Poderia ser mais uma matéria para ilustrar a nossa pauta, mas, a manhã desta terça feira (22) teve um diferencial logo ao abrir o portão da residência da criança Benjamim Pussi Gomes, a sua receptividade com um carinho e um amor nos chamou a atenção. Uma criança super especial, porque nela havia algo contido que era sua expressão máxima, na qual chamamos de amor.

Mais uma vez, a reportagem do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA foi acionada para ouvir a VERDADE DOS FATOS, o lado de quem precisava se expressar em forma de desabafo e ao mesmo tempo de um pedido de socorro a todas as autoridades constituídas.

Nos preparativos para a elaboração das perguntas estivemos à frente de uma mulher guerreira que luta pelos seus direitos, mas, ao mesmo tempo constatamos uma Mãe frágil, emocionada, machucada e em prantos pelo que fizeram com o seu filho e principalmente com este ser que tivemos o prazer de conhecer e, que a todo momento exalava o seu normal, com educação, gentileza e amor. Acompanhe a entrevista com a Mãe, Daniele F. Pussi Gomes, genitora de Benjamim Pussi Gomes a criança autista que teria sofrido maus tratos por parte de uma professa em uma escola municipal do bairro Maracá, zona norte de Marília.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Daniele como é ser Mãe de uma criança autista ?

A MÃE DANIELE : A gente não pode romantizar né, mas, é um pouco difícil a luta no dia a dia com eles, mas, tem muita coisa boa que eles nos ensinam como eu falei na reunião; Eu era uma pessoa muito explosiva e nestes seis anos eu aprendi muito a me controlar. É difícil o dia a dia, ele é hiperativo, tem a questão da medicação. Eu parei a minha vida para cuidar dele, nem sei o que é trabalhar mais ( neste momento se emociona e chora ). Eu não sei o que é sair, eu parei a minha vida, mas eu não me arrependo. Deus foi tão certeiro comigo que me deu o melhor presente que eu poderia ganhar, que me transformou por dentro. É o amor da minha vida…

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA : Em algum momento tentaram abafar o caso para não ganhar repercussão ?

MÃE DANIELE : Me pediram prá não levar a história adiante e que iriam resolver o problema. Eu na hora falei; “mas, eu preciso que vocês resolvam essa situação. Perguntei a eles que tirando o me filho da sala de aula não iria resolver, sendo que o problema não era ele, era a professora. Foi então quando a Diretora falou que iria falar com a secretaria da educação para dar uma solução. Então ela ficou de trocar ele de sala de aula, embora eu acho que não seja o correto, mas… No entanto, pediram prá não levar ele durante a semana que era período de provas, para não prejudicar as outras crianças e enquanto isso trocariam a professora. Era pra ele voltar na segunda feira, mas, a história mudou e eles alegaram que haveria uma reunião e pediram novamente pra ele ficar em casa em mais uma semana. Foi quando eu me revoltei e disse que não era nem para a professora estar na escola, e eles mudaram o discurso e pediram para que voltasse na quarta feira. Apesar de nervosa, eu aguardei e acabei me silenciando também a semana passada”, relatou.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Bom, houve a reunião e o que aconteceu afinal ?

MÃE DANIELE : Eu não participei, porque meus dois outros filhos amanheceram doentes e eu precisei levar no posto. No entanto, uma outra mãe se dispôs a estar na reunião e me informar sobre o conteúdo dela. Para minha surpresa, esta professora acabou inventando uma outra versão para o ocorrido e chegou ainda a citar; “É por isso que eu não quero ter filhos. Eu tenho um problema na perna e não quero ter um filho deficiente”. Isto é discriminação e preconceito e está tudo gravado. Inclusive tem uma mãe, amiga da professora, que foi a favor dela e ainda falou; “Mas professora não e senhora que tem que sair da sala, é o problema, se referindo ao meu filho”. A professora ainda respondeu com uma frase pesada, apontando para o canto da sala onde existe um colchão, dando a entender que o local do problema era ali naquela cantinho, para dormir…

JORNAL DO ÔNIBUS : Como você tomou ciência do ocorrido, e o que você fez ?

MÃE DANIELE : Bom a coisa tinha tomado uma proporção maior do que eu imaginava, e quando eu fiquei sabendo, eu fui até lá pra conversar com a professora e olhar no olho dela e ver se ela ia ter a coragem de falar pra mim o que falou do meu filho. Ela não estava na sala, então eu tomei a iniciativa de falar com os pais dos outros alunos. Apesar da minha timidez, consegui me soltar e falar com os eles. Eu vou falar uma verdade, meu filho pode até ter jogado água na coleguinha como toda a criança faz, mas, eu garanto que não foi por mal, mas NADA JUSTIFICA O QUE ESTA PROFESSORA FEZ.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Então vamos lá, o que realmente aconteceu ?

