Em entrevista as agências de noticias neste domingo (23), a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, diz não estar otimista em relação à capacidade do Brasil de conter a variante originária da Índia, detectada no Maranhão. “Eu não creio [que vamos controlar]. Acho que é só uma questão de tempo e nós vamos descobrir a variante da Índia circulando em outros locais, é muito difícil conter.”

Dalcolmo acredita que, embora o ministério da Saúde esteja tomando medidas adequadas neste momento — como o controle de fronteiras e a testagem em larga escala em São Luís (capital do Maranhão) –, o cancelamento de voos vindo da Índia foi tardio.

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“Eu conheço razoavelmente bem as condições indianas de controle sanitário. É muito precário. Então, quando começou na Índia, ficou óbvio que aquilo iria se disseminar. E era necessário, como eu disse há quase três semanas, ter fechado os voos vindos da Índia.”

A pneumologista acredita que a testagem em massa, de toda forma, será importante para a medição do impacto, mesmo que a variante se espalhe.

“O Ministério da Saúde enviou testes, até uma quantidade grande, que pode testar metade da população de São Luís e de seus arredores. Talvez isso consiga determinar o tamanho do problema do ponto de vista epidemiológico, do impacto, mas não conseguirá controlar a transmissão.”

Terceira onda

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Para a pesquisadora da Fiocruz, uma possível terceira onda se mostra iminente. “Dependendo da taxa de transmissibilidade de uma variante, sem dúvida nenhuma, poderá causar uma situação muito grave no Brasil.”

Ela complementa analisando que o ritmo de vacinação lento poderá comprometer ainda mais a população, sobretudo os jovens que estarão sem nenhuma imunidade neste provável repique. “Sem dúvida nenhuma é um momento de grande preocupação para todos nós”.

O Brasil é o 63º país no ranking global de aplicação de doses da vacina contra Covid-19 na relação a cada 100 habitantes. O país, que iniciou a vacinação há quatro meses, já esteve na 56ª posição desse ranking. 

Entre os países que compõem o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, o país aparece em 10º. Segundo os dados atualizados o Brasil aparece com 29,36 doses aplicadas a cada 100 habitantes.

As vacinas contra a Covid-19 garantem proteção porque previnem a doença, especialmente nas formas graves, reduzindo as chances de morte e internações.

Embora não impeçam o contágio e nem a transmissão do vírus, a vacinação é essencial, já que induz o sistema de defesa do corpo a produzir imunidade contra o coronavírus pela ação de anticorpos específicos, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Prefeitura de SP pede à Anvisa barreiras para conter variante indiana

A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo solicitou à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nesta 6ª feira (21.mai.2021), que sejam feitas barreiras sanitárias nos aeroportos de Congonhas, na capital paulista, e de Cumbica, em Guarulhos.

A medida pretende controlar a chegada de passageiros que possam estar contaminados com a variante B.1.617 do coronavírus, detectada pela primeira vez na Índia.

Em 10 de maio, a OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a variante da Índia tem risco de maior transmissibilidade e características que podem tornar as vacinas menos eficazes. Segundo a organização, a cepa já foi identificada em pelo menos 17 países.

O secretário de Saúde da capital de São Paulo, Edson Aparecido, disse em entrevista que tem uma reunião marcada com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar do tema.

“Os aeroportos são controlados pela Anvisa. A gente vai precisar, aí não é só São Paulo, que haja um esforço coletivo nesse sentido”, disse.

“Quando tivemos a 1ª onda [da pandemia], no início do ano passado, o município inclusive disponibilizou funcionários de saúde para irem aos aeroportos. Para podermos identificar sintomáticos respiratórios”, declarou Aparecido.

O secretário disse ainda que a Prefeitura deve colocar servidores para apoiar a eventual ação da Anvisa nos aeroportos: “Novamente o município coloca à disposição do Ministério da Saúde profissionais aqui da cidade para que possam ajudar a Anvisa nas barreiras sanitárias que eventualmente possam ser organizadas.”

Como o Brasil se prepara para garantir a vacina de covid-19 à população |  Notícias e análises sobre os fatos mais relevantes do Brasil | DW |  11.08.2020

O Estado do Maranhão registrou os primeiros 6 casos de covid-19 no Brasil provocados pela variante B.1.617 do coronavírus, detectada pela primeira vez na Índia. Na 6ª feira da semana passada (15.mai.2021), um paciente indiano, de 54 anos, deu entrada em um hospital da rede privada de São Luís. Ele era tripulante do navio Mv Shangon Da Zhi, ancorado no Estado.

Depois da notificação do 1º caso, outros 14 tripulantes tiveram resultados positivos para testes do coronavírus e 9 tiveram diagnósticos negativos. Em nota, a Secretaria de Saúde do Maranhão disse que foi possível fazer o estudo genômico em 6 infectados, confirmando a presença da cepa indiana. Os outros 8 tinham a carga viral muito baixa e não foi possível fazer.

Os 23 tripulantes estão isolados em cabines individuais, dentro da embarcação. Das pessoas infectadas, 12 estão assintomáticas e 2 com sintomas leves.  Segundo a nota, 1 paciente está fora do navio para receber atendimento de saúde na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

O governo estadual informou no último domingo (17.mai) que foi notificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre os sintomas e a hospitalização do paciente. Um teste já havia confirmado o diagnóstico, mas ainda não havia sido identificada a cepa do coronavírus que causou a doença nos tripulantes.

VOOS RESTRITOS

Em 14 de maio, a Casa Civil da Presidência da República publicou uma portaria que restringe os voos vindos da Índia para o Brasil, exceto os transportadores de carga. A medida busca evitar a propagação da variante do novo coronavírus identificada no país asiático.

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