Moésio Gomes (tricampeão estadual), Caiçara (bicampeão estadual), França (bicampeão estadual e vice-campeão da Taça Brasil em 1960), William Pontes (campeão da Copa Norte Nordeste de 1970), Zetti (treinador do acesso em 2006) e Ferdinando Teixeira (bicampeão estadual).

Estes disputavam no imaginário popular o direito de serem chamados como o melhor treinador da história de cem anos do Fortaleza. Disputavam

A imprensa cearense garante que acabou qualquer dúvida. O título pertence a Rogério Ceni após um ano e cinco meses com três títulos.

Campeão Cearense de 2019, Campeonato Brasileiro da Série B.

O terceiro veio ontem. Enquanto, por ironia, o São Paulo era eliminado da Copa do Brasil, seu maior ídolo conquistava como treinador a Copa do Nordeste.

“Os treinadores anteriores tiveram mais conquistas estaduais. Com a Série B, o Rogério já se credenciava a ser um dos maiores. E com a Copa do Nordeste, chegou a um patamar mais elevado.”

Rogério Ceni ao lado de um troféu de campeão. Empolgante rotina no Ceará

Rogério Ceni ao lado de um troféu de campeão. Empolgante rotina no Ceará

A análise foi feita pelo pesquisador e historiador do Fortaleza, David Barboza, no jornal cearense O Povo.

Ceni foi vice cearense em 2018, quando começava a implantar sua filosofia.

Com uma folha salarial de cerca de R$ 1,6 milhão, o time cearense tem desfrutado das mudanças impostas por Rogério.

“Eu gosto de futebol, gosto de desafios. Me sinto muito bem no Fortaleza. Temos algumas coisas básicas que precisam melhorar. Gosto do grupo de jogadores.

São caras que compram uma ideia, executam. Às vezes, tem mais estrutura, mas não conseguem executar as coisas como pretendem. Aqui, eles compram a ideia. Os caras que eu preciso são os atletas”, disse ontem o treinador, em meio à comemoração inédita do clube cearense.

Foram 25 anos de vivência no São Paulo e Seleção Brasileira. Mais o curso básico de treinador na Inglaterra e o primeiro módulo de aprimoramento como treinador na CBF.

Aprendeu muito com Michael Beale, inglês, que foi seu auxiliar no São Paulo. E hoje trabalha com o ídolo do Liverpool, Steven Gerrard, no Rangers, grande clube escocês.

O espírito de liderança ganhou conhecimento tático.

Ceni com o inglês Beale. Era imaturo e foi sabotado com venda de jogadores

Ceni com o inglês Beale. Era imaturo e foi sabotado com venda de jogadores

Rogério Ceni errou ao assumir, logo no começo de sua trajetória como treinador, o São Paulo. Clube que é o maior ídolo, mas que conta com uma diretoria problemática, sem rumo, inconsistente.

E que tem na figura do inseguro Leco, o presidente, que acumula fracassos desde 2015, quando assumiu no lugar de Carlos Miguel Aidar, que renunciou, depois de denúncias de negociações mal explicadas.

Ceni foi usado como cabo eleitoral de Leco e foi despachado sem dó, depois de o dirigente sabotar seu trabalho vendendo jogadores importantes e que o treinador havia certeza que não sairiam.

Os seis meses como técnico do São Paulo foram lições de tudo o que não fazer. Passou por um período de aprendizado puro.

E só aceitou trabalhar no Fortaleza com a garantia que tudo seria centralizado. Ele comandaria todo o futebol do clube. Inclusive com autonomia para mudar a infraestrutura. 

Tirou os jogadores da companhia dos sócios no Centro de Treinamento. Brigou por alojamentos modernos confortáveis. Mexeu na alimentação, nos móveis do refeitório. Exigiu aparelhos modernos na musculação. Fisiologia, preparação física, medicina, tudo no Fortaleza foi aprimorado pela vivência de Ceni.

O clube é outro desde a sua chegada em 2018.

Todos os jogadores foram contratados ou dispensados por ele.

O resultado é um grupo completamente comprometido com o técnico. Tudo que é treinado à exaustão é exigido nos jogos. Rogério tira tudo que pode de um elenco limitado tecnicamente. Forte para o Nordeste.

Mas abaixo em relação aos dez melhores elencos do país: Palmeiras, Flamengo, Grêmio, Cruzeiro, Internacional, Corinthians, Atlético Mineiro, São Paulo, Athletico Paranaense e Santos.

Seu clube tem menos força política que Fluminense, Vasco, Botafogo, Bahia e Goiás. Sobra o equilíbrio com o Ceará, Chapecoense, Avaí e CSA.

Dentro deste cenário complicado, a grande missão do melhor treinador da história do Fortaleza é conseguir manter o time na Série A do Brasileiro.

Ceni sabe que trabalha no fio da navalha.

Os três títulos foram ótimos.

Gigantesco mosaico no Castelão. Ídolo absoluto da torcida do Fortaleza

Gigantesco mosaico no Castelão. Ídolo absoluto da torcida do Fortaleza

Reprodução/Sportv

Vão atrair mais sócios-torcedores, garantir o Castelão lotado.

Mas segue com um elenco limitado nacionalmente.

Seu comprometimento em ficar no clube até o final de 2019 foi o que pesou para recusar o convite para ser técnico do Atlético Mineiro. 

Com oferta de salário dobrado dos R$ 250 mil que recebe mensalmente, de acordo com a imprensa cearense.

E a suposta garantia de não ter o fantasma do rebaixamento a atormentá-lo.

Disse ‘não’ e supreendeu até mesmo a direção do Fortaleza.

Já foi fã do espanhol  Pep Guardiola, mas se encontrou no alemão Jurgen Klopp. O treinador do Liverpool é absolutamente estudioso, mas entusiasmado pelo futebol. Pelos riscos. Suas equipes se superam taticamente e no espírito vencedor, que impregna seus atletas. 

Uma analogia pobre ousaria juntar Borussia e Fortaleza. A revolução que Klopp fez no clube médio alemão tem várias coincidências com o time cearense.

Ceni se vê mais no futebol objetivo, vibrante ofensivamente do Liverpool, do que as trocas de bola e posição do Manchester City.

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