Está confirmado, o foco da variante Delta do coronavírus se concentra momentaneamente na zona norte de Marília. Embora tenha evoluído sem maiores complicações, segundo a secretaria da saúde, o primeiro caso foi anunciado oficialmente pelo município no dia 13 de agosto, envolvendo um morador da região do bairro Santa Antonieta, zona Norte da cidade.

Mal se recuperamos da informação do segundo caso confirmado na tarde de ontem, de uma menor de apenas 10 anos, cujo atendimento e acompanhamento é realizado pela UBS (Unidade Básica de Saúde ) do bairro Castelo Branco, eis que, na manhã desta quarta feira ( 25), um terceiro caso é confirmado. Trata-se da avó do garoto, segunda vítima contaminada e, de 59 anos de idade. A variante foi confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz, segundo a Prefeitura.

Para piorar o cenário e ligar realmente o sinal de alerta, não se trata de caso importado, ou seja; a doença é autóctone, contraída aqui mesmo no município, pois, nem o neto e tampouco a avó saíram de Marília, nem mantiveram contato com pessoas de fora da cidade. Com isso, fica evidenciado que o vírus mutante está em circulação, principalmente na zona norte.

A assessoria de imprensa da prefeitura, através da secretaria municipal de saúde, divulgou apenas uma nota a respeito do assunto solicitando que a população se previna. Confira;

“A Secretaria Municipal da Saúde alerta a todos que a variante delta está presente no município e reforça os cuidados que a população deve tomar que, aliás, são os mesmos das outras variantes, como o uso de máscara de proteção facial, evitar aglomeração, manter o distanciamento social, trabalhar em locais ventilados e fazer a higienização das mãos com álcool em gel, Além disso, a Secretaria da Saúde reforça a necessidade da população tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, o que aumenta a imunização contra o vírus e reduz significativamente a possibilidade de agravamento do quadro de saúde, caso contraia o vírus”

Variante delta circula com facilidade entre vacinados. ‘Será uma nova pandemia’, diz pesquisador

Cientistas reafirmam que vacinas seguem como única opção farmacológica contra a covid-19, mas importante é reduzir o contágio, com máscaras e distanciamento social

Novos estudos identificaram em laboratório que a variante delta possui grande potencial de contaminação mesmo entre vacinados. Os dados apontam que a nova cepa consegue ser viável em 70,4% de células humanas de vacinados, frente a 17,4% da variante alfa. Pesquisadores reforçam que os imunizantes seguem com alta eficácia para reduzir infecções graves e mortes. Porém, ressaltam que nenhuma vacina é 100% eficaz. Logo, se o vírus consegue circular com intensidade entre vacinados, é possível concluir que, sem controle efetivo da disseminação do novo coronavírus, o número de mortes tende a seguir elevado.

“Resumindo, a variante delta será um grande desafio, uma nova pandemia”, afirma o infectologista e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Alexandre Zavascki. Contudo, o cientista aponta que estudos seguem atestando a eficácia das vacinas, mesmo diante do chamado escape maior da variante delta. “Vacinas protegem do agravamento da covid-19 por qualquer variante. A delta esteve associada com maiores cargas virais considerando a viabilidade em cultura, maior escape vacinal, mas apresentou porcentagem de hospitalização similar à (variante) alpha, confirmando achados prévios. Ou seja, a vacinação completa protege muito de adoecimento grave e de morte. O efeito na transmissão talvez seja menor do que o desejado, mas não é nulo”, completa.

Mesmo com o grande poder de proteção das vacinas, os especialistas seguem com a recomendação de que o vírus precisa circular menos. Para isso, são necessárias medidas não farmacológicas, além da vacinação de mais de 80% da população total. “Medidas de bloqueio da transmissão continuarão necessárias”, alerta o especialista.

