No último sábado (3), o cantor Agnaldo Timóteo morreu de Covid-19. Na internet, muitos comentaram o fato de que o artista já tinha sido vacinado com as duas doses. Mas será que dá para pegar o coronavírus mesmo depois de tomar a vacina?

No caso de Agnaldo, o músico deu entrada no hospital no dia 17 de março, dois dias depois de ter tomado a segunda dose. Não tinha passado, portanto, o prazo dado pelos especialistas para o efeito total do imunizante. É possível, ainda, que ele já tivesse contraído a Covid-19 quando recebeu a segunda dose.

De qualquer forma, é correto afirmar que nenhuma vacina previne 100% as chances da pessoa pegar coronavírus. O imunizante serve para prevenir os casos mais graves, ou seja, se a pessoa contrair o vírus, ela deverá sentir apenas sintomas mais leves.

Dá para pegar coronavírus mesmo depois de tomar vacina?

Todo tipo de imunizante leva um tempo para fazer efeito e a segunda dose é para reforçar. No caso da Covid-19, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, disse que a imunidade se dá após 10 dias da segunda aplicação. Mas esse tempo também deve mudar de acordo com cada vacina.

A Astrazeneca, por exemplo, recentemente mudou os resultados da análise inicial e concluiu que 76% dos que recebem a vacina ficam com uma probabilidade muito baixa de contrair qualquer sintoma. “Um extremo secundário chave, na prevenção de doenças graves ou críticas e hospitalização, demonstrou eficácia de 100%. Foram oito casos de Covid-19 grave observados na análise primária com todos do grupo de placebo”, explicou a farmacêutica.

Na Itália foi dada uma explicação um pouco mais detalhada sobre os efeitos da vacina após um médico de Siracusa testar positivo para a doença, mesmo após ter tomado as duas doses.

“Em artigos científicos é claramente relatado que, mesmo em estudos clínicos, as pessoas foram infectadas após a primeira dose precisamente porque a resposta imunológica ainda não é completamente protetora. Só se torna assim após a segunda dose. Esse é um dos motivos para não abandonarmos o comportamento responsável após a vacinação”, disse Franco Locatelli, presidente do Conselho Superior de Saúde da Itália, em entrevista coletiva.

Pelo fato da vacina não evitar 100% que as pessoas peguem a Covid-19, é importante que, mesmo depois de tomá-la, as pessoas mantenham as medidas de isolamento social e o uso de máscara.

Para aliviar as restrições, segundo os especialistas, é necessário uma redução muito drástica no número de mortes de uma porcentagem alta de vacinados.

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Com a vacina cada vez mais próxima de acordo com a faixa de idade, muitas dúvidas surgem. Se eu já tive coronavírus, posso ser vacinado? A técnica do RNA altera o meu código genético? Posso abandonar os protocolos de higiene depois da imunização? A vacina será obrigatória?

A pandemia não tem data para terminar, mas a vacinação já começou, mas ainda existem muitas perguntas em aberto. Depois de vacinado, posso parar com os protocolos de higiene? Se eu já tive coronavírus, posso ser vacinado? Podemos tomar mais de uma vacina? Grávidas serão imunizadas? A vacina será obrigatória?

Abaixo, confira as principais perguntas e respostas sobre a vacina:

  1. Posso parar de usar a máscara e álcool gel após me vacinar?
  2. Quanto tempo após tomar a vacina eu poderei frequentar festas, bares, aglomerações etc?
  3. Quanto tempo após tomar a vacina eu estarei imunizado contra a Covid-19?
  4. As vacinas que utilizam a técnica do RNA alteram meu código genético?
  5. Se já tive Covid-19, devo ser vacinado?
  6. É verdade que a vacina de Oxford não é eficaz em idosos?
  7. Faz mal misturar doses de vacinas diferentes?
  8. Por que quem tem alergia corre risco com a vacina da Pfizer?
  9. A vacinação contra a Covid-19 acabará com o coronavírus?
  10. Um mesmo tipo de vacina funcionará para todas as pessoas?
  11. Não sou grupo de risco, não sei quando serei vacinado pelo SUS. Poderei comprar a vacina em uma clínica particular?
  12. Para quem as vacinas contra a Covid-19 não são indicadas?
  13. A pessoa vacinada pode contrair o vírus e/ou transmitir para outras pessoas?
  14. Posso ser infectado pelo coronavírus ao tomar a vacina?
  15. A vacina será obrigatória?
  16. Quanto tempo durará a proteção da vacina contra a Covid-19 ? Terei que tomá-la todo ano, igual a vacina da gripe?
  17. Quando teremos imunidade de rebanho com a vacinação?
  18. Quais os efeitos colaterais normais das vacinas contra a Covid-19 e quanto tempo eles podem durar?

