Vacinar-se é um ato necessário para a proteção individual e coletiva. Por meio dele, algumas doenças já foram erradicadas, como a varíola e a poliomielite. E, apesar de nenhuma vacina ser 100% eficaz, hoje a imunização é essencial para prevenir óbitos, casos graves da Covid-19 e para conter a pandemia. 

Quatro vacinas contra a doença já receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil: CoronaVac, vacina do Butantan produzida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, e os imunizantes das empresas AstraZeneca, Pfizer e Janssen; mas somente as três primeiras estão sendo utilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, até o momento.

Vale ressaltar que comparar a eficácia das vacinas e tentar eleger a melhor entre elas pode levar a conclusões enganosas. Isso porque os imunizantes foram desenvolvidos a partir de técnicas diferentes e testados em momentos, locais e em populações com nível de exposição ao vírus diferentes. Houve rigor científico em todos os testes e dados que comprovaram segurança e eficácia.

Ainda assim, a variedade de imunizantes disponíveis costuma causar dúvidas sobre aplicação, armazenamento, tecnologia empregada e intervalo entre as doses. Veja abaixo as diferenças entre as vacinas já aprovadas no país e confira a tabela com os principais dados.

A cidade de Marília vacina os grupos prioritários e a população em geral por faixa etária com imunizantes de três marcas: Pfizer, Astrazeneca e Coronavac. A Coronavac e a Astrazeneca chegaram ao Brasil em janeiro. A Pfizer foi a primeira a receber registro definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A vacina Janssen, da marca Johnson & Johnson, é a única aplicada em dose única e o primeiro lote com 1,5 milhão de doses da vacina da Janssen compradas pelo Ministério da Saúde chegou nesta terça-feira (22) ao Brasil pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos .

O contrato do governo federal com a farmacêutica prevê a entrega de um total de 38 milhões de doses. Em março, quando o contrato foi anunciado, a previsão era a entrega de 16,9 milhões de doses até setembro, e as outras 21,1 milhões de doses até dezembro de 2021. Mas qual é a diferença entre elas? Veja os pontos principais:

Astrazeneca

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Fabricante: A vacina foi produzida pela Universidade de Oxford e pela empresa farmacêutica britânico-sueca Astrazeneca e tem o nome oficial de ChAdOx1 nCoV-19. No Brasil, a vacina é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem parceria com os produtores do imunizante. O ingrediente farmacêutico ativo (IFA) usado no país é produzido pelo laboratório Wuxi Biologics, na China. 

Autorização: Em janeiro, a Astrazeneca teve o uso emergencial aprovado. Em março, a Anvisa concedeu o registro definitivo ao imunizante produzido pela Astrazeneca e pela Fiocruz.

Eficácia: Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina da Oxford/Astrazeneca apresentou 64,2% de eficácia contra a Covid-19 nos estudos clínicos realizados no Brasil. A eficácia do imunizante, de acordo com a situação, varia entre 30,6% e 81,5%.

Componentes: A vacina da AstraZeneca usa um adenovírus comum em chimpanzés. Essa é uma tecnologia que utiliza o chamado “vetor viral”. Esse vírus é modificado e leva para as células do indíviduo vacinado um material genético capaz de produzir uma proteína do Sars-Cov-2, chamada de “S”, de Spike, que é usada pelo coronavírus para invadir as células.

Esse material estranho faz a defesa do corpo começar a produzir defesas para barrar o vírus. Dessa forma, se o coronavírus realmente infectar a pessoa, o corpo já sabe responder de forma rápida e impedir que a pessoa adoeça.

Tempo entre doses: O intervalo entre as duas doses varia entre 8 a 12 semanas. O Ministério da Saúde seguirá o protocolo e irá aplicar a segunda dose após três meses.

Armazenamento: A Astrazeneca é armazenada em temperaturas normais de refrigeração entre 2 °C e 8 °C por pelo menos seis meses, o que facilita transporte e aplicação.