MÃE DANIELE : Eu fui pegar ele na escola, e ele estava molhado, Foi então, quando questionei a cuidadora e ela abaixou a cabeça e nada respondeu. Porque não me comunicaram nada ??? Eu ainda brinquei com ele; “Filho você sabe beber água, porquê você está todo molhado ? A única informação que me foi passada é que ele teria sofrido uma convulsão. Eles me perguntaram se ele tinha crises, eu disse que sim, mas, estranhei porque fazia um ano que ele não tinha mais crises. Eu ainda comentei com a cuidadora; “vou ficar alerta e avisar a médica dele, porque as vezes precisa trocar a medicação. Ocorre que, na hora que eu peguei ele, ninguém me falou o que tinha acontecido e que ele havia sido preso em um banheiro.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Como assim ? você consegue descrever ? como você vê isto ?

MÃE DANIELLE : Para mim, é uma pessoa que não tem amor. Ela simplesmente pegou meu filho pelo braço, e após jogar água nele o arrastou até o banheiro e o trancou lá. As pessoas ouviam gritos e isto teria provocado a crise convulsiva nele. Ela foi preconceituosa e despreparada para lidar com a situação. Pra mim foi uma crueldade, uma pessoa má por fazer isto com uma criança e o pior com uma criança especial. É o tal do preconceito. A amiga dela ainda falou, mas, ´e impossível, pois ela está na rede ha 24 anos. Eu simplesmente respondi ; “Quem me garante que ela não fez com outras crianças ? A minha sorte foi o amiguinho que quis levar pra frente e falou tudo como aconteceu. Senão eu não estaria sabendo de nada e ninguém estaria comentando.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Você já ouviu alguma reclamação do Benjamim na escola ??? Você pode falar pra mim o histórico dele ?

MÃE DANIELE : Eu não posso citar o nome de uma cuidadora que já cuidou dele e que falou; ” é mentira dela, dava pra se ouvir os gritos da professora”. Então eu reafirmo; “pode ter ocorrido com outras crianças, só que não houve alguém para denunciar como agora”. Eu tenho um print de um cuidadora que mencionou que acontece cada coisa naquela escola, só que elas não podem falar.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Já sabendo que ela foi afastada pela ouvidoria, o que você como Mãe espera ainda da secretaria municipal de educação consequentemente do Chefe do poder executivo ?

MÃE DANIELLE : Eu espero que ocorra muito mais do que isto. Eu espero que ela seja punida exemplarmente conforme a lei. Somente afastar e transferir para outra escola não é medida punitiva. Este descaso não pode passar em branco.

JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA : Você lavrou um boletim de ocorrências ou procurou outros órgãos para se orientar sobre seus direitos ?

MÃE DANIELLE : Eu fiz um boletim de ocorrências com o meu marido e logo na sequência procurei o Ministério Público e o Conselho Tutelar. Eu não ia fazer isto, mas, depois do que a professora falou e esta mãe amiga dela também, eu não vou deixar passar em branco. Eu vou até as últimas instancias. Meu filho tem apenas 6 anos e é o que você está vendo, ele exala amor a todo momento. É injusto o que ela fez, passar em branco e acabar em um simples afastamento e depois a transferência para outra escola.

No final, Daniele nos apresentou um print da própria diretora afirmando que as crianças foram ouvidas e acabaram confirmando o fato descrito inicialmente por apenas um aluno.

Luta de mães de crianças autistas é marcada pela dor do abandono

Durante a entrevista, as lágrimas de uma Mãe nos chamou a atenção para um grave problema não detectado pela nossa sociedade e pelos nossos governantes. Entre o falar e o balbuciar desta mãe heroína, machucada pela dor do que oconteceu com o filho, despertou na REDAÇÃO DO JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA um olhar diferenciado para esta causa. “AS MÃES TAMBÉM PRECISAM SER CUIDADAS”.

Desde 1940, cientistas se debruçam sobre os mistérios que envolvem o Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas ainda não conseguiram explicar como e por que o transtorno acontece. Nesse universo, um outro aspecto desconhecido chama atenção: a batalha das mães de autistas.

