Olá meus amigos (as ) leitores (as) deste jornal. Hoje é uma data festiva para quase todas as famílias, eu disse quase, porque em nosso país, mais de 422 mil pessoas perderam suas vidas e entra elas, muitas mães e ao mesmo tempo, muitos filhos. Em nossa cidade, 526 vítimas fatais onde, boa parte delas nas filas de espera do PA sul e UPA da zona norte e, com a mesma realidade, a dor que não permite em nada realizar uma comemoração neste dia, apenas um lágrima enlutada.

Já algum tempo venho notando a agressividade do vírus em nossa cidade por falta de medidas mais efetivas da administração municipal, e por esta razão, o avanço dos casos de contaminação. O que mais me chamou a atenção foi a velocidade do estágio da doença, que em poucos dias aponta o sintoma e logo depois já invade todo o sistema respiratório sem dar qualquer chance de efeito para qualquer medicação. Foi assim que perdemos um grande amigo, Andraus Andrade, que internou em uma quinta feira e faleceu na segunda feira seguinte.

Fui então pesquisar e acabei por descobrir aquilo que, demoraram muito tempo para divulgar, as variantes da coronavírus haviam invadido a cidade de uma forma aterrorizadora. Segundo declarações do próprio secretário municipal da saúde, Marília estava contaminada com 9 variantes e a terrível Cepa de Manaus.

A própria Secretaria estadual da Saúde de São Paulo divulgou no final do mês de abril, um estudo sobre as principais variantes do coronavírus SARS-CoV-2 em circulação no estado. De acordo com mas mais 1,4 mil amostras analisadas pelo Instituto Adolfo Lutz, a variante de Manaus (P.1) do vírus da COVID-19, pasmem, já era predominante.

Dos 1.439 sequenciamentos genéticos de amostras do coronavírus realizados pelo Instituto, 90% delas tinham prevalência da variante P.1. Em comparação, o estudo também observou que a prevalência da cepa quadruplicou em apenas três meses no estado. Isso porque, em janeiro, a variante representava 20% dos sequenciamentos. Em fevereiro, 40%. Em março, 80%.  

Para que vocês possam dimensionar a gravidade, até outubro do ano passado, o cenário epidemiológico era bastante diferente e a variante B.1.1.28 é que predominava em todo o estado. Na época, chegou a ultrapassar 90% do sequenciamento e, agora, não é mais considerada um risco.

De acordo com o levantamento da Saúde, a variante P.1 está presente em todos os 17 departamentos de saúde do estado, incluindo a nossa Marília. No entanto, a cepa de Manaus não é a prevalente em apenas duas regiões, São José do Rio Preto e Presidente Prudente, onde a P.2 (que foi identificada primeiro no Rio de Janeiro) é mais identificada.

No total, o Adolfo Lutz observou 21 linhagens diferentes do novo coronavírus em circulação, incluindo as VOCs (variantes de preocupação). Entre elas, as três variantes de atenção são: a P.1, de Manaus, como já citado; a B.1.1.7, do Reino Unido; e a B.1.351, da África do Sul. No momento, a variante sul-africana tem uma baixa circulação no estado.

O risco da Variante de Manaus em Marília oscilando com a demais.

Número de casos e mortos subiu muito em Manaus nos últimos dias - Reuters

Pesquisadores no Brasil acreditam que a nova variante do coronavírus identificada no Amazonas pode estar por trás do caos vivido nos últimos dias em Manaus e, em Marília não é diferente se considerarmos que o número de mortes nos primeiros 4 meses deste anos, já superaram todo o ano de 2020.

O mesmo sofrimento que o sistema de saúde da capital do Amazonas sofreu com a falta de oxigênio, de leitos de UTI e equipamentos como kit intubação para lidar com o forte aumento no número de internações ocorreu em nossa cidade onde pacientes chegaram a morrer em macas ou agonizar em cadeiras por falta de leito.

Existe sim a possibilidade, que jamais a secretaria da saúde ou administração municipal irão admitir publicamente de que, a nova variante tem maior poder de contágio por conta das mutações que ela apresentou na posição 484 e 501, que mutações associadas a esse potencial de mais transmissão, isto porque essa nova cepa se programa muito mais rapidamente que todas as 9 variantes citadas pelo secretário da saúde que circularam antes em nossa cidade.

Contando com o auxilio de um amigo infectologista que preferiu não se identificar temendo represálias, ele me esclareceu que um grupo coordenado por Ester Sabino, da Universidade de São Paulo (USP), e Nuno Faria, da Universidade de Oxford (Reino Unido), se basearam na análise genômica de 184 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes diagnosticados com Covid-19 em um laboratório de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.

Por meio de modelagem matemática, cruzando dados genômicos e de mortalidade, a equipe do CADDE calcula que a P.1. seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível que as linhagens que a precederam. Os cientistas estimam ainda que em parte dos indivíduos já infectados pelo Sars-CoV-2 – algo entre 25% e 61% – a nova variante seja capaz de driblar o sistema imune e causar uma nova infecção. O trabalho de modelagem foi feito em colaboração com pesquisadores do Imperial College London (Reino Unido).

Esses números são uma aproximação, pois se trata de um modelo. De qualquer modo, a mensagem que os dados passam é: mesmo quem já teve Covid-19 precisa continuar se precavendo. A nova cepa é mais transmissível e pode infectar até mesmo quem já tem anticorpos contra o novo coronavírus. Foi isso que aconteceu em Manaus e, é o que está ocorrendo em nossa Marília, infelizmente.

Por incrível que pareça, a maior parte da população da já tinha imunidade e mesmo assim houve uma grande epidemia, ou seja, caso não sejam tomadas medidas mais agressivas de combate ao contágio, infelizmente tenho a dizer que situação irá piorar ainda mais.

Eu pensei muito antes de escrever esta coluna, mas, se faz necessário que as autoridades acordem para o óbvio antes que o número de covas no cemitério sejam insuficientes e manifestações pacíficas iguais a que ocorreram na manhã do último sábado (8) se tornem protestos mais agressivos manifestando a real revolta da população.

Lourivaldo Carvalho Balieiro é empreendedor desportista, comerciante e colunista do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA.

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