As eleições de 2020 são as primeiras sem as chamadas coligações de partidos para vereadores. É do que faz seu dia que trata uma eleição municipal. Se no caminho tem luz, lixo, se o trânsito flui quando chove, se na escola tem vaga ou falta professor. E a disputa é decidida na matemática.

Até a eleição passada, os partidos se juntavam em torno de candidatos bem conhecidos, chamados puxadores de voto, e eles acabavam elegendo também candidatos dos outros partidos coligados.

Neste ano de 2020, a regra do jogo mudou. Partidos só podem se juntar para apoiar candidatos à prefeitura. As coligações estão proibidas na eleição proporcional, nesse caso a de vereadores que em Marília ultrapassou a casa dos 320 candidatos.

Imagine um município pequeno, com só quatro partidos e uma Câmara de Vereadores com dez cadeiras. Com o número de votos válidos da eleição, chegamos ao quociente eleitoral, que é a quantidade de votos que um partido precisa ter para conseguir eleger um vereador.

O partido X teve 300 votos válidos. Dividido pelo quociente eleitoral do município, descobrimos o quociente partidário: três. Então, este ano, esse partido irá eleger os três vereadores mais votados da legenda.

Agora, o candidato com muitos votos ainda pode levar com ele outros candidatos, mas apenas do mesmo partido.

Para os cientistas políticos, isso dá uma visão mais clara da cena política na hora de escolher. Antes, o eleitor podia escolher na urna salgadinho e levar chocolate, já que o voto podia eleger um candidato desconhecido, de partido nanico, que não representava suas ideias. Com o fim das coligações, o voto ainda pode puxar outro vereador para a Câmara, mas só do mesmo partido. Se escolho água, levo no máximo água com gás. O voto fica no partido com propostas ou valores em que o eleitor acredita.

O fim da coligação para eleição proporcional favorece com que o voto seja mais fiel ao que pensa o eleitor sobretudo se ele votar no candidato cujo o partido seja vinculado a suas ideias. E se a eleição municipal é a mais próxima da gente, pode também ser questão de cor, de cabelo, de gênero e orientação sexual.

Mas nem sempre quem decide, espelha a população. Mulheres são maioria no eleitorado e só 13% dos eleitos na última eleição municipais. Negras, mais raras ainda. Ficaram com 4,8% das cadeiras de prefeitas, vices ou vereadoras.

O eleitor que procura se ver no candidato e depois no poder se multiplicou na disputa eleitoral das grandes cidades. Um fenômeno que não acontece só no Brasil e pode mudar o equilíbrio e a dinâmica do Legislativo nos próximos anos, segundo analistas.

Onde há diversidade, há democracia, onde há diversidade, há como enxergar o outro com um pouco mais de respeito do que a gente tem feito ultimamente nesse país e no mundo como um todo e é essa a diversidade que nos vai ensinar. A democracia na sua excelência de ser, embora ainda muito distante.

Lembrando que, em Marilia a disputa será por 13 cadeiras com uma média de 24 candidatos por vaga legislativa. Devido ao período de pandemia e o crescente número de abstenções, a expectativa é a de que o quociente eleitoral para 2020 não ultrapasse a casa dos 7.500 votos.

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