sonho da casa própria voltou a ficar mais próximo da realidade. Para quem quer adquirir um imóvel, é hora de aproveitar os cortes nos juros dos financiamentos imobiliários feitos pelos bancos desde junho e a queda de preço do metro quadrado para fechar negócio. Além disso, o número recorde de unidades ofertadas em leilões — com descontos que chegam a 70% em relação ao valor de mercado — amplia as opções de compra. 

Impulsionada pela redução da Selic, a taxa básica de juros da economia, a diminuição dos juros para o crédito imobiliário corrigido pela Taxa Referencial (TR) vem ajudando o mercado a retomar o fôlego. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Acebip) mostram que a quantidade de imóveis financiados em setembro deste ano — 27.200 unidades — foi a maior desde setembro de 2015.

— Depois de um certo marasmo nos últimos quatro anos, agora há muita gente querendo vender imóveis, com flexibilidade para dar descontos. Como a procura ainda não aumentou tanto quanto a oferta, quem quer comprar está com mais poder de barganha nas mãos. E a queda das taxas de juros é algo que não se via há 30 anos — avaliou o vice-presidente do Sindicato da Habitação (Secovi Rio), Leonardo Schneider: — Com a economia voltando a girar, a tendência é que os preços subam daqui a mais um tempo.

Save money for home cost

Uma das novidades no mercado, disponível para contratos assinados com a Caixa Econômica Federal, é o crédito imobiliário corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país — mais juros. O diferencial são as taxas fixas mais baixas do que as praticadas nas linhas com correção pela Taxa Referencial (TR). Por causa disso e da inflação baixa atualmente, essa alternativa vem sendo a escolha de muitos compradores. De acordo com o banco, de 26 de agosto — dia em que começou a operação da nova linha — ao fim de outubro, 9.850 contratos foram firmados nesta modalidade.

Até o fim do ano, o Bradesco também deverá oferecer a um grupo específico de clientes a possibilidade de financiar imóveis com juros atualizados pelo IPCA.

Embora mais vantajoso no momento, esse tipo de crédito pode se tornar arriscado ao longo dos anos, caso a inflação suba muito, alertou a economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV IBRE.

Descontos em leilões e vendas diretas

Os preços em conta são o principal fator de atratividade de imóveis comercializados em leilões e vendas diretas. A crise econômica após o período de auge do mercado imobiliário fez com que muitos compradores ficassem inadimplentes no financiamento. O resultado foi uma retomada recorde das unidades pelos bancos, que as ofertam por valores abaixo da avaliação de mercado.

Em média, os descontos são de 33% para os imóveis ainda ocupados por moradores, e de 24% para os bens vazios, de acordo com um levantamento feito pela plataforma online Resale, especializada em vendas de casas e apartamentos recuperados. Mas é possível encontrar opções com abatimentos de mais de 50% nos sites de bancos e leiloeiros. Somente a Caixa Econômica Federal tem 23.370 imóveis residenciais à venda nesse sistema. O Banco do Brasil, 3.860. Ambas as instituições admitem o pagamento financiado e o uso do FGTS para a quitação da dívida. O Bradesco realiza cerca de 30 leilões por mês, com aproximadamente 500 unidades, e concede 10% de desconto para pagamentos à vista.

Nos leilões, os concorrentes entram em uma disputa pelo imóvel até que alguém o arremate pela maior quantia. Se, após duas sessões, não houver comprador, o bem é colocado para venda direta, com valor fechado. O primeiro disposto a pagá-lo fica com o imóvel.

Como a grande maioria (88%) das unidades ainda está ocupada, o que impede o uso imediato, a compra é mais indicada para investidores, destaca o especialista em mercado imobiliário Marcelo Prata, sócio fundador da Resale. Segundo Patrícia Curvêlo, o prazo médio para desocupação, solicitada judicialmente via liminar, é de 180 dias, embora haja risco de esse tempo se estender.

Estoque alto com novos e usados

O número de lançamentos imobiliários também vem crescendo e já é o maior em cinco anos. Além disso, por causa da crise que deixaram os negócios retraídos até pouco tempo, muitas construtoras ainda estão comercializando casas e apartamentos que restaram no estoque.

A tendência é que o volume de construções aumente em 2020, com a expectativa de retomada de crescimento no setor. De acordo com o economista Alexandre Frickmann, diretor comercial da BAP Administradora de Bens, adquirir um imóvel na planta costuma ser um negócio vantajoso para quem não tem pressa de se mudar. Mas é preciso estudar bem o histórico da construtora.

— É uma aposta que se faz. Por isso, é importante ver a reputação da empresa e checar se ela honra as entregas — aconselhou.

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