A Polícia Civil concluiu, e deve encaminhar nesta sexta-feira (3) para o Ministério Público, o inquérito da morte do bebê de 2 anos que foi esquecido pela cuidadora dentro do carro em Bauru, distante 106 quilômetros de Marília.

Segundo a delegada Márcia Regina dos Santos, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a babá Glaucia Aparecida Luiz, de 35 anos, foi indiciada pelo crime de homicídio com dolo eventual. Ela está presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Pirajuí (SP).

O menino Arthur Oliveira dos Santos, filho do casal Fabrício Lucas dos Santos e Karina Oliveira de Souza dos Santos, estava sob os cuidados da suspeita no dia 25 de agosto. Segundo a polícia, Glaucia cuidava de mais de 10 crianças em sua casa com ajuda da filha, uma adolescente de 16 anos. O local funcionaria como uma creche, porém de forma irregular.

Para a polícia, Glaucia disse que saiu para levar uma das crianças e, como ela estava com outras três, entre elas Arthur, e não tinha onde deixá-los, todos foram levados juntos. Ela disse também que, ao voltar para casa, deixou Arthur por apenas 15 minutos no carro porque precisou trocar umas das crianças

Porém, imagens de circuito de segurança registraram o momento em que ela estaciona o carro, por volta da 13h45. E quando ela finalmente percebe que a criança está no carro, o relógio marcava 16h51.

Imagem mostra o menino no banco da frente do carro estacionado na rua em Bauru — Foto: Circuito de segurança/ Reprodução

As imagens também mostram Arthur se mexendo no carro por volta das 14h. Ele aparece no banco da frente próximo ao para-brisa, dando a impressão que tentava abrir a porta e bater no vidro.

O menino ficou por três horas no veículo no dia que foi o mais quente do ano até então, quando registrou 35,3°C às 16h. Segundo o pai de Arthur, o filho ficava sob os cuidados de Glaucia desde outubro do ano passado e nunca tinha se queixado de nada.

A defesa de Glaucia informou que vai entrar com o pedido de Habeas Corpus nos próximos dias. Segundo o advogado Lucas Hanada, não há requisitos no caso para necessidade de uma prisão preventiva.

“Ela tem as condições subjetivas de estar em liberdade. A prisão preventiva, além de ser em caráter excepcional, ela não é cabível quando as próprias medidas cautelares podem ser suficientes, e a defesa entende que elas são suficientes nesse caso. A liberdade dela não vai trazer nenhum prejuízo para ordem pública”, afirma.

Cuidadora foi presa em Bauru e deve passar por audiência de custódia nesta quinta-feira  — Foto: Fernanda Ubaid/ TV TEM

A defesa da cuidadora afirmou ainda que ela não teve a intenção de provocar a morte do menino.

“Glaucia e a família vêm colaborando veemente com as investigações, afim de esclarecer os fatos, até porque Glaucia não teve a intenção de levar a criança a óbito, tampouco de machucá-la. A defesa repassa as condolências e mais sinceros pêsames de Glaucia e sua família para os familiares do menino Arthur”, afirma o comunicado.

Com relação a atividade da creche irregular, a delegada da DDM informou que se trata de uma questão administrativa e não configura crime. Disse que prefeitura foi relatada dos fatos para fazer a fiscalização da qual é responsável.

Em nota, a Secretaria de Educação informou que faz a fiscalização de creches clandestinas quando há denúncias. Sendo constatada irregularidade, a pasta aciona os órgãos responsáveis, como Seplan, Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros, que podem autuar ou interditar o espaço.

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