Poucos irão se lembrar, mas, ele cantou o município de Marília em prosa e verso com uma composição que homenageou a cidade e foi sucesso em todo o Brasil. A MPB hoje amanheceu de luto, com a perda de um dos mais respeitados cantores.

O cantor e compositor Moraes Moreira morreu nesta segunda-feira (13), aos 72 anos, no Rio de Janeiro. O músico foi encontrado morto no apartamento onde morava e a causa do óbito ainda é desconhecida. Sabe-se porém, que o mesmo sofria de problemas gástricos ( úlcera ).

Na década de 1970, o músico integrou a banda Novos Baianos, um dos principais nomes da MPB, ao lado de Baby do Brasil e Pepeu Gomes. O segundo disco do grupo, “Acabou Chorare” (1972), foi considerado pela revista Rolling Stone como o melhor da música brasileira.

Depois, em 1975, deixou o grupo para seguir carreira solo. Em todos os seus projetos (Novos Baianos, álbuns solo, Trio Elétrico Dodô e Osmar e parcerias com Pepeu Gomes), Moraes Moreira deixa um legado de 60 discos.

Em seguida, engatou uma bem-sucedida carreira solo, que gerou 29 discos de estúdio. Entre os sucessos compostos por Moraes estão A Menina DançaLá Vem o Brasil Descendo a LadeiraPreta PretinhaBesta é Tu e Acabou Chorare.

NO ANO DE 2016, UM GRANDE SHOW NO TEATRO EM MARÍLIA

Em junho de 2016, Moares Moreira fez um show no Teatro Municipal de Marília. “Estou matando a saudade de Marília. Essa cidade é muito especial para mim. Me inspirou na música composta há 35 anos. Estou emocionado mesmo”, disse ele ao ser aplaudido de pé pela platéia, ao final da apresentação.

A música “Mulher e Cidade Marília ” foi composta em 1981. Na época, o cantor veio fazer um show no Yara Clube e ao passar diante da Prefeitura Municipal leu a frase escrita no prédio “Marília, Símbolo de Amor e Liberdade”.

“Estava no ônibus com a banda. Na hora peguei o violão e fiz a canção. Minha esposa na época também tinha o nome Marília”, lembrou. 

Relembre a composição de Moraes Moreira para a cidade de Marília.

Nascido em Ituaçu, na Bahia, o cantor se projetou na carreira com o grupo Novos Baianos, ao lado de Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor e Luia Galvão, poeta com quem escreveu os sucessos Preta Pretinha e Mistério do Planeta. 

Paulinho Boca de Cantor, amigo inseparável, confirmou a morte hoje pela manhã. Na redes sociais, é grande a manifestação de artistas, compositores e fãs renomados do cantor. Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e sepultamento.

Moraes se tornou conhecido por ser um dos mais versáteis compositores e instrumentistas do Brasil, misturando ritmos como frevo, baião, rock, samba, choro e até mesmo música erudita.

Além dos trabalhos solo e da atuação nos Novos Baianos, Moraes foi um frequente colaborador do trio elétrico de Dodo e Osmar, um dos principais da história do carnaval de Salvador.

O último disco de inéditas do músico foi Revolta dos Ritmos (2012), com 12 composições inéditas. Paralelo a esse CD solo e ao retorno dos Novos Baianos, em 2015, nos últimos anos Moraes também viajou pelo Brasil ao lado do seu filho, o também guitarrista Davi Moraes. 

Em último post, Moraes Moreira escreveu cordel sobre coronavírus

Moraes Moreira

“Estou entre minha casa e escritório, que ficam próximos, cumprindo minha quarentena”, disse o cantor e compositor, em 18 de março

Semanas antes de morrer, Moraes Moreira andava preocupado com a pandemia do novo coronavírus. Tanto que seu último post nas redes sociais, em 18 de março, trouxe um cordel intitulado Quarentena. Confira ;

QUARENTENA

Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida

Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo

Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito

De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia

Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido

Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta

Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia

As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres

O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade”

No dia 13 de março, Moraes Moreira se despediu dos palcos com um show no Clube Manouche, na Zona Sul do Rio. No repertório, músicas que o formaram como artista. Neste vídeo, um trecho de Canta, Brasil, de Alcyr Pires Vermelho e David Nasser. ASSISTA COM EXCLUSIVIDADE IMAGENS DO ÚLTIMO SHOW DE MORAES MOREIRA.

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