Estudos apontam que os imunizantes da Pfizer e AstraZeneca previnem hospitalizações causadas pela cepa indiana, que já está em circulação no Brasil

A variante Delta da Covid-19, registrada pela primeira vez na Índia, já foi detectada em mais de 90 países, inclusive no Brasil. Até o momento, o Ministério da Saúde registrou duas mortes causadas pela cepa, uma grávida de 42 anos em Apucarana, no interior do Paraná, e um homem de 54 anos, tripulante de um navio na costa do Maranhão.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) do Rio confirmou na última segunda-feira (5) os primeiros dois casos de infecção de Covid-19 pela variante Delta, originária da Índia. Os registros ocorreram nas cidades de Seropédica e São João do Meriti, ambas na região metropolitana.

São Paulo também registrou um caso da variante indiana. O primeiro caso da variante Delta do novo coronavírus, originalmente detectada na Índia, foi confirmado na cidade de São Paulo. Segundo a Prefeitura, um homem de 45 anos testou positivo para a variante e está sob monitoramento. A propagação dessa cepa, considerada de preocupação global, tem forçado diferentes países a adotar novas medidas restritivas.

Segundo a SES, os casos foram confirmados a partir de amostras registradas nos dias 16 e 17 de junho em um homem de 30 anos e em uma mulher de 22. “Os municípios já foram comunicados e estão realizando a investigação epidemiológica para identificar se são casos importados ou autóctones, ou seja, adquiridos dentro do estado”, informou a secretaria.

Recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sobre a variante, que tem transmissão mais rápida e pode aproveitar o relaxamento das medidas sanitárias para se expandir. A entidade pediu que os governos redobrem a prevenção, mesmo em países com vacinação avançada, e reforçou que o cenário na América Latina é preocupante. Mas, afinal, as vacinas são eficazes contra a variante Delta da Covid-19 ?

Um estudo da Public Health England, agência de saúde pública do governo britânico, divulgado em junho, mostrou que a aplicação das duas doses do imunizante da AstraZeneca reduzem 92% das hospitalizações pela variante. Só com a primeira dose, a eficácia cai para 71%. Foram analisados 14.019 casos em pacientes com a cepa nos hospitais da Inglaterra entre 12 de abril e 4 de junho deste ano. Destes, 122 foram internados.

O estudo britânico também testou a vacina da Pfizer, que mostrou 94% de efetividade contra internações com a primeira dose e 96% após a segunda. Uma outra pesquisa inglesa, da Universidade de Oxford com participação de cientistas brasileiros da Fiocruz, sugeriu que a variante Delta tem mais chances de causar reinfecções pela doença.

Apesar disso, o estudo concluiu que vacinas de RNA mensageiro e vetor viral, como a AstraZeneca e Pfizer, são eficazes. No entanto, a capacidade de neutralizar a cepa é 2,5 vezes menor para o imunizante da Pfizer e 4,3 vezes menor para o da AstraZeneca. 

Nesta quinta-feira, 1, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) informou que as quatro vacinas aprovadas pela União Europeia – Pfizer, AstraZeneca, Johnson&Johnson e Moderna – são eficazes contra a cepa indiana. Porém, a entidade alerta que é necessário tomar as duas doses para estar protegido.

Além disso, a vacina da Janssen, que começou a ser aplicada no Brasil recentemente, fornece imunidade por pelo menos oito meses contra a variante Delta, segundo comunicado da empresa divulgado na última quinta-feira, 1º. O imunizante é o único aplicado com dose única até o momento.  

A CoronaVac, uma das vacinas mais utilizadas no Brasil, ainda não divulgou resultados sobre a eficácia contra a cepa. No entanto, a SinoVac, farmacêutica que produz o imunizante, afirmou que a vacina é eficaz contra as variantes brasileiras P.1 e P.2, detectadas pela primeira vez em Manaus e no Rio de Janeiro, respectivamente.

Um estudo chinês publicado pela revista científica Lancet em maio também concluiu que a CoronaVac é efetiva contra seis variantes da Covid-19, a britânica B.117, a B.1.429, identificada na Califórnia, a sul-africana B.1.351, a nova-iorquina B.1.526 e a brasileira P.1. 

Sputnik V e Moderna

Por enquanto, são utilizadas no Brasil os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca, CoronaVac e Johnson&Johnson. A vacina russa Sputnik V foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com restrições, mas as doses compradas ainda não foram entregues ao Ministério da Saúde.

A boa notícia é que o imunizante se mostrou 90% eficaz contra a variante Delta da Covid-19, segundo o fabricante, o Instituto Gamaleya. O Brasil também negocia a compra da vacina norte-americana da Moderna. A farmacêutica informou, em junho, que o imunizante previne contra a cepa indiana. Mesmo com o avanço da campanha vacinação, ainda é necessário estar atento às medidas de prevenção, como o distanciamento social, o uso de máscaras e álcool em gel. 

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