Efeitos colaterais: A aplicação da Astrazeneca foi suspensa em alguns países por apresentar ligação com a formação de coágulos sanguíneos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que é possível, mas ainda não há confirmações. Além desse efeito mais grave e raro, há outros sintomas após a aplicação do imunizante, como dor no braço, dor de cabeça, febre e náuseas.

Variantes e a vacina: Alguns estudos já mostram a eficácia das vacinas contra Covid-19 em relação às novas variantes. O resultado de estudos mostra que a AstraZeneca é 75% eficaz contra a variante do Reino Unido e apresenta uma resposta menor, que ainda não foi divulgada, em relação à mutação sul-africana.

Coronavac

Anvisa conclui triagem do segundo pedido de uso emergencial da CoronaVac |  Jovem Pan

Fabricante: A vacina é produzida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech. A empresa produz outros imunizantes para Hepatite A e B, influenza e caxumba. No Brasil, o Instituto Butantan fechou parceria com o laboratório para importar o ingrediente farmacêutico ativo (IFA) e produzir as doses em São Paulo.

Autorização: A Anvisa autorizou, em janeiro, o uso emergencial da Coronavac produzida pela Sinovac e importada ao Brasil e também do imunizante fabricado pelo Butantan com IFA estrangeiro.

Eficácia: Em estudos realizados no Brasil com profissionais da saúde, a Coronavac mostrou ter uma eficácia geral de 50,38%. Essa porcentagem é medida comparando-se os números entre aqueles que receberam a vacina e os que tomaram placebo. A eficácia para casos leves, em pacientes que precisam receber alguma assistência médica, é de 77,96%.

Componentes: A Coronavac usa uma versão inativada do coronavírus. Durante a produção da vacina, o vírus é multiplicado em células e, depois, é exposto a produtos químicos que inativam ele. No momento em que a vacina é aplicada, o vírus é detectado pelo sistema imunológico, que desenvolve anticorpos. Porém, como o vírus é incapaz de se reproduzir, a pessoa não fica doente.

Tempo entre doses: É indicado que a aplicação da segunda dose ocorra em um intervalo de 14 a 28 dias. Santa Catarina começou a vacinação utilizando o prazo de 21 dias entre as doses, porém, com o atraso de entrega das vacinas pelo Minsitério da Saúde, o Estado aumentou o intervalo para 28 dias.

Armazenamento: A Coronavac é armazenada em temperatura de geladeira, entre 2 °C e 8 °C, o que facilita o armazenamento e a distribuição pelo Brasil..

Efeitos colaterais: Os sintomas relatados por aqueles que participaram dos estudos da Coronavac foram dor e inchaço no local de aplicação da dose, fadiga e dor de cabeça.

Variantes e a vacina: A Coronavac é produzida com o vírus inativado contendo todas as partes. Isso pode gerar uma resposta imune mais abrangente e pode proteger contra as variantes. Segundo dados divulgados pela Sinovac recentemente, o imunizante protege contra as variantes de P.1 (Manaus), P.2 (Rio de Janeiro) e N9. Os testes utilizaram 12 cepas e a vacina mostrou uma variação na eficácia entre 80% e 100%

Pfizer

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Fabricante: A ComiRNAty, conhecida como Pfizer, foi desenvolvida pela empresa alemã BioNtech e produzida pela farmacêutica americana Pfizer.

Autorização: A Pfizer foi a primeira vacina a receber o registro definitivo da Anvisa, em fevereiro.

Eficácia: Segundo estudo divulgado pela fornecedora e desenvolvedora da Pfizer, a vacina apresenta 91,3% de eficácia para evitar o contágio pelo coronavírus por pelo menos seis meses após a aplicação da segunda dose. Além disso, previne em 100% os casos graves.

Componentes: A vacina é densenvolvida com a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA). O imunizante “ensina” as células do corpo a produzir os anticorpos para se defender contra o coronavírus. Diferente dos outros laboratórios, a Pfizer não insere o vírus atenuado ou inativo no organismo de uma pessoa, mas ensina as células a produzirem uma proteína que estimula a resposta imunológica.  