1 – Posso parar de usar a máscara e álcool em gel após me vacinar?

Não. A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende que precauções contra a transmissão da Covid-19 sejam mantidas mesmo por quem já estiver vacinado. A cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan, disse que, até que as pesquisas sejam conclusivas, todos que tomarem vacinas precisam continuar mantendo o distanciamento, usando máscaras, higienizando as mãos.

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, alertou que as vacinas não significam zero Covid. “Vacinas e [campanhas de] vacinação não resolverão por si só o problema”.

As vacinas candidatas contra Covid-19 em estágio mais avançado precisam de duas doses – e entre uma dose e outra existe um intervalo de semanas. O vírus continuará circulando até termos a cobertura vacinal e isso levará um tempo.

2 – Quanto tempo após tomar a vacina eu poderei voltar a frequentar em festas, bares, aglomerações etc?

O infectologista Jose Geraldo Leite Ribeiro, vice-presidente regional da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que o mais seguro é que estes eventos não ocorram até que pelo menos metade da população seja vacinada.

“As pessoas precisam ter consciência que a vacinação em 2021 não vai conseguir interferir na circulação do vírus e que as que forem vacinadas ainda poderão transmiti-lo. Por isso, mesmo que você seja vacinado em 2021, você terá que manter cuidados, evitar aglomerações, usar máscara etc para não transmitir o vírus a quem não foi vacinado. Ou seja, não será seguro frequentar esses eventos antes de 2022, quando esperamos que mais da metade da população seja imunizada”, explica Ribeiro.

3- Quanto tempo após tomar a vacina eu estarei imunizado contra a Covid-19?

Mesmo após as duas doses da vacina, nosso organismo não gera uma resposta imune imediata.

“A proteção se dá um tempo após a aplicação da segunda dose, e esse tempo varia de acordo com cada vacina. Na maioria delas, a imunidade acontece a partir de dez ou vinte dias após a segunda dose”, afirma Ribeiro.

4 – As vacinas que utilizam a técnica do RNA alteram meu código genético?

Não. A sequência genética humana não é afetada pela técnica do RNA, que é nova e vem sendo usada em vacinas em testes pelo mundo, com bons resultados. Duas vacinas usam essa técnica: a da Moderna e a da Pfizer/BioNTech (veja mais no vídeo abaixo).

O mRNA (RNA mensageiro) leva a mensagem de qual proteína a célula deve produzir. Depois que entrega a mensagem, o mRNA se degrada rapidamente. “O mRNA não permanece e não tem como ele se integrar no nosso DNA ou alterá-lo”, explica Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto Sabin.

5 – Quem já teve Covid deve ser vacinado?

Sim. Especialistas dizem que os dados iniciais indicam que a vacina deve ser aplicada em quem já teve a doença.

A vacina pode oferecer uma imunidade mais duradoura e trazer mais benefícios em relação à nossa imunidade natural.

6 – É verdade que a vacina de Oxford não é eficaz em idosos?

Não é possível afirmar isso. Os dados apresentados no estudo de fase 3 não mostram que a vacina não seja eficaz em pessoas com mais de 55 anos. Pesquisadores explicam que o recrutamento de idosos começou mais tarde que o de adultos mais jovens.

A eficácia não foi avaliada, pois é preciso ter um número suficiente de casos de Covid-19 entre os voluntários para indicar que a vacina está protegendo. Em novembro, um estudo de fase 2 da vacina de Oxford mostrou que ela foi capaz de estimular o sistema imunológico, desencadeando uma resposta forte em idosos, ou seja, com boa imunogenicidade nessa faixa etária. 

7 – Faz mal misturar doses de vacinas diferentes?

Ainda não existem evidências sobre o intercâmbio das vacinas candidatas. A princípio, caso uma vacina exija duas aplicações, a previsão é que você tome as doses do mesmo imunizante. Entretanto, pesquisadores da AstraZeneca (desenvolvedora da vacina de Oxford) vão investigar o uso combinado da sua vacina com a Sputnik V, da Rússia.

Eles disseram que o intercâmbio das vacinas pode aumentar a eficácia da imunização contra o coronavírus.

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, alertou sobre as vacinas diferentes. “É importante saber qual foi a vacina que o cidadão vier a tomar. Há risco de reação adversa grave para quem tomar doses de vacinas diferentes”.

8 – Por que quem tem alergia corre risco com a vacina da Pfizer?

