O vídeo praticamente já mostrou a realidade dos fatos, no entanto, nosso inconformismo e solidariedade a população do Distrito de Dirceu nos leva a detalhar ainda mais aquilo que você não vê, ninguém mostra e tampouco publica, mas, aqui é O JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, jornalismo verdade com imparcialidade, independência e compromisso com a população.

Partindo direto para os fatos, não se faz necessário retornar muito ao tempo para recordar a propaganda patrocinada para ser divulgada de forma maciça nos principais veículos de comunicação da chamada grande mídia e também das pequenas sobre a tão propagada “Obra do século”.

Para sermos exatos, no dia 11 de dezembro de 2020, ou seja, há pouco mais de 8 meses, a Prefeitura de Marília (SP) afirmava ter inaugurado as obras da estação da Bacia do Palmital, a última de três etapas do sistema de tratamento de esgoto que já tinha em funcionamento as bacias do Pombo e do Barbosa. Com isso, segundo o discurso apresentado pela administração municipal, Marília tratava a partir de então 100% de seu esgoto.

Na realidade, a novela do tratamento do esgoto em Marília, já deu muito pano para manga e recursos que evaporaram de forma misteriosa. Ao longo de 30 anos, a obra passou por diversos impasses. Por 12 anos o projeto ficou engavetado e, em 2008, uma nova data de conclusão foi estabelecida: 2015. No entanto, mais uma vez sem sucesso. As obras foram retomadas em 2013.

Para saudosistas políticos, a pomposa cerimônia de inauguração contou com a presença do prefeito Daniel Alonso (PSDB) e do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, além claro, de diversas autoridades e representantes da edilidade municipal ( vereadores ).

O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o prefeito Daniel Alonso, durante inauguração do sistema — Foto: Mauro Abreu/Prefeitura de Marília/Divulgação

O discurso inflamado utilizou a mesma Chamada utilizada com ampla panfletagem e até produção de vídeo no governo do ex prefeito Mário Bulgareli, ou seja; “Obra do Século”, que teria sido concretizada em tempo recorde, tem 430 mil metros de construção, segundo consta no próprio site da prefeitura – equivalente a 80 estádios de futebol – e que se anunciava tratar 1.112 litros de esgoto por segundo, com um sistema de tratamento de última geração importado da Alemanha, país referência em tecnologia voltada para meio ambiente.

Pois bem, passados 8 meses, e após dezenas de telefonemas a nossa redação, deslocamos a reportagem ao local para checar as denuncias da féditina do córrego cincinatina ou palmital como queiram, que passou a incomodar centenas de sitiantes, chacareiros e moradores do Distrito de Dirceu, principalmente em dias quentes. Ao chegar ao local, confrontamos com uma realidade bem distante daquele spot que impulsionado nas redes sociais ou reproduzido em horários nobres de canais de TV aberta que operam em nossa região. Confira a realidade dos fatos;

No mesmo site da prefeitura a informação é de que a ETE da bacia do Palmital, a terceira e última etapa do projeto, ocupa uma área de 157 mil m² na zona Leste da cidade, ao lado do distrito de Dirceu, com acesso pelo final da Avenida Brigadeiro Eduardo Gomes. São duas grandes lagoas de aeração, medindo cada uma 133 metros de comprimento por 77,40m de largura e profundidade de 5 metros. Existem outras quatro lagoas de decantação, com 133m de comprimento por 7 metros de largura. A administração afirma que seriam tratados 487 litros de esgoto por segundo na bacia do Palmital.

O curioso em tudo isto, é o fato de gastar milhões em publicidade, como já citamos para anunciar que na cidade de Marília o esgoto é 100% tratado e que os rios estão sendo recuperados até, pasmem, com a volta de peixes ( no cincinatina, só se for lobosta). Confira o print de alguns trechos da caríssima publicidade paga com o dinheiro do contribuinte e, que não reflete a verdade;

Em um desabafo do chacareiro C.R.V.C que reside há décadas na região e que foi nosso entrevistado no vídeo que encabeça essa matéria, ele relata; “Neste momento em que todas as atenções se voltam para a atual crise hídrica, pela falta de chuvas, reservatórios vazios, etc. e que afeta o país em escala nacional, uma outra questão relativa a natureza e ao meio ambiente se coloca, aqui mesmo, no nosso quintal e sob nossos olhos. Questão essa que as autoridades, nas várias instancias da Administração municipal, órgãos e Instituições públicas, desidiosamente escondem sob seus grossos tapetes, se não, onde repousam sua rechonchudas nádegas. Exibem apenas aquilo que agrada aos olhos e rende votos .Mas, até quando ?”, lamentou.

Importa lembrar que em 2020 foi sancionada a lei do Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil, que estabelece, entre outros itens, a meta de até 2033,atingir 90% de coleta e TRATAMENTO DE ESGOTO. Prevê ainda a necessária execução de obras, tanto pelas Prefeituras, quanto através de contratos de concessão e/ou privatizações, com cláusulas de não interrupção dos serviços, qualidade dos mesmos, garantia de operação contínua, etc, etc., parecendo estar havendo desconhecimento, ou menosprezo desse ato.

