No ato mais esperado desta terça-feira (30), e após dois anos sem estar em um partido político, o presidente Jair Bolsonaro assinou sua filiação ao Partido Liberal (PL) em Brasília.  Durante o evento, tocou a versão do funk “Baile de Favela” que as comunistas comem “ração na tigela” e que Ciro Gomes é um Zé Ruela.

A paródia foi criada ainda na campanha de 2018 por Tales Volpi Fernandes, conhecido como MC Reaça,que, segundo a polícia, foi encontrado à beira da Rodovia D. Pedro I, em Valinhos, em São Paulo e a Polícia Civil registrou o caso como “possível suicídio”, em 2019. 

Confira com exclusividade a letra da versão de ‘Baile de Favela’:

“Ele veio quente e hoje tá fervendo
Quer desafiar? Não tô entendendo
Para votar Bolsonaro minha mão já tá tremendo

Dou para CUT pão com mortadela
E pras feministas ração na tigela
As mina de direita são as top mais bela
Enquanto as de esquerda têm mais pelo que cadela

Bolsonaro salta de paraquedas
Bolsonaro, capitão da reserva
E o Bolsonaro casou com a cinderela
Enquanto o Jean Wyllys só tava vendo novela

Maria do Rosário não sabe lavar panela
Jandira Feghali nunca morou na favela
Luciana Genro apoia os sem terra
Mas não dá o endereço para invadirem a casa dela

Essa juventude só se degenera
Pega o Paulo Freire e manda pra estratosfera
Um Brasil pra frente é o que o povo espera
Vamos distribuir livro do Olavo pra galera

Ciro Gomes baita ‘Zé Ruela’
Lula preso dentro de uma cela
Paga de comuna e mente à vera
Mas vai pra Nova York
Quando pode a Manuela”

O ato de filiação ocorreu no Dia do Evangélico, no Complexo Brasil 21, em Brasília, e contou com a presença de parlamentares e titulares da Esplanada. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o senador Flávio Bolsonaro, filho “zero um” do presidente, também se filiaram hoje ao PL.

No discurso de posse, Bolsonaro agradeceu Costa Neto pela “confiança”, mas ponderou que a escolha do partido “não foi fácil”. “Obviamente isso nos deixa bastante felizes. Sinal de que somos queridos. Não podemos agradar a todos, mas fazemos o possível”, declarou o presidente. “Nenhum partido será esquecido por nós”, garantiu. “Queremos composição nos Estados”.

O presidente ainda voltou a elogiar o ministro do STF Kassio Nunes Marques, indicado por ele à Corte – “um ministro que tem feito o seu trabalho” – e reiterou elogios ao seu nome para a vaga em aberto, André Mendonça. “André conversou com todos os senadores”, afirmou. Em seguida, o chefe do Executivo declarou que nunca vai apresentar uma proposta para controlar a mídia ou as redes sociais.

Bolsonaro encerrou seu discurso entoando o lema de 2018: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Histórico

A filiação, originalmente, estava marcada para o dia 22 de novembro, mas foi adiada após desentendimentos entre Bolsonaro e o presidente do PL. Isso porque o presidente exigiu que a sigla desembarcasse do apoio prometido à candidatura do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes, condição atendida por Valdemar Costa Neto.

De acordo com Bolsonaro, o PL ainda se comprometeu a não firmar alianças formais com partidos de esquerda nas eleições de 2022.

A filiação de Bolsonaro ao PL vem após o fracasso do presidente em criar um partido para chamar de seu, o Aliança pelo Brasil. Sem conseguir as assinaturas necessárias, o chefe do Executivo tentou levar legendas como o Patriota e o PRTB de “porteira fechada”, mas também não conseguiu.

Foi justamente a exigência por um controle maior da atividade partidária que culminou no desentendimento público entre Bolsonaro e a sigla pela qual conquistou o comando do País, o PSL. O presidente também negociou com o Progressistas e chegou a receber convite para entrar no PTB.

Em 2018, Bolsonaro fez uma campanha marcada por críticas ao Centrão. À época, disse que o então candidato Geraldo Alckmin, que tinha o PL na aliança, teria se associado ao pior da política. Hoje, o Centrão está no coração do governo: Bolsonaro entregou a Casa Civil, o principal ministério da Esplanada, para Ciro Nogueira, então presidente do Progressistas, legenda que é expoente do bloco.

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