Associação Brasileira da Indústria de Café já notificou a Anvisa e o Ministério da Agricultura sobre bebidas vendidas como café, mas sem grãos na produção

Os consumidores e amantes de café devem ficar atentos quando forem comprar os pacotes nos mercados de São Paulo. Produtos vendidos como “sabor café” têm chamado a atenção da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). 

A Abic já notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura sobre a comercialização dessas bebidas. De acordo com o órgão, esses produtos podem confundir os consumidores, assim como ocorre com a mistura láctea, que imita o leite. 

Fácil de confundir 

O chamado “café fake” já foi encontrado nas prateleiras de supermercados do interior de São Paulo e do Rio Grande do Sul. A reportagem do JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA já havia divulgado a chegada do falso café aos mercados brasileiros. 

Os pacotes são semelhantes ao dos cafés tradicionais, mas o preço é bem mais acessível. O quilo do “café fake” é de cerca de R$ 32, metade do valor do café verdadeiro, que sofreu aumento de quase 50% recentemente. 

Apenas folhas e cascas na composição 

Diferentemente do tradicional café, se o consumidor não prestar atenção ao comprar, pode levar para casa um produto feito apenas com folhas e cascas de café e de árvores, sem grãos na composição.

“Ele é um produto criado para o povo. Para a população brasileira. Para aquela pessoa que ganha ali o seu salário mínimo e quer continuar tomando o famoso café com leite”, disse ao SBT,  Bruno Camargo, gestor comercial da empresa fabricante.

A Abic, no entanto, não aprova a comercialização.

“Uma alusão a um produto que recentemente teve uma valorização em razão de crises climáticas, demanda global e, naturalmente, subiu de preço, busca enganar o consumidor”, destaca Pavel Cardoso, presidente da associação.

Ele também alerta que “não há qualquer certificação de que ali dentro tenha café”. Para os apreciadores do tradicional café, feito com grãos selecionados, a recomendação é ficar atento à embalagem e conferir os ingredientes antes de comprar. 

Preços do café podem subir de 10% a 20% até março 

A oferta restrita do grão no mercado tem pressionado os custos da indústria. Conforme o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, é possível que até março, com as recorrentes altas na matéria-prima, haja um incremento de 10% a 20% nos preços do café torrado. Diante do cenário, ainda é incerto como será o desempenho do consumo em 2025. 

Em 2024, o consumo de café no Brasil cresceu 1,11%. Porém, a alta nos preços da bebida industrializada, que chegou a 37%, ocorreu principalmente nos dois últimos meses do ano.   

“Diferente de 2024, 2025 começou em um cenário extremamente atípico. Este é o quarto ano de aumento muito expressivo da matéria prima. A cotação da saca de café vem batendo pdfrecorde nas bolsas, então, há uma pressão na indústria que está com preços defasados. Por isso, há necessidade de ajuste de preço. Diria que até março, há espaço para um aumento entre 10% a 20% nos preços”.

Conforme Inácio, no momento, não é possível definir como ficará o consumo de café em 2025, já que vários fatores poderão interferir. Segundo ele, é preciso avaliar como será a safra do grão, cuja colheita inicia entre abril e maio, e também o consumo mundial. Porém, o cenário é apreensivo.  

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