Chris Hughes, que deixou a empresa em 2007, alerta para o perigo do monopólio das redes sociais: “Assumo a responsabilidade de não acionar o alarme mais cedo”.

Mark Zuckerberg prometeu, recentemente, medidas mais fortes na proteção de privacidade nas suas redes sociais, sendo a introdução da criptografia no Messenger  um desses esforços. No entanto, esses anúncios parecem não ter iludido o co-fundador do Facebook, Chris Hughes, que reforça que a companhia se transformou em um verdadeiro monopólio e que o seu CEO possui um poder inabalável.

Nesta quinta-feira, 9, em um artigo publicado no New York Times, Hughes pediu pela fragmentação do Facebook. Ele afirma estar com medo de que Zuckerberg tenha se cercado de uma equipe que não o desafia, o que transfere ao governo o dever de refrear seu “poder inquestionável” e mantê-lo na linha. Além de controlar o Facebook, o Instagram e o WhatsApp, Zuckerberg detém 60% da parcela dos votos na diretoria da empresa, de acordo com Hughes.

“Somos uma nação com uma tradição de regulamentar os monopólios, não importa o quanto os líderes dessas empresas sejam bem-intencionados. O poder de Mark é inédito e antiamericano”, escreve Hughes ao NYT.

Em comunicado via email, Nick Clegg, vice-presidente de assuntos e relações internacionais do Facebook, reforça que a companhia reconhece que, com o sucesso, vem a prestação de contas. “Você não reforça a responsabilidade ao clamar a dissolução de uma empresa norte-americana de sucesso”, afirma Clegg. “A prestação de contas das companhias de tecnologia só pode ser alcançada através de uma introdução meticulosa de novas regras para a internet. Isso é exatamente o que Mark Zuckerberg quer.”

Hughes alerta: ou agora, ou nunca mais

Para Hughes, a Comissão Federal de Comércio (FTC) cometeu um grande erro ao deixar o Facebook adquirir o Instagram e o WhatsApp – e agora o tempo está se esgotando para resolver isso de uma forma mais fácil. O co-fundador explica: “Até recentemente, o WhatsApp e o Instagram eram administrados como plataformas independentes dentro da empresa-mãe, o que facilitaria o processo. Mas o tempo é precioso: o Facebook está trabalhando rapidamente para integrar os três, o que tornaria mais difícil para a FTC dividi-los.”

Mesmo com uma fragmentação, além do Facebook ainda se manter lucrativo, o problema não estaria perto de ser resolvido, de acordo com Hughes. Para ele, que deixou o Facebook em 2007, é necessário que uma nova agência assegure que as empresas de tecnologia protejam a privacidade dos usuários e criem diretrizes para discursos aceitáveis nas redes sociais. E mesmo que essa fragemtação não seja bem-sucedida, pressionar por mais supervisão já seria uma boa medida.

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