Não é bem assim. Os reguladores britânicos explicaram que qualquer pessoa com histórico de reação alérgica significativa a uma vacina, medicamento ou alimento não deveria tomar a vacina. Isso acontece também com outras vacinas, para outros vírus.

A Pfizer excluiu pessoas com histórico de reações adversas significativas às vacinas ou aos ingredientes de seu imunizante nos testes.

O diretor médico do NHS, o serviço público de saúde britânico, Stephen Powis, disse que “como é comum com as novas vacinas, a MHRA aconselhou, por precaução, que pessoas com histórico significativo de reações alérgicas não recebam esta vacina”.

9 – A vacinação contra a Covid-19 acabará com o coronavírus?

Ainda não se sabe. Em maio, a OMS afirmou que não há como prever quando se o coronavírus irá desaparecer um dia, mesmo com uma vacina.

Porém, ainda que a vacina não seja capaz de fazer o vírus desaparecer, ela será capaz de interromper as cadeias de transmissão e conter a disseminação entre as populações.

A previsão dos cientistas e da própria OMS é que o coronavírus se torne endêmico: à exemplo do que ocorre com o Influenza, que infecta novas pessoas todos os anos, o vírus continuará em circulação infectando aqueles que estiverem suscetíveis à Covid-19.

“É muito difícil prever quando vamos prevalecer sobre o vírus”, disse o diretor de emergências da OMS em maio, Michael Ryan. “E pode ser que isso nunca aconteça. Pode ser que [o coronavírus] nunca desapareça, que se torne endêmico, como outros vírus.”

OMS diz que não dá para prever quando e nem se a Covid-19 vai desaparecer

10 – Um mesmo tipo de vacina funcionará para todas as pessoas?

Não. Além de casos específicos em certos grupos – grávidas, mulheres amamentando e alérgicos, entre outros –, há a questão da faixa etária. Nosso sistema imune muda com a idade; logo, a resposta às vacinas também.

Por isso, uma vacina que seja eficaz e segura em adultos pode não ser para crianças ou idosos, e vice-versa.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), todos estes fatores devem ser levados em conta na hora do governo estruturar um Plano Nacional de Imunização (PNI), prevendo que serão precisos mais de um tipo de vacina.

11 – Não sou grupo de risco, não sei quando serei vacinado pelo SUS. Poderei comprar a vacina em uma clínica particular?

Ainda não há uma previsão de quando as clínicas particulares conseguirão comprar lotes das vacinas contra a Covid-19 que forem aprovadas no Brasil.

Isso porque a orientação dos órgão de saúde nacionais e internacionais é que todas as doses produzidas pelos laboratórios neste primeiro momento sejam direcionadas aos governos, com a finalidade de garantir que as pessoas dos grupos de risco sejam imunizadas o mais breve possível.

Assim, a resposta para esta pergunta dependerá, entre outros fatores, da capacidade de produção e entrega pelas farmacêuticas para atender tanto os governos como as clínicas particulares.

12 – Para quem as vacinas contra a Covid-19 não são indicadas?

Até o momento, apenas a farmacêutica Pfizer desenvolvida em parceria com a BioNtech divulgou a bula da sua vacina contra a Covid-19. O documento informa que grávidas e mulheres que estão amamentando não poderão tomar o seu imunizante.

Laboratório Pzifer divulga bula da vacina contra a Covid-19

Do mesmo modo, as vacinas desenvolvidas pela Moderna e pela Universidade de Oxford não permitiram grávidas entre seus voluntários para os testes de fase 3.

Na Rússia, onde a vacina já começou a ser aplicada em trabalhadores mais expostos ao vírus, pessoas com mais de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, mulheres grávidas ou lactantes não estão sendo imunizados.

Pessoas com histórico significativo de reações alérgicas, à algum alimento, à medicamentos ou à outras vacinas também não deverão receber as vacinas contra a Covid-19 disponíveis até o momento.

13 – A pessoa vacinada pode contrair o vírus e/ou transmitir para outras pessoas?

Estudos já comprovaram que algumas vacinas em estágio final são seguras e eficazes. Agora, cientistas analisam se, além de evitar o desenvolvimento dos sintomas e a morte por Covid-19, as vacinas são capazes de impedir que a pessoa se infecte e transmita o vírus.

“O que sabemos até agora das vacinas que a gente tem resultado de fase 3 é que elas protegeram contra doença, contra sintomas da Covid e tem alguma indicação de que pode também estar protegendo contra doença grave. A gente ainda não sabe se essa vacina protege de infecção”, explica Denise Garrett, vice-presidente do Programa de Epidemiologia do Instituto Sabin.

