Estamos vivendo momentos de flexibilização errática do isolamento social, algumas regiões ganham mais flexibilidades, outras voltam a endurecer por conta do recrudescimento da demanda por escassos leitos de UTI.

Parece que perdemos a oportunidade de controlar a curva de contaminação no seu início, deixando de aprender com os erros e acertos dos países que sofreram os primeiros impactos da pandemia, tendo um isolamento social de baixa qualidade que vai nos tomar mais tempo para voltar a ter uma rotina mais próxima do que se costumou dizer de “o novo normal”.

A falta de uma coordenação de esforços do poder público e a politização de assuntos puramente tecno-científicos levou a desinformação e desmobilização de boa parte de nossa sociedade.

Apesar disso, os primeiros indicadores de atividade econômica a partir parecem indicar que os piores cenários, queda superior a 10% do PIB, podem ser descartados. O relatório Focus, que vinha sempre aumentando a queda prevista para o PIB semana após semana, apontou uma melhora.

Entretanto, dado o alastramento da doença em todo o território nacional e a volta errática (e prematura?) às atividades “não essenciais”, isso deverá comprometer, pelo menos parcialmente, o ritmo esperado da retomada.
O desemprego deverá ter uma piora até o final do ano.

A taxa de desemprego de acordo com a Pnad contínua do IBGE, ainda é baixa por causa da baixa procura por emprego. Mas, o que chamou a atenção de todos é que praticamente metada da população economicamente ativa está sem emprego formal ou informal.

Muitos entenderam que não compensava buscar emprego quando muitas empresas estavam fechadas ou demitindo. A recuperação do emprego tenderá a ser mais devagar do que toda a economia, pois os setores de que mais empregam, tendem a ter uma retomada mais tarde e lenta. É o caso do setor de turismo, bares e restaurantes, dentre outros.

O aumento do comércio eletrônico também é um fator que deve mudar a estrutura do comércio tradicional, diminuindo a capacidade de oferta de emprego. Partindo desse ambiente tumultuado nessa fase de flexibilização, das medidas de compensação de queda de renda de uma parcela nada desprezível da população e aumento do crédito ao setor privado, a força da retomada está ligada agora às expectativas em relação a continuidade e eventual aceleração das reformas econômicas.

Já as reformas econômicas voltadas para o controle de gastos e a melhoria do sistema tributário, além de afetar as perspectivas de crescimento de médio e longo prazos, podem também trazer confiança no curto prazo aos empresários e consumidores.

A celebração do Dia dos Pais apresentou sinais de reação econômica no comércio. Nossa pertagem esteve conversando com alguns lojistas que estiveram atentos quanto ao comportamento dos consumidores nos dias que antecederam as vendas para os pais no segundo domingo do mês.

Um bom número de comerciantes observou um grande volume de consumidores entre as lojas e vendas acima do normal na quarentena. O ticket médio de vendas não foi baixo e muitos consumidores pesquisaram antes de comprar nas lojas. Verdade é, que: O movimento surpreendeu e devolveu o ânimo aos comerciantes que, agora se alinham para a reta de final de ano.

Enfim, o caminho para a retomada ainda nos reserva uma série de incertezas e desafios, mas, com uma expectativa mais positiva do que antes.

LOURIVAL CARVALHO BALIEIRO

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