Era manhã do dia 9 de março quando o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, com exclusividade publicava o desabafo do senhor Antonio Fernandes Moraes, comerciante e genro de uma das vítimas do bárbaro crime ocorrido no dia 25 de novembro de em um bar na rua Panamá, zona sul da cidade. Na oportunidade, sua nora Carla Silva de Moraes prestes a dar a luz foi brutalmente assassinada com um tiro na altura do pescoço.

Na ocasião, Moraes fez o seguinte relato a nossa reportagem; “Qualquer um que olhar os laudos do inquérito, irá comprovar que existe provas de sobra. Está tudo lá. Eu só gostaria que fosse executado. Que ocorresse aquilo que acontece em um processo ou num fato deste. Se passaram 100 dias, e até agora a gente não tem nem resposta. Eles alegam que nada podem revelar, pois, é uma investigação sigilosa. A peça documental está muito bem fundamentada com todas as informações com tudo na mão e até agora nada. Mais de 100 dias e toda a família vivendo esta drama. É muita revolta, é muita indignação em ver tudo acontecendo desse jeito e sem a gente poder fazer nada, e ainda estar correndo risco de vida. Nossa vontade agora, é ir embora da cidade de Marília, é muita dor”, finalizou lamentando.

Pois bem, passados pouco mais de 200 dias, eis que a justiça deu o seu veredito. Após um brilhante trabalho sob o comando do delegado Drº Luis Marcelo Perpétuo Sampaio, a DIG ( Delegacia de Investigações Gerais ) tornou público que concluiu o inquérito policial que apurou as mortes da dona de casa Carla Silva de Moraes, de 25 anos, no oitavo mês de gestação e também de Manoel da Silva Barreto, de 36, indiciando seis envolvidos no crime, e todos tiveram as prisões preventivas decretadas, sendo que três são considerados foragidos.

Relembrando o crime que praticamente destruiu uma família

Era noite do dia 25 de novembro de 2020, quando uma grávida de oito meses morreu após ser atingida por um tiro em um conhecido bar na rua Panamá, zona sul de Marília. O crime comoveu toda a cidade, e, até hoje trás sequelas para todos os familiares. Segundo informações que constam nos documentos oficiais da polícia, a mulher de apenas 25 anos estava com o marido no local. O casal havia chegado a poucos minutos, pois ela, a vítima tinha manifestado um desejo de comer um espetinho.

Quando efetuava o pagamento, dois homens chegaram em uma motocicleta e atiraram contra um outro cliente que estava no bar. Em meio ao tiroteio, uma das balas acabou atingindo o pescoço de Carla Silva de Moraes, que correu quando os tiros começaram. Ela foi socorrida primeiramente pelo marido, que a levou para o carro do casal estacionado em frente ao estabelecimento e aguardaram a chegada da ambulância.

Carla chegou a ser socorrida e levada para o pronto-socorro do Hospital das Clínicas, mas ela e o bebê não resistiram. O parto da criança estava agendado para o dia 20 de dezembro. Ainda segundo a polícia, a outra vítima que morreu no local, era Manoel da Silva Barreto, de 36 anos, que estava no bar com a esposa e conversava com Carla e o marido quando o atirador chegou. O homem estava na garupa da moto e foi em direção a Manoel.

A verdade apurada dos fatos.

Seis homens são indiciados por morte de zelador e mulher grávida de 8 meses  em bar de Marília | Bauru e Marília | G1

Como já era de se esperar o motivo principal apurado pelos policiais e investigadores do caso, teria sido o tráfico de drogas, envolvendo pessoas próximas ao principal alvo da ação. O inquérito relata que o irmão de Manoel teria subtraído droga de um outro traficante e por esta razão acabou sendo jurado de morte. A vítima teria sido assassinado como forma de facilitar a cobrança.

“Ele , a vítima, era considerado pelos desafetos o que na gíria do crime chamam de dedo mole, ou seja: pessoa propensa a matar alguém, para defender seu irmão. Segundo o entendimento deles, seria mais fácil cobrar o verdadeiro devedor ( no caso o irmão ), se ele a vítima Manoel, não pudesse mais defendê-lo. Desde o dia do ocorrido, essa pessoa (responsável pela subtração da droga) encontra-se escondida e não foi localizada”, declarou o delegado.

A polícia rastreou o mandante, identificando-o como Antônio Marcos Ferreira Lima, vulgo “Neguinho”, integrante de um grupo batizado de “Família Lima”, e que, segundo informações colhidas, comandaria o tráfico de drogas na região sul da cidade. O mesmo é um dos foragidos.

A frieza do ato foi tanta que, segundo o relatório da polícia, o mandante teria assistido ao crime de dentro de um carro que estava próximo, ao lado de mais três envolvidos, sendo que após a barbárie teria descido do veículo para conferir se os dois atiradores teriam concluído com sucesso a execução a qual lhes fora conferida.

No conclusivo dos trabalhos de investigação, a policia ainda identificou Leandro Pereira Martins e Diego Pereira Pinto ( que está preso), que foram efetivamente os autores dos disparos e que acabaram fugindo posteriormente em uma motocicleta. Os dois além de atingirem fatalmente Carla que estava gestante e Manoel, ainda teriam tentado matar o Marido de Carla e a esposa de Manoel que só não foram assassinados também, por erro de pontaria de um dos acusados e possível falta de munição na arma de seu comparsa.

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Outro envolvido no crime é Tayron Aparecido Ferreira de Abreu, que segundo a polícia, foi quem entregou a motocicleta à dupla de atiradores. A moto Honda CG de placa FWL-8938 foi tomada emprestada por Vitor dos Santos Gonçalves, que estava com o mandante e com Tayron na festa.

O sexto e último envolvido é Gabriel Augusto de Oliveira, que também esta foragido e, na ocasião era o motorista de um veículo Fiat Uno – emprestado de sua mulher – que transportou Neguinho, Tayron e Vitor, para acompanhar de perto a realização do crime.

RÁPIDA AÇÃO : Policiais da DIG agem com eficiência e conseguem prender  autores do crime que matou rapaz no distrito de Lácio. | Jornal do Onibus  Marília

Na qualificadora, os seis foram indiciados por dois homicídios triplamente qualificados, ou seja; motivo torpe que resultou em perigo comum e recurso que dificultou a defesa da vítima, além de provocar o aborto sem consentimento da gestante e mais duas tentativas de homicídio. As penas se somadas podem chegar até 110 anos de prisão em regime fechado, embora saibamos que no Brasil a pena máxima é de 30 anos, sem contar os benefícios do próprio sistema que automaticamente acabam reduzindo a pena e contemplando outros benefícios.


A DIG chegou a realizar oitivas com testemunhas e cumpriu mais de 15 mandados de busca na casa de suspeitos para embasar o veredito. Ao final, Drº Luis Marcelo declarou a imprensa; “Gostaria que ficasse consignado que houve extrema dedicação dos investigadores que atuaram no caso, principalmente, visando angariar as provas necessárias ao esclarecimento do crime. Todos os envolvidos são conhecidos nos meios policiais de longa data, a maioria deles com vasta ficha criminal. São pessoas consideradas de extrema periculosidade”, encerrou o delegado.

São então considerados foragidos; Leandro Pereira Martins, Antônio Marcos Ferreira Lima, vulgo “Neguinho” que foi considerado o mandante do crime e Gabriel Augusto de Oliveira. Após o veredito, nossa reportagem tentou entrar e contato com o senhor Antonio Fernandes de Moraes, mas, infelizmente não obteve sucesso.

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