Com o início da vacinação, cientistas esperam respostas sobre o rumo da pandemia no mundo

Essa resposta virá na fase 4 – quando começa a vigilância pós vacinação em massa. “A gente tem que esperar uma certa porcentagem da população estar imunizada para poder ter um grande impacto na transmissão”, afirma Garrett.

“O desejável é que a proteção fosse contra a infecção e a doença, pois assim a vacinação teria um impacto maior sobre a circulação do vírus. Mesmo assim, neste momento desesperador, o que precisamos é que as pessoas do grupo de risco parem de morrer pela doença, que as taxas de internação e morte diminuam”, complementa Ribeiro.

14 – Posso ser infectado pelo coronavírus ao tomar a vacina?

Não, pois nenhuma vacina em testes contém o vírus vivo.

“A vacina contra a covid-19 é uma ‘vacina morta’, ou seja, são inativadas, não contém o vírus vivo. Portanto, é impossível você ser infectado ao se vacinar”, explica Ribeiro.

15 – A vacina é mesmo obrigatória?

Na prática, as vacinas no Brasil já são ‘obrigatórias’. Em diversos estados e cidades brasileiras, quem quiser matricular filhos em colégios públicos, por exemplo, precisa mostrar cadernetas de vacinação em dia. A necessidade de apresentação de caderneta também é obrigatória para quem quer disputar cargos públicos no Brasil e imunização em dia é ‘condição necessária’ para quem se inscreve no Bolsa Família. Outro exemplo de “obrigatoriedade” é a vacina de febre amarela. Segundo a OMS, 127 países exigem a vacinação contra a doença.

STF decide que a vacina contra o coronavírus é obrigatória

Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a aplicação de medidas restritivas para quem se recusar a se vacinar contra a Covid-19. Eles entenderam que essas medidas são necessárias porque a saúde coletiva não pode ser prejudicada por decisão individual.

Para os ministros, a vacina obrigatória não significa a vacinação forçada da população. Entre as medidas estão a “restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes” e com respeito “à dignidade humana e aos direitos fundamentais das pessoas”.

16 – Quanto tempo durará a proteção da vacina contra a Covid-19 ? Terei que tomá-la todo ano, igual a vacina contra a gripe?

Ainda não é possível saber quanto tempo durará a proteção gerada pelas vacinas.

“Os voluntários que fizeram parte dos testes de fase 3 serão acompanhados durante muitos anos para termos noção da duração da imunidade gerada pela vacina. É impossível dizer, com segurança, neste momento, qual será essa duração. Três anos? Dez anos? É uma resposta que teremos somente com o tempo”, explica Ribeiro.

17 – Quando teremos imunidade de rebanho com a vacinação? Quantos por cento da população precisará ser imunizada?

Para Ribeiro, é imprudente estimar quando e em qual taxa de população vacinada ocorrerá a imunidade de rebanho.

“Há autores que, por meio de modelos matemáticos, estimam que pelo menos 60% da população tem que ser vacinada para gerar imunidade de rebanho, mas é uma estimativa teórica. Eu não assinaria embaixo”, , explica o infectologista da SBIm.

“Geralmente, esse dado só é conhecido depois que se vacina grande parte da população e a acompanha durante 3 ou 4 anos”, diz.

A imunidade de rebanho acontece quando muitas pessoas adquirem anticorpos ou uma resposta imunológica a uma determinada doença infecciosa. O agente patogênico passa a encontrar menos pessoas sem imunidade e encontra dificuldade em se propagar, ou seja a cadeia de transmissão da enfermidade é interrompida.

Outro fator a se considerar é que apenas os grupos de risco serão vacinados em 2021, uma parcela muito pequena da população.

“A vacinação em 2021 não vai interferir na circulação do coronavírus. Além disso, temos que lembrar que nenhuma das vacinas em teste é 100% eficaz. Se uma vacina tem eficácia de 95%, como a da Moderna, por exemplo, quer dizer que a vacina falhou em cinco a cada cem pessoas vacinadas”, completa Ribeiro.

18 – Quais os efeitos colaterais normais das vacinas contra a Covid-19 e quanto tempo eles podem durar?

No geral, as vacinas geraram dor no local da aplicação e vermelhidão.

“As vacinas em testes mostraram, até o momento, apenas eventos adversos leves, como vermelhidão, dor e, às vezes, febre baixa. Apenas a vacina da Pfizer, com 1,8 milhões de doses aplicadas, ocorreram três casos de eventos adversos mais sérios em alérgicos, mas que evoluíram bem”, explica Ribeiro.

DIRETO DA REDAÇÃO COM INFORMAÇÕES DO G1 E MED. E SAÚDE.

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