Mortes x casos

No Brasil, a redução em relação às mortes diárias por covid-19 prossegue, resultado direto do avanço da vacinação. A média móvel de vítimas diárias está em 765 óbitos a cada um dos últimos sete dias. É o número baixo desde o dia 6 de janeiro. Na última semana, foram notificadas 5.421 mortes por covid no Brasil – a semana com menos vítimas oficialmente registradas desde a última de 2020 (quando grande parte dos serviços de medicina diagnóstica estava na folga de Ano Novo).

Por outro lado, o número médio de casos diários apresenta uma tendência diferente. Depois de indicar queda sustentável entre a segunda quinzena de junho e a segunda semana de agosto, o movimento passou a mostrar leve crescimento. Foram 206.345 novos casos, diante de 198.363 no período anterior.

A reversão da tendência de queda dos casos tem relação com a maior disseminação da variante delta pelo país. Por enquanto, apenas o Rio de Janeiro já declarou a prevalência da nova cepa no estado. A mutação é até 70% mais contagiosa e possui maior resistência às primeiras doses das vacinas em circulação.

Diante disso, completar o esquema vacinal é essencial. Novo estudo, divulgado no dia 23, pela universidade Johns Hopkins (EUA), junta-se aos que apontam a maior circulação da delta entre vacinados e mostra que a cepa também tem maior poder de infecção, embora sem predominância de evoluções para casos graves e óbitos. Em Marília já se ultrapassou a marca de 900 óbitos provocados pela doença.

Covid hoje no Brasil

Os resultados do avanço da vacinação no Brasil seguem positivos. Na última segunda feira (23), foi uma das segundas-feiras com menor número de mortes registradas pela infecção, com 321 vítimas em um período de 24 horas.. Com o acréscimo, são 574.848 os brasileiros que morreram em razão do coronavírus desde o início da pandemia, em março de 2020.

O número de infectados no período também foi relativamente baixo, 13.103 novas infecções, elevando para 20.583.993 o total de contaminados pelo vírus no país, também desde março do ano passado. Os números às segundas-feiras tendem a ser inferiores à realidade, já que existe um represamento de dados devido à menor quantidade de diagnósticos emitidos aos finais de semana. O balanço é informado diariamente pelas secretarias estaduais de Saúde e consolidado pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

Números da covid-19 no Brasil desta segunda-feira (23). Fonte: Conass

No entanto, o número de vacinados no Brasil ainda é pequeno, o que preocupa ainda mais os epidemiologistas. Apenas 27,11% da população receberam as necessárias duas doses de alguma vacina ou a dose única do imunizante da Janssen. Os que já receberam a primeira dose, são 62,88% da população. O agravante do quadro é que, de acordo com o Ministério da Saúde, ao menos 8,5 milhões de brasileiros estão em atraso com a segunda dose.

Na contramão

Enquanto isso, com variações regionais, o poder público segue negligenciando a pandemia. Prefeitos e governadores que antes adotaram medidas para evitar aglomerações, agora retiram completamente as restrições completamente, ignorando sucessivos alertas da ciência para os riscos da variante delta. No Amazonas, por exemplo, a totalidades dos estudantes terá de voltar para as aulas presenciais. Em São Paulo, o governo João Dória anunciou um “libera geral” com o fim dos limites de público e horário para estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes e casas noturnas.

Em Marília segue-se o mesmo o roteiro de antes, ou seja; uma única ação depositada na vacinação, que por sinal não houve nesta quarta feira (24), sem qualquer explicação, embora saibamos que diminuíram a quantidade de doses remetidas aos municípios. No entanto, não existe qualquer tipo de fiscalização no transporte coletivo e as constantes aglomerações. Os barzinhos e restaurantes voltaram a sua rotina de antes da pandemia, em sua maioria sem respeitar as regras de distanciamento.

Resta realmente ao mariliense, simplesmente orar e se prevenir. Se depender de transporte público, contar com a sorte, pois, pelo visto nenhuma outra medida será tomada.

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