Apesar da alta dos juros básicos por conta da inflação, especialistas avisam que ainda é um bom momento para quem quer ter um imóvel para fugir do aluguel, porque as taxas, em torno de 9% ao ano, ainda estão abaixo da média histórica

Conquistar a casa própria é o sonho de muitos brasileiros, e ele pode não estar muito distante, porque os juros ainda estão convidativos. Os especialistas dizem que investir no imóvel próprio continua sendo um bom negócio. O comprador troca o aluguel — um gasto sem retorno algum — por uma prestação, que não deixa de ser um investimento, porque o bem tende a se valorizar.

“Os juros subiram, mas ainda estão abaixo da média histórica, e isso faz com que as prestações caibam no bolso dos consumidores”, avalia Eduardo Aroeira, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF). Ele lembra que os insumos usados pelo setor estão subindo muito e, mais a frente, isso vai ser repassado para o preço dos imóveis. “Portanto, quem puder comprar agora é o melhor momento“, acrescenta.

O fim da preocupação com o aluguel e a segurança financeira estão entre os principais motivos para comprar um imóvel. Além disso, há uma necessidade descoberta durante a pandemia: a busca de um ambiente mais espaçoso e aconchegante até para o home office, em franca expansão atualmente.

Conforme dados de uma pesquisa do Behup Group, 25% das pessoas mudaram de residência desde o início do isolamento, cerca de 20% tomaram a decisão por causa de casamento, 4,6% por separação, e uma parcela razoável por alta do aluguel (14,4%) ou pela necessidade de um lugar maior (12,5%).

Pressão inflacionária

Em março do ano passado, a taxa básica da economia (Selic) que estava no piso histórico de 2% anuais e voltou a subir. Devido à inflação elevada e persistente, tanto no Brasil quanto no exterior, o Banco Central promoveu altas consecutivas na Selic ao longo de 2021.

Atualmente, a taxa básica está em 9,25% anuais e analistas alertam que os juros podem ir até 12% ao ano. Logo, o momento atual é ideal para quem ainda quer comprar um imóvel. Mas tome cuidado: as mensalidades não podem comprometer mais do que 30% da renda familiar mensal.

Por conta da decisão do Banco Central, os cinco maiores bancos do país — Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander Brasil — elevaram suas taxas para aquisição da casa própria, que estão em torno de 9% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (TR). Um relatório do Santander projeta que, embora a procura por crédito tenha aumentado em 2021, o ritmo não deve se manter no ano que vem, justamente em razão dos aumentos dos juros.

Aliás, o mercado imobiliário manteve-se aquecido durante a pandemia, mas não está imune às dificuldades acentuadas pela inflação. Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip), houve queda de 3,9% nas concessões de crédito para compra de imóveis em outubro de 2021 em relação a setembro, ao passo que a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) aponta recuo de 9,5% nas vendas no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.

Setor importante

No Brasil, o mercado imobiliário tem importância para a economia, destaca Felipe Queiroz, economista e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo. “Pensando na cadeia como um todo, a construção civil é fundamental porque, além de empregar muitas pessoas — por consequência ativando a economia —, move uma série de cadeias produtivas”, explica.

Roberto Luís Troster, economista e consultor da Troster Associados e ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), compartilha da mesma visão. “O setor imobiliário contribui com mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses, foram R$ 194 bilhões em negócios, que não é pouca coisa“, diz. De acordo com Troster, porém, a contribuição poderia ser maior, especialmente em razão de um sistema de financiamento melhor. “Em outros países, a participação do setor é mais relevante. A situação do financiamento aqui no Brasil precisa ser melhorada”, acrescenta.

Na avaliação do ex-economista-chefe da Febraban, independentemente da forma de aquisição ou da situação da economia nacional, as pessoas vão continuar procurando imóveis. “Mas tudo vai depender do custo do financiamento da casa própria”, destaca.

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(foto: Thiago Fagundes)

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