Olá Meus Amigos e simpatizantes !!! Minha coluna automaticamente acabou se direcionando mais para a esfera política, no entanto, quando caminhamos pelas ruas de nossa cidade, os assuntos são diversos e, num final de semana esportivo o que mais se comenta é justamente o VAR, famoso Árbitro de Vídeo. Vamos lá ….

Sempre fui um defensor do uso da tecnologia para auxiliar a arbitragem no futebol, afinal , temos que acompanhar a evolução dos tempos. Chamava de “idiotas” os que se posicionavam contra essa ideia na Copa do Mundo. Pois começo a engrossar a turma dos idiotas, depois dessa (ainda) curtíssima experiência com o VAR.

O árbitro de vídeo foi pensado para ter “mínima interferência, e o máximo benefício”. O lema pode ser traduzido como “impedir grandes injustiças”. Ainda que para isso a gente modifique as características do jogo – sabíamos que as partidas iriam parar mais e o orgasmo coletivo com uma bola na rede estaria ameaçado, à espera da checagem dos lances. Mas valeria a pena, pois o VAR impediria alguns erros claros e graves da arbitragem.

Hoje, tenho sérias dúvidas se, de fato, vale a pena. Porque fazer justiça parcial, ou seletiva, não é fazer justiça. A emoção do “GOOOOOL” narrado pelo cronista esportiva, perdeu a graça, alias, ele nem grita mais, apenas cita o fato e narra – ” Vamos para o VAR”, kkkkkk.

É lindo que, com a ajuda da tecnologia, o VAR impeça a validação de um gol com a mão. Acontece que, para cada vez que tivermos um acerto, teremos também uma série de malefícios a serem colocados na balança. Nossa ainda curta experiência com o VAR já nos aponta a maior mudança na cultura do jogo: não poder mais gritar gol como “antigamente”.

E não vamos menosprezar isso, porque é essa explosão instantânea e coletiva que fez nosso amado esporte ter toda essa força, causar todo esse impacto emocional nas pessoas. Um gol pode até ser comparado a abalo sísmico em alguns lugares…

A comparação com outros esportes, para analisar lances capitais, simplesmente não é cabível. No vôlei e no tênis, temos centenas de pontos durante uma partida. Não há nada semelhante ao orgasmo do gol, momento tão único que às vezes nem acontece! Interromper as partidas por alguns segundos para analisar algo banal (foi dentro ou fora) não interfere em nada na dinâmica do vôlei e do tênis – no basquete está chato para caramba, pois lances de falta são interpretativos e têm me irritado à beça interromper um jogo para discuti-las no monitor.

A tecnologia só trouxe benefícios ao vôlei e ao tênis – até porque esses esportes, com transparência, souberam fazer dela um espetáculo à parte. No futebol, nem um toque de mão é simples, depende muito de interpretação. Até em alguns lances de impedimento pode haver interpretação! E quem está no estádio… tem uma experiência horrorosa.

A emoção fica congelada depois de um gol (qualquer gol), ninguém sabe por que razão, fica todo mundo com cara de otário, sem informação, esperando alguma sinalização: já posso comemorar, então? Talvez tudo melhore se o telão dos estádios exibir os lances em análise no futebol – como fazem no tênis e no vôlei. Mas é algo, ainda, a ser testado, pois, se torna trágico para o futebol aguardar 05 minutos para comemorar um gol ou uma decisão do Juiz, digo, do árbitro de vídeo.

Seria muita viagem trocar o VAR por um chip nos jogadores e na bola, capaz de detectar em tempo real impedimentos e quando a redonda entre ou não no gol, sai ou não das quatro linhas? Porque realmente me preocupa o impacto que o VAR, a longo prazo, terá na cultura do futebol, com essa demora em sabermos se podemos ou não comemorar ou lamentar um gol.

Pode ser que as próximas gerações já cresçam habituadas a isso e o tema seja tratado apenas como “papo de velho”. Mas, como eu disse, ainda não sabemos…

E por fim… o problema da justiça parcial. É gravíssimo. Peguemos exemplos práticos. No protocolo do VAR (não aguento mais essa palavra, “protocolo”), acertadamente não se pode cancelar a marcação de um escanteio que não aconteceu. Depois desse escanteio (marcado injustamente), pode sair um gol. Acontece, dirão, que o VAR não elimina todos os erros. Correto. Na jogada seguinte, o time que sofreu esse gol “injusto” tem um pênalti anulado com o auxílio do árbitro de vídeo, porque no lance seguinte, pelo maldito protocolo, o VAR podia “fazer justiça”. Entenderam meu ponto? É muito grave, pela dinâmica do futebol, poder fazer justiça apenas em algumas situações capitais.

Justiça seletiva não é justiça. O futebol continua potencialmente injusto com o VAR. Um lateral mal marcado pode ocasionar em gols. Uma falta não marcada no meio-campo pode ter reflexos graves na partida. Nada disso acontece em esportes como o tênis.

Essa semana de Estaduais, Copa do Brasil e Champions me deixou com saudade do “juiz ladrão”. Ele deixava rolar um gol irregular (porque não viu, claro) de vez em quando – é bom deixar claro, os erros sempre foram menores que os acertos.

Mas há outras coisas igualmente importantes, no futebol, que o acerto do árbitro. O VAR, infelizmente, nunca achei que fosse escrever isso, talvez ameace o que fez do futebol o esporte mais amado do mundo: a dinâmica do jogo, a explosão do gol que une pessoas a quilômetros de distância.

O que fez o futebol virar o esporte mais amado do mundo, sem comparação com nenhum outro, definitivamente, não é a pretensa “justiça na arbitragem”. Ela é apenas uma ilusão e munição para horas de debates inúteis. Com ou sem VAR…

Lourivaldo C. Balieiro, Comenta sobre o VAR que está esfriando a emoção do Futebol.

Lourivaldo C. Balieiro é comerciante, empreendedor social, influenciador digital e colunista do Jornal do Ônibus de Marília.

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