Números mostram que os vereadores negros (pretos e pardos) eleitos subiu de 42% em 2016, ano das últimas eleições municipais, para 45% agora.

A lista dos quase 60 mil vereadores eleitos em todo o país mostra que, assim como no caso dos candidatos a prefeito, diminuiu o fosso que separa negros de brancos, mulheres de homens, na ocupação dos cargos públicos no país. No caso das mulheres, porém, a distância a ser percorrida para que se chegue a uma situação de igualdade ainda é longa.

Os números mostram que os vereadores negros os  (pretos e pardos) eleitos subiu de 42% em 2016, ano das últimas eleições municipais, para 45% agora. Brancos caíram de 57% para 53,5%.

A divisão ainda não reflete à da população, na qual pretos e pardos somam 56%, mas está mais próxima da de candidatos lançados pelos partidos em 2020 — 50% negros, contra 48% brancos.

Mulheres

No caso das mulheres, também houve melhora, mas a diferença que as separa dos homens ainda é gigantesca. Neste ano elas conquistaram 16% das cadeiras nas Câmaras Municipais do país, contra 84% obtidas pelos homens.

Em 2016 eram 13,5% de mulheres e 86,5% de homens. Desde 2018 vigora regra que determina que os partidos destinem o dinheiro público de campanha de forma proporcional às candidaturas femininas que lançarem, nunca em patamares inferiores a 30%.

Eleições 2020: fosso entre brancos e negros nas Câmaras cai com cota racial  | O TEMPO

A professora Carol Dartora, 37, é a primeira mulher negra a ser eleita para a Câmara Municipal de Curitiba
Ivan Negão eleito para manter a representatividade negra na câmara municipal de Marília.

Algumas cidades terão uma mulher negra pela primeira vez na Câmara Municipal. è o caso de Curitiba, capital do Paraná, que contará com a professora Carol Dartora (PT), 37 em sua bancada. Em Marília, uma cidade considerada conservadora ao extremo, não foi possível esta conquista, mas, a bancada dos negros foi mantida com a eleição do jovem Ivan Negão, eleito com 1.606 votos para o mandato 2021-2024, o que significa apenas 8% de nosso Legislativo.

Determinação do STF

Entrou em vigor neste ano a determinação do Supremo Tribunal Federal para que os partidos distribuíssem de forma proporcional, entre negros e brancos, a bilionária verba pública de campanha.

A medida foi bastante criticada por dirigentes partidários e não foi cumprida até pelo menos a reta final do primeiro turno, assim como a cota de gênero.

Os dados dos vereadores eleitos em todo o país foram compilados pelo Movimento Transparência Partidária, a pedido da reportagem, com base em ferramenta desenvolvida pela agência de dados Volt Data Lab.


Após o resultado das eleições 2020, foi possível constatar que também houve evolução na presença de negros e mulheres no comando de prefeituras, em especial na disputa dos segundos turnos ( que reúnem as grandes cidades), apesar de os dados ainda demonstrarem haver uma distância grande, principalmente nos maiores municípios.

“A resistência dos partidos acabou trazendo uma dificuldade das pessoas colocarem o dinheiro dentro da campanha, vi muitas vezes as pessoas recebendo na última semana da campanha, e realmente isso dificulta muito a questão da visibilidade das pessoas”, afirma Irapuã Santana, que é doutor em direito pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e advogado voluntário da Educafro.

Segundo ele, o principal ganho por ora foi no debate criado para o estímulo do aumento da participação de pretos e pardos na política.

“As candidaturas antirracistas ganharam espaço e conseguiram aumento representativo, muito fomentado pelo debate, não tanto pelo dinheiro. Agora tem que ir atrás de fiscalizar, ver como ficou, para solidificar isso para 2022.”

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