Auxílio Moradia: enquanto o Aluguel Social é oferecido pela esfera federal, o Auxílio Moradia é um programa social de origem municipal. Ele também é destinado para famílias de baixa renda que foram vítimas de desastres naturais e não têm condições financeiras de conseguir uma moradia em tempo hábil. Entretanto, não são todas as prefeituras que disponibilizam o auxílio moradia, mas algumas delas até permitem incluir outros grupos sociais, como é o caso da prefeitura de São Paulo. Na capital paulista, mulheres vítimas de violência doméstica e com baixa renda podem solicitar o auxílio, por exemplo.

Quem tem direito ao Auxílio Aluguel?

Para participar do Aluguel Social do governo federal, as famílias precisam cumprir os seguintes requisitos:

  • Ser beneficiária do Auxílio Brasil;
  • Inscrição ativa no CadÚnico;
  • Participar do programa de Tarifa Social de Energia Elétrica;
  • Estar em situação de risco ou vulnerabilidade social após situações de calamidade pública ou após sofrerem remoções habitacionais.
  • Geralmente, os programas de auxílio moradia das prefeituras pedem os mesmos requisitos apresentados pelo governo federal. Embora cada município possa ter as suas próprias regras de liberação dos recursos.  

O valor do auxílio depende de cada caso e da prefeitura. Dessa forma, é importante buscar orientação dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) ou de secretarias municipais de Desenvolvimento Social ou Serviço Social. 

Geralmente, o valor pode ser de R$ 400,00 ao mês, durante 12 meses, com direito a prorrogação pelo mesmo período, como no caso de mulheres vítimas de violência doméstica que ganham até um quarto do salário mínimo e moram na cidade de São Paulo, por exemplo, que é uma das cidades a desenvolver esta politica social.

Apenas para finalizar, a senhora C.R.M, 54 anos a serem comemorados no dia 6 de agosto, é hipertensa e trabalha apenas no período matinal, pois, faz uso de medicação e não pode ficar exposta muito tempo ao sol. A mesma virou moradora de rua após a morte de seu marido que foi assassinado a cerca de 5 anos atrás. Para encerrar ficam algumas perguntas para análise de nossos leitores;

  • Será que na secretaria competente não tem ninguém que possa realizar um acompanhamento deste casal ou um encaminhamento para se obter o auxilio aluguel ?
  • Será necessário realizarmos uma “vaquinha” para acionar um advogado que possa auxilia-los juridicamente ?
  • Em meio a tantas fotos ao lado de cestas básicas, o fundo social de solidariedade, tão eficiente na época da saudosa Anadir Hila e da ex primeira dama Fátima Bulgarelli, não pode DE FATO fazer uma ação humanitária ?
  • O risco que as famílias que residiam neste local na famosa FAVELA DO LINHÃO, que motivou inclusiva uma ação do MP para a retira dos mesmos, não é o mesmo risco que corre este casal ?

Não iremos nem citar os nobres vereadores e vereadoras que discursam até bonito na tribuna ( alguns ), mas, devido ao recesso parlamentar, não serão encontrados.. MERECIDAS FÉRIAS, para a CÂMARA MUNICIPAL MAIS CARA DA HISTÓRIA, para uma produção no mínimo questionável.

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