De outra parte, a Cetesb/DEPRN tem como função mais ampla proteger os mananciais com programas de recuperação de matas ciliares ao longo das bacias hidrográficas , além do licenciamento e fiscalização ambiental. A expansão imobiliária verificada em áreas com características rurais, sem controle, sem assegurar o manejo sustentável, e sem controle da poluição está associada a formulação de politicas publicas municipais, relativas ao uso e ocupação do solo,infra estrutura, atividades industriais , etc.. Não obstante, é a Cetesb a responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento ambiental.

Nosso primeira entrevistado ainda acrescentou; ” Mesmo que se justifique uma possível inexistência de Posturas Municipais relacionadas ao meio ambiente, ainda assim, a ausência de interesse, ou vontade politica, de negligencia, omissão ou incompetência neste aspecto , constitui total irresponsabilidade, configurando-se, normativamente, como CRIME AMBIENTAL, devendo os responsáveis pelos órgãos envolvidos seja na concepção, aprovação, execução, manutenção e fiscalização do projeto serem responsabilizados perante a lei de regência, além da pratica de incúria, desídia e prevaricação. È o presente caso que ocorre em Marilia” destacou o morador.

As declarações da época no que diz respeito a metodologia a ser aplicada no local, não confere qual o atual cenário sobre o córrego até a ETE. Basta conferir a area situada no círculo vermelho, onde supostamente seria tratado o esgoto.

O que nos intriga é que a informação no site oficial destacar que, com a conclusão de 100% das obras das estações de tratamento de esgoto, teria sequência a etapa de finalização do tratamento com os recursos de mais R$1.500.000,00, vindos do Comitê de Bacias do Aguapeí-Peixe, em parceria com o Daee, na busca de emissários clandestinos e redes coletoras para concluir esse tratamento, prosseguindo assim a interligação dessas redes coletoras, deixando todo o sistema em operação e funcionamento em sua totalidade e, principalmente, retirando de todos os pontos de rios, córregos e afluentes qualquer lançamento de emissário clandestino de esgoto no município. O estranho é que; segundo os moradores da região, os problemas da fétidina só começou justamente após a inauguração da estação de tratamento, que fica há pouco mais de 200 metros do córrego.

Ouvimos também o sitiante R.C.S, de 62 anos, dos quais há 40 anos residentes no local. ” Isso aí está uma pouca vergonha, que começou depois que fizeram esse negócio de tratamento aqui. Outro dia, parou um carro da CETESB aqui e perguntou quem estaria jogando o esgoto no rio e eu logo pedi a eles que fossem perguntar na prefeitura, pois, foi gasto uma fortuna aqui, um dinheirão danado para fazer aquilo e ficou pior com uma água suja, com mal cheiro insuportável. O rio tietê perto disso aqui é uma praia de passeio. Moro aqui há 40 anos, e antigamente a gente até pescava aqui, hoje em dia, eu moro a cerca de 500 metros daqui, e tem dia que eu não consigo nem ficar na minha casinha. A gente passa por aqui, por que não tem outro caminho, senão..” finalizou ele.

Como foi anunciado o funcionamento do sistema de tratamento das estações.

O funcionamento das três Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) segundo as informações da gestora das obras, é dividido em sete etapas:

  • Gradeamento – O esgoto que vem das residências contém em média 1% de matéria orgânica e 99% de água. A primeira etapa do tratamento é a retenção de materiais grosseiros, como lixo, em um sistema formado por grades.
  • Desarenação – Na caixa de areia mecanizada, é feita a remoção dos sólidos presentes no esgoto, como areia, pedras, e detritos sólidos de pequeno tamanho, que passaram pelo gradeamento.
  • Geração de Ar Difuso – Três geradores de ar difuso importados produzem o ar que será injetado nas lagoas de aeração, em alta pressão. O sistema potencializa a proliferação de microrganismos que consumirão a matéria orgânica do esgoto, acelerando o processo biológico. O ar pode atingir uma temperatura de até 100°C.
  • Lagoas de Aeração – Recebem o esgoto já sem sólidos visíveis. Lá, ele é exposto à ação de microrganismos que promovem a degradação do esgoto e condensam em flocos a matéria orgânica, que até então estava dissolvida no esgoto. Nesta etapa são feitas verificações das características do esgoto para adequação do processo de tratamento, tais como a quantidade de ar para a flotação das partículas e a separação da água dos flocos resultante desta primeira etapa de tratamento.
  • Lagoas de Decantação – Após o tratamento biológico, o líquido resultante do processo é submetido a um processo de decantação. Os flocos formados vão para o fundo das lagoas, separando-se da parte líquida, que já está livre de impurezas. No fundo estes flocos se juntam a outros, formando o lodo.
  • Leito de Secagem – O lodo produzido durante o processo de decantação será retirado do fundo das lagoas, desidratado, colocado para secar no leito de secagem e posteriormente será transportado para um aterro sanitário especializado. O material após seco pode ser utilizado em diversas aplicações, desde a construção civil, adubo ou ser descartado em aterro sanitário sem provocar danos ao meio ambiente.
  • Devolução do Esgoto Tratado ao Meio Ambiente – O esgoto tratado é devolvido ao meio ambiente com aproximadamente 99% de pureza. Apesar de não ser potável, a água resultante do processo pode ser utilizada como água de reuso para lavagem de vias e praças públicas, irrigação, ou devolvida aos rios e córregos, sem poluir o meio ambiente.