Tempo entre doses: O intervalo recomendado pelos fabricantes da Pfizer e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 21 dias. Porém, Estados Unidos e Alemanha aplicam a segunda dose em 42 dias e, o Reino Unido, em 84. O governo brasileiro recomendou o mesmo intervalo seguido pelo país inglês, usando como base a alta eficácia da vacina depois a primeira dose.

Armazenamento: A orientação inicial era de que a Pfizer precisava ser armazenada em temperaturas entre – 85 °C e -60 °C, o que dificulta a logistíca de distribuição no Brasil. Enquanto ficam armazenadas pelo Ministério da Saúde, as doses são mantidas em – 85 °C. A recomendação era de que ao serem distribuídas para os estados, os frascos deveriam ser mantidos em temperaturas entre -25 °C e -15 °C, por no máximo 14 dias. Agora, a Anvisa autorizou que o imunizante seja conservado em temperatura controlada entre 2 °C e 8 °C por até 31 dias.

Efeitos colaterais: As reações mais comuns são fadiga e cansaço. Alguns pacientes, ao receberem a vacina com a nova tecnologia de RNA mensageiro, apresentaram forte reação alérgica com sintomas que incluem irritação na pele, náuseas, vômitos, dificuldade respiratória e choque hemorrágico. 

Variantes e a vacina: Estudos divulgaram que a Pfizer, além de combater a primeira variante que provoca a Covid-19, é eficaz contra a variante brasileira P.1.

Janssen

EUA autorizam envio de 3 mi de doses da vacina da Janssen ao Brasil -  12/06/2021 - Cotidiano - Folha

Fabricante: A vacina Janssen é produzida pelo laboratório farmcêutico Janssen, um braço da gigante norte-americana Johnson & Johnson.

Autorização: A Anvisa aprovou temporariamente para uso emergencial a vacina Janssen no dia 31 de março. A solicitação foi feita pela empresa no dia 24 de março. O órgão de controle concluiu que a vacina protege contra a forma grave da doença e é eficaz para prevenção da Covid-19 em pacientes adultos (acima de 18 anos).

Eficácia: Segundo a Anvisa, o imunizante apresentou 66,9% de eficácia para casos leves e moderados e 76,7% de eficácia para casos graves, após 14 dias da aplicação. Voluntários do Brasil participaram da fase 3 de estudos do imunizante.

Componentes: A vacina da Janssen é baseada em vetores de adenovírus sorotipo 26 (Ad26), que é um vírus do resfriado comum. O vírus é manipulado em laboratório e carrega parte do código genético do conoravírus para o corpo. Assim que reconhece a ameaça, o corpo aprende a combater o coronavírus

Tempo entre doses: A Janssen é aplicada em dose única. Depois da aplicação da dose, o corpo leva cerca de 14 dias para produzir uma resposta.

Armazenamento: A vacina pode ficar armazenada entre 2°C e 8°C por até três meses. Depois de aberto, o frasco pode ser utilizado em até seis horas.

Efeitos colaterais: Os efeitos mais comuns são dor e vermelhidão no local da aplicação da vacina, dor de cabeça, cansaço, náusea, febre e dor muscular. O risco de causar uma reação alérgica grave é extremamente baixo, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.

O uso da Janssen foi interrompido nos Estados Unidos em 13 de abril porque pacientes relataram surgimento de coágulos sanguíneos. Duas semanas depois, o país retomou a aplicação do imunizante.

Variantes e a vacina: Segundos estudos preliminares divulgados, os efeitos parecem ser um pouco reduzidos contra a variante B.1.351, da África do Sul, e a variante P.1, do Brasil. Apesar de os anticorpos neutralizantes apresentarem redução no efeito, outras formas de proteção do corpo pareceram não sofrer alteração. Além disso, a resposta imune pareceu eficaz contra a variante B.1.1.7, da Grã-Bretanha, e uma variante identificada na Califórnia.

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