NENHUM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO EM MARÍLIA DIVULGOU, mas aconteceu de FATO. Na última terça-feira (14) na seção de Mobilidade com segurança do JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, o jornalista Sérgio Avelleda destacou sem economias o prefeito de Marília, Vinícius Camarinha, comparando-o ao conhecidíssimo personagem Odorico Paraguaçu, o prefeito de Sucupira pelo jeito incomum de se fazer política.

Como o próprio nome já diz, a coluna retrata a mobilidade urbana como um todo e os dispositivos de segurança para o motorista e para o pedestre, onde o radar se torna um dispositivo importante.

Por reiteradas vezes O JORNAL DO ÔNIBUS DE MARÍLIA, se posicionou a favor dos radares, DESDE QUE, COM ESTUDOS TÉCNICOS comprovados para cada local. Era inadmissível em 25 pontos, apenas 4 com certificação exigida e comprovada, ou seja; foram colocados aleatoriamente se transformando em verdadeiras pegadinhas e a maior indústria gerada pela administração de DANIEL ALONSO, a das multas de trânsito que chegaram a arrecadar mais de 12 milhões de reais.

Uma das maiores reclamações dos marilienses ultrapassando o estacionamento rotativo com a Rizzo Park (quem é o dono?) e perdendo apenas para a Zica, ou melhor, a RIC ambiental, a questão só poderia mesmo se transformar em palanque político.

Após assumir em discurso de campanha, logo nos primeiros dias montou o teatro mediático para cortar simbolicamente os cabos de um radar instalado na avenida Tiradentes, anunciando o fim dos radares da cidade.

Ocorre que, radares existem em toda e qualquer cidade de médio e grande porte, justamente para disciplinar o trânsito, principalmente nas vias de fluxo intenso. Em Marília, algumas vias como Esmeralda, via expressa, avenida Cascata, Brigadeiro e outras se tornam verdadeiras pistas de corridas nos finais de semana, sendo necessário devido ao grande número de acidentes violentos.

Mas o apelo popular falou mais alto, afinal agora vale-se tudo para recuperar a imagem desgastada na gestão de 2013 a 2017, o primeiro mandato que conferiu o título de pior prefeito da cidade de Marília. CONFIRA ABAIXO O TEXTO PUBLICADO por um dos jornais de maior circulação no Brasil.

Sucupira está de volta?

Os mais jovens não conheceram o lendário prefeito Odorico Paraguaçu, seu assessor Dirceu Borboleta, o jagunço arrependido e de fala fina, Zeca Diabo, dentre outros icônicos personagens do saudoso Dias Gomes, que morreu em maio de 1999 vítima de uma imprudência no trânsito de São Paulo.

Para que os leitores mais jovens entendam o contexto deste artigo, vale um pequeno resumo da novela O Bem-Amado, exibida pela TV Globo no início da década de 1970. Sucupira é uma cidade fictícia, no litoral da Bahia, onde um prefeito populista e serviçal da ditadura que governava o País à época decide construir o cemitério, pois, como costumava dizer, era uma vergonha a cidade ser “desapetrechada” de um campo santo.

Concluída a obra, entretanto, uma crise ameaça a popularidade do prefeito: ninguém mais morre na cidade e a inauguração do cemitério nunca consegue ser realizada. Odorico passa, então, a procurar um cadáver para viabilizar a operação de sua maior obra. Até mesmo um boicote a vacinas ele trama. Incrível a atualidade da obra.

Da ficção à realidade

Este início de 2025 marca a posse dos novos prefeitos municipais, gestores diretos da mobilidade urbana. Nesse âmbito, um dos temas mais sensíveis é a segurança viária. Continuamos sendo um dos países do mundo que mais mata no trânsito: enquanto países europeus matam 3, 4 ou 5 pessoas por 100 mil habitantes, nós matamos mais de 16, segundo a OMS, números piores que os do Paquistão ou da Indonésia.

Imagine que você desenvolveu um novo sistema de transporte: eficiente, rápido e atraente. Mas também imagine que ele irá matar mais de 1,2 milhão de pessoas por ano e será a maior causa de óbitos entre adolescentes e jovens.

Ese sistema de transporte irá matar, só no Brasil, mais de 120 pessoas por dia, como se diariamente caísse um avião vitimando todos os ocupantes. Tenho certeza de que ninguém aprovaria sua invenção. Pois é. Esse é o trânsito! E estou certo de que quaquer leitor do Estadão conhece alguém que morreu nele.

Como reduzir as mortes no trânsito?

A literatura e a ciência mostram o caminho para reduzir e até eliminar as mortes no trânsito: políticas de gerenciamento da velocidade, priorização ao transporte público, proteção aos vulneráveis e fiscalização do trânsito.

Um dos pilares do gerenciamento de velocidade é o uso da fiscalização para obrigar os motoristas a cumprirem a legislação. Alguém é contra que se cumpra a lei? Que se obrigue motoristas a obedecerem ao que determina as regras de trânsito?

A cidade de São Paulo, que depois de anos de redução de mortes, volta a apresentar números epidêmicos de óbitos no trânsito. A cidade alcançou a mais expressiva redução de mortes no ano que implantou os radares de controle de velocidade. Cidades como Bogotá, na Colômbia, também colheram números expressivos utilizando a tecnologia como ferramenta para assegurar segurança. Lá, os radares se chamam Câmara Salva Vidas.

Tudo isso é sabido, ressabido, testado e comprovado. Soma-se a isso o fato de que o histórico dos radares mostra que é uma imensa minoria aquela que insiste em não cumprir a legislação e continuar colocando em risco a vida de pedestres, ciclistas, crianças e idosos. Em São Paulo, apenas 5% dos carros respondem por mais da metade das infrações.

Retrocesso

Apesar de tudo isso, o prefeito de Marília (SP), Vinícius Camarinha (PSDB), recém-empossado no cargo, resolveu celebrar, no primeiro dia útil de governo, a morte. Promoveu solenidade festiva, acompanhado de assessores e apoiadores, rompendo com alicates os cabos dos radares que fiscalizavam o trânsito, protegiam os que cumpriam a lei e os vulneráveis.

Tal qual Odorico Paraguaçu, o prefeito de Marília parece buscar cadáveres para inaugurar sua gestão. Como toda ação tem reação, naquele fatídico dia do desligamento das câmeras que salvam vidas, três jovens ficaram gravemente feridos em um sinistro na Avenida Cascata.

Na novela, permitam-me antecipar o final, Odorico morre e ele próprio vem a ser o cadáver que inaugura o cemitério. Na vida real, as mortes virão daqueles que precisam se deslocar nas cidades. Podem ser crianças, idosos, vulneráveis. Pode ser eu, você, um dos seus parentes ou até mesmo o prefeito.

DIRETO DA REDAÇÃO COM INFORMAÇÕES ADICIONAIS DO ESTADÃO

error: Conteúdo protegido por direitos autorais.