Como se vê e testemunhamos ao lado dos moradores, ESTÁ CHEIRANDO COISA RUIM, e o que nos entristece é que, o poder legislativo já foi procurado, mas, até o momento nada fez de efetivo. A CETESB já esteve no local e o mais importante; o próprio diretor do DAEM em uma audiência pública chegou a confessar que o esgoto em Marília, realmente não é 100% tratado como deveria.

A ordem cronológica de narrativas coincidentes

Estação de Tratamento de Esgoto Bacia do Palmital tem 430 metros quadrados, o equivalente a 80 campos de futebol — Foto: Mauro Abreu/Prefeitura de Marília/Divulgação

As denúncias dos moradores, sitiantes e chacareiros entram em sintonia com a afirmação do próprio Diretor do Daem, como já citamos. Em uma audiência realizada com os nobres vereadores em Fevereiro último, ele de própria voz e em alto e bom som que o esgoto de Marília não é 100% tratado. Curiosamente, na sessão camarária seguinte, o presidente da câmara municipal, vereador Marcos Rezende que, em muitas situações se comporta como o líder de governo, acabou por afirmar na tribuna da casa, que o diretor da autarquia havia se enganado, e que o esgoto é realmente 100% tratado no município.

Em junho último, um veredito do TCE-SP, publicado pelo JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA apontou para apenas 12% do esgoto tratado, sendo que no entanto o discurso da gestor na ocasião era; ” Agora, mesmo ainda em fase de testes, 30% desse material passa a receber tratamento e no prazo de um mês outros 32% também seguirão um caminho parecido. Isso porque a previsão é de que em 30 dias a ETE da bacia do Barbosa também entre em fase de testes”.

A verdade começa a vir a tona quando publicações no Diário Oficial do Município apontam que obras para a construção de EMISSÁRIOS (tubulações que vão levar o esgoto captado nos bairros até as estações de tratamento), ainda estão em execução, ou seja; não foram concluídas coisa nenhuma.

Para um bom entendedor um pingo, é uma letra, fica claro que, se os emissários ainda não foram implantados, o esgoto produzido não chega ao local do tratamento, pelo menos não a totalidade do esgoto produzido em Marília, pagaram um fortuna em sites patrocinados e emissoras de televisão para que todos acreditassem. Para explicar melhor seria como instalar uma caixa d´água em uma casa e não colocar o cano que vai abastecer o reservatório.

O próprio Engenheiro Hélcio Freire do Carmo, Secretário Municipal de Obras Públicas, aquele mesmo que declarou que se ele cair, o gabinete inteiro cai com ele, confirmou que as obras de interligações do sistema de afastamento e tratamento do esgoto estão EM EXECUÇÃO nas três bacias, que por sua vez funcionam em “regime de pré-operação” e que, obviamente, apenas o esgoto que chega às estações está sendo tratado, “porém não se trata de todo o esgoto gerado”. Tal declaração, consta em um documento resposta ao requerimento feito pela MATRA questionando sobre o assunto. Confira;

Caberia até uma outra CPI sobre o assunto, mas, como infelizmente temos uma composição de vereadores, considerada uma das mais fracas da história de Marília, onde falar sobre investigação acaba provocando borrões e manchando as cadeiras dos nobres edis, isto se torna praticamente impossível, basta ver a CPI da Covid-19. Ressaltando aqui que, cabe algumas exceções e respeito para com alguns que honram os votos recebidos com ações em defesa do povo.

Dentro de nossa já tradicional conduta de imparcialidade, devido a publicação desta matéria ocorrer na manhã deste sábado, não mantivemos contatos com a prefeitura municipal, DAEM e a empresa responsável pela obras, no entanto, o espaço desde já, está aberto de forma democrática para suas manifestações a respeito do assunto.

Em síntese, a lebre foi levantada pelos moradores e o problema mais uma vez apresentado pelo JORNAL DO ÔNIBUS de MARÍLIA, o único veículo de comunicação realmente independente de nossa cidade e, que em junho último já havia publicado uma matéria a respeito do assunto. Com a palavra; OS NOBRES EDIS, CETESB, MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E DEMAIS AUTORIDADES CONSTÍTUIDAS.

DIRETO DA REDAÇÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.