Responsável pela pesquisa As dores das mães com filhos com deficiência, a psicóloga Ana Celeste de Araújo Pitiá afirma que essas mulheres acumulam a dor da perda do “filho ideal” e do abandono com a sobrecarga emocional. Especialista em psiquiatria e acompanhamento terapêutico pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, Ana Celeste garante que esse é um cenário que se repete, pois na maioria dos casos são as mulheres que precisam entrar na luta para que as crianças recebam um tratamento digno, deixando as próprias necessidades para trás.

Para a pesquisa, a psicóloga avaliou as experiências de 240 mães, com idades entre 32 e 51 anos, que se dedicam aos cuidados dos filhos especiais e que usam o ODAPP, um aplicativo que conecta famílias de crianças autistas a profissionais da área da saúde. Os resultados do estudo ainda estão em fase de publicação, mas a especialista adianta que identificou “um alto nível de abnegação dessas mães ao voltarem-se mais para os seus filhos, esquecendo-se muitas vezes de si próprias”.

O problema se agrava, observa a pesquisadora, pois o acúmulo de funções e o pouco tempo para si mesmas aumentam a tensão e podem fazer essas mães entrarem em colapso. Tudo, segundo Ana Celeste, pela falta de apoio profissional para lidarem com esse momento. Por isso, a psicóloga alerta sobre a necessidade de programas de apoio psicológico a essas mulheres nas redes públicas de saúde. Ana Celeste afirma que muitas vezes essas mães encontram apoio em ONGs que “não dão conta da demanda”. Para a especialista, “não poderia existir atendimento aos filhos com deficiência sem ter, paralelamente, um cuidado a essas mães”.

Em função do ocorrido, um grupo de Mães já está se reunindo para montar uma pauta de trabalho em favor das mães de autistas. O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, estará acompanhando.

À partir desta matéria, o JORNAL DO ÔNIBUS DE MARILIA, se debruça sobre esta causa e se coloca a disposição das MÃES DE AUTISTAS na busca pelos seus direitos e de apoio a esta luta contempladas por leis municipais, estaduais e federais. Os autistas nada mais são que seres humanos especiais que exalam amor como nosso amiguinho Benjamim, que cobram apenas, amor respeito e atenção.

AUTISMO E EDUCAÇÃO : O que a lei brasileira garante

Autistas são amparados pela Constituição Federal, pela Lei 12.764/2012 (Lei de Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) e pela Lei nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Estatuto da Pessoa com Deficiência) As leis especificas que visam a proteção dos direitos das pessoas com autismo demonstram a preocupação do legislador em potencializar a efetivação dos princípios consagrados pela Constituição Federal: igualdade; dignidade da pessoa humana; garantia da educação para todos; igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Mas acima de tudo, e, principalmente, visam a tão almejada inclusão social do autista. A lei 12.767/12, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, dispõe sobre diretrizes (art. 2º) e direitos (art. 3º) das pessoas autistas. Ela considerou para todos os efeitos legais, autistas pessoas com deficiência. Portanto, estes gozam de todos os direitos relacionados na Lei Brasileira de Inclusão.

Direito à Inclusão Escolar

A escola inclusiva é aquela que abrange o universo de alunos. A Lei 13.146/15, em seu artigo 27, deixou claro que a educação é um direito da pessoa com deficiência, ou seja, não se trata de um favor e tão pouco algo com caráter assistencialista. Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional inclusivo, em todos os níveis de aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.

Sistema Educacional Inclusivo

O sistema educacional inclusivo exige que a escola regular desenvolva ações para que pessoas com deficiência possam exercer seu direito à educação. A ideia é apoiar diversidade entre todos os estudantes, tendo como objetivo eliminar a exclusão social. Os cinco princípios da educação inclusiva são:

• Toda pessoa tem o direito de acesso à educação

• Toda pessoa aprende

• O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular

• O convívio no ambiente escolar comum beneficia todos

• A educação inclusiva diz respeito a todos

O Sistema Educacional Inclusivo é aquele que visa a construção de um sistema que exige que a educação seja vista como um todo e não de forma particularizada. A inclusão não se limita apenas à colocação de um aluno autista na sala de aula de ensino regular. Ele deve ser tratado de forma ampla, verificando e suprindo todas as necessidades, garantindo-se a efetiva educação.

Esse sistema abarca não só o professor, mas também a escola de forma geral: os funcionários, os alunos, material didático, apoio e recursos necessários. Implica em mudanças de conteúdo, abordagens, estrutura e estratégia. Em suma o sistema educacional inclusivo é o conjunto de atividades pedagógicas, administrativas e estruturantes relacionadas à inclusão do aluno autista. Ele compreende também a educação superior e a educação profissional e tecnológica.

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