Gilberto Dimenstein demonstrou arrependimento público sobre discussão online com o apresentador Marcelo Tas.

Um dos mais respeitados jornalistas do BrasilGilberto Dimenstein morreu na manhã desta sexta-feira (29), aos 63 anos, em consequência de metástase de câncer. Comandava o portal Catraca Livre, criado por ele em 2009. Trabalhou por 28 anos na Folha de S. Paulo, onde publicou matérias vencedoras de prêmios e transformou o próprio nome em grife jornalística.

Dimenstein é autor de mais de 10 livros e fundador do site Catraca Livre. Nas redes sociais, o site publicou uma nota sobre a morte do jornalista. “Morre hoje, 29, o jornalista Gilberto Dimenstein. A luta contra o câncer levou o fundador da Catraca Livre, mas sua determinação em construir uma comunidade mais igualitária, saudável e gentil, continua nesta página”.

O jornalista trabalhou em outros veículos além da Folha de S.Paulo, como por exempllo; Rádio CBN, O Globo, Jornal do Brasil, Correio Braziliense, Revista Veja e Educação.

No início de março deste ano, debilitado por conta da quimioterapia e consciente da ineficácia do tratamento, Dimenstein fez um post no Twitter para se desculpar com Marcelo Tas. Os dois haviam travado discussão áspera meses antes na mesma rede social.

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O motivo do desentendimento foram críticas do apresentador do programa Provocações, da TV Cultura, ao jornalista Glenn Greenwald, do site Intercept Brasil, onde foi publicada a série de matérias VazaJato, a partir do vazamento de mensagens entre integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato e o então juiz Sergio Moro.

Em resposta, Marcelo Tas agradeceu o tweet. “Admiro sua grandeza em reconhecer o erro, todos nós os cometemos. O assunto está superado. Receba meu afeto e desejo de saúde. Abração”, escreveu.

O jornalista em geral — seja isento, de direita ou esquerda — carrega a fama de arrogante. Compreensível. A maioria dos repórteres, editores, produtores e âncoras acredita ter missão especial no mundo. Comportam-se como seres superiores. Raramente se vê um profissional de imprensa pedir desculpas, muito menos quando ostenta status e poder.

Como o próprio Gilberto Dimenstein revelou em entrevista menos de três meses antes de morrer, o câncer o mudou de tal maneira que permitiu se redimir de falhas com incrível leveza de espírito. Atitude nobre e libertadora. Um belo último exemplo de hombridade.

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Em 2012, quando foi entrevistado por Antônio Abujamra (1932-2015) no Provocações, o comunicador falou a respeito de seu maior desejo enquanto cidadão. “O Brasil só vai ser um País realmente civilizado, importante, um País que voa, quando a elite, os políticos, a sociedade colocarem a ideia do conhecimento, da educação, como uma questão de vida e morte. Eu queria morrer, queria ir embora com a sensação de que o Brasil é um lugar que coloca a importância do conhecimento em primeiro lugar.”

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A última mensagem de Gilberto Dimenstein no Twitter, em 16 de maio, foi o registro da morte do também jornalista Luiz Maklouf Carvalho, igualmente vitimado por um câncer.

Dimenstein deixa dois filhos, Marcos Dimenstein e Gabriel Dimenstein, a esposa, Anna Penido, e um neto. E o jornalismo perde um grande profissional.

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