Em meio à piora das expectativas, todas têm em comum um forte apelo popular

Menos de uma semana após Paulo Guedes ser cobrado por Jair Bolsonaro, em reunião ministerial, a apresentar resultados positivos na economia, uma série de medidas de aprimoramento da chamada microeconomia — ou seja, que beneficiam grupos específicos, não toda a sociedade — começa a sair do papel.

Outras, como novas linhas de crédito com juros reduzidos, serão apresentadas ainda esta semana. Todas têm em comum um forte apelo popular, o que pode ajudar eleitoralmente o governo em um cenário de piora das expectativas macroeconômicas.

Na noite de domingo, o governo sancionou a lei que deve mais que dobrar o número de beneficiários do programa de tarifa social de energia, que garante desconto de até 65% na conta de luz e isenção da bandeira de escassez hídrica. 

Na segunda-feira, aumentou os limites do Casa Verde e Amarela, para a baixa renda, e editou a medida provisória do Habite Seguro, programa habitacional subsidiado para policiais. Essas medidas têm grande impacto para grupos específicos, em um momento em que a popularidade de Bolsonaro cai.

E ocorrem em meio à piora das expectativas econômicas. O Boletim Focus, apurado pelo Banco Central junto ao mercado financeiro, divulgado ontem, mostra que a previsão do crescimento do PIB em 2022, ano eleitoral, recuou a 1,72%. Há um mês, era de 2,04%.

Já a estimativa para a inflação deste ano atingiu 8%, mais que o dobro do centro da meta do BC, de 3,75%. Segundo fontes do governo, a piora das condições econômicas foi o principal argumento para convencer Bolsonaro a, na última quinta-feira, escrever uma carta de recuo em relação aos ataques que fez ao STF em Sete de Setembro.

Caixa quer baixar juros

Outras medidas virão esta semana. Ontem, o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou, em evento no Palácio do Planalto, que o banco irá anunciar na quinta-feira uma redução da taxa de juros para financiamento da casa própria — apesar de a taxa básica de juros (Selic), hoje em 5,25%, estar em trajetória de alta por causa da inflação.

“A Caixa vai reduzir os juros. Não está aumentando a Selic? Então a Caixa, com o lucro que nunca teve, sem roubar, vai diminuir os juros da casa própria”, afirmou.

A Caixa também deve anunciar, nesta semana, o que Guimarães tem chamado de “maior programa de crédito do mundo”. Segundo fontes do governo, seriam oferecidos empréstimos, com taxas baixas, a todos os 105 milhões de brasileiros com conta no Caixa Tem. Muitos deles, porém, só tiveram relacionamento com o banco na pandemia, para receber o auxílio emergencial ou fazer os saques do FGTS.

Além disso, aumenta a pressão para que o governo amplie por mais dois meses o auxílio emergencial, previsto para terminar em outubro. Isso porque o Auxílio Brasil, substituto turbinado do Bolsa Família, até o momento não avançou no Congresso, não tem fonte de renda no Orçamento e nem mesmo parâmetros econômicos.

Uma das medidas que mais devem afetar as classes mais pobres, contudo, já está garantida: a ampliação da tarifa social de energia, que proporciona descontos de 10% a 65%, dependendo da faixa de consumo.

Com a entrada em vigor em 120 dias, ou seja, já em 2022, ano eleitoral, a conta do subsídio será repassada aos consumidores